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Reciclagem Mediúnica

Reciclagem Mediúnica

22 – Como o Centro Espírita pode ajudar o médium para que as faculdades
nascentes cresçam e desabrochem em frutos?

 

O Centro Espírita necessita estar preparado para oferecer ao médium condições
através de todo um conhecimento, aprendizado, estudo de Mediunidade, a fim de
que, ele entenda o que se passa, aprenda trabalhar a potencialidade no interesse
de que a faculdade se desenvolva em perfeita harmonia.

Será através dos vários cuidados que aprende na “Educação Mediúnica” que
entenderá
os sintomas; controlará (sob sua direção) a manifestação
que entrará em ritmo de equilíbrio; (sem os exageros, gemidos lancinantes,
gritos, contorções, murros, batimentos de pés, mãos, estertores ofegantes ou
quaisquer outros gestos violentos) entender-se-á, não como alguém que
detém a responsabilidade de missão transcendente, mas como humilde servidor;
enfim, desfaz-se da idéia de evidência pessoal, neste ou naquele fenômeno
buscando na manifestação mediúnica de que participe o sentido moral dos fatos e
lições.

 

23 – Como entender a mediunidade nas crianças?

 

Recorde-se que mediunidade é processo consciente que se realiza mente a
mente, Espírito a Espírito incluindo relacionar-se magnética, mental e
moralmente com entidades dos mais variados tipos evolutivos.

Tal consciência, leva Kardec perguntar aos Espíritos na Codificação como
entender ou se ater frente à questão recebendo o seguinte esclarecimento:

“Certamente há inconveniente em se desenvolver a mediunidade das crianças. E
sustento que é muito perigoso. Porque esses organismos frágeis e delicados
seriam muito abalados e sua imaginação infantil muito superexcitada. Assim os
pais prudentes as afastarão dessas idéias, ou pelo menos só lhes falarão a
respeito no tocante às conseqüências morais.”

Em nota acresce o tradutor: “Este é um problema de psicologia infantil que
serve mais uma vez para comprovar a natureza e a atitude científica do
Espiritismo no trato com os problemas psíquicos. Há crianças que revelam
precocemente suas faculdades mediúnicas, mas seria errôneo querer desenvolvê-las
e aplicá-las de maneira sistemática. O que se deve dar às crianças em geral é o
ensino moral do Espiritismo, preparando-as para uma vida bem orientada pelo
conhecimento doutrinário, sem qualquer excitação prematura das faculdades
psíquicas que se desenvolverão no tempo devido. (LM 221-6, tradução de J. H.
Pires)

 

24 – O Centro Espírita e a família podem ajudar?

 

Sem dúvida, unir-se-ão na prece em favor da criança, dos Espíritos que dela
tentam se acercar; passes ministrados por companheiros responsáveis; freqüência
às aulas da Evangelização onde vai assimilando noções doutrinário-evangélicas
compatíveis com sua idade; água fluidificada; orientação aos pais para que
entendendo o que se passa, tenham condições de ajudar; Evangelho no lar,
favorecendo o ambiente em que vivem para ação dos Amigos Espirituais.

 

25 – Se a faculdade mediúnica é intrínseca ao médium, pode este dispor dela a
seu bel prazer?

 

Recorde-se que mediunato reflete compromisso de serviço ativo para
finalidades específicas na encarnação, a exigir desenvolvimento e aplicação a
bem do próximo durante toda a vida do médium. Desse modo, não pode dispor dela
no uso que bem entenda. A faculdade, repita-se, existe no indivíduo por
necessidade própria, como meio ostensivo de servir ao semelhante. O uso implica
em conseqüências.

 

26 – A mediunidade pode ser retirada em determinadas circunstâncias?

 

Não se trata de retirar; é uma faculdade própria do indivíduo. O que pode
acontecer é os Espíritos afastarem-se, ou não mais poderem se servir daquele
médium. Vários fatores levariam a essa situação, por exemplo: o desvios dos fins
em uso indevidos, o médium pelo exercício mediúnico tornar-se orgulhoso,
egoísta, vaidoso; os propósitos ambiciosos fazendo surgir os profissionais da
mediunidade. Frivolidades como ler sorte, traçar prognósticos, adivinhações,
profecias inquietantes, explicações sobre “inimigos” de outras eras enfim, toda
uma aplicação desencorajadora que leva a enfraquecer a coragem, aniquilar a
esperança, nas idéias deterministas de erro, queda ou criminalidade, esquecidos
de que a cada instante temos condições de reformar causas, alterar situações. A
Providência incessantemente oferece oportunidades e possibilidades para
reajuste, armando-nos de recursos dentro e fora de nós.

 

27 – Afastando-se, não poderiam estes Espíritos serem substituídos por
outros? Neste caso como entender a suspensão da Mediunidade?

 

Sim; pelo uso indevido afastar-se-iam aqueles Espíritos comprometidos com o
ideal maior de servir ao semelhante; entretanto, haverá sempre Espíritos prontos
a se comunicar e serão de teor moral idêntico ao uso que o médium faz da
faculdade.

 

28 – A perda, suspensão, afastamento dos Bons Espíritos é sempre punição?

 

Não. Muitas vezes, a interrupção demonstra benevolência, solicitude dos
Espíritos para com o médium por exemplo: a) quando o médium está fisicamente
debilitado e necessita de repouso. (Neste caso não há permissão para que outros
os substituam). B) quando os Espíritos, segundo seus objetivos, precisam ter
certeza da paciência e perseverança do médium. C) quando o médium precisa da
suspensão para perceber que precisa meditar as instruções recebidas e tirar
proveito espiritual delas “(…) Por essa meditação dos nossos ensinos é que
reconheceremos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome,
aos que, na realidade, não passam de amadores de comunicações “. (LM 220, 5.°)

 

29 – Havendo essa perda ou suspensão como pode o médium reconhecer em qual
aspecto se enquadra? Quando há censura, quando benevolência?

 

Basta interrogar sua consciência: qual o uso que faz ou tem feito da sua
faculdade? Qual o bem que dela resulta para os outros? Qual o proveito
que tem tirado para seu crescimento espiritual?

“No exercício mediúnico, portanto, aceitar o ato de servir por lição das mais
altas na escola do mundo.

Lembremo-nos de que assim como a vida possui trabalhadores para todos os
misteres, há médiuns na obra do bem, para execução de tarefas de todos os
feitios.

Nenhum existe maior que o outro.

Nenhum está livre do erro.

Todos no entanto guardam consigo a bendita possibilidade de auxiliar.

Esse tem a palavra que educa; aquele a mão que alivia e aquele outro a pena
que consola. Esse traz a oração que enleva; aquele transporta a mensagem que
reanima e aquele outro mostra a força a restaurar.

Usa pois tuas faculdades mediúnicas como empréstimo da Bondade Divina, para
que o orgulho te não assalte.

E recorda Jesus, o Medianeiro Divino; em circunstância alguma requisitou a
admiração dos maiorais do seu tempo, e sim passou entre os homens, amparando,
compreendendo, ajudando e servindo”.

À Bibliografia original acresça-se:

  • O Livro dos Médiuns – A. Kardec – 221-6; 220-5.°

(Jornal Verdade e Luz Nº 170 de Março de 2000)