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O segredo conhecido

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O processo evolutivo na fase humana se faz em dois campos: no mental/espiritual, pela conscientização das ideias, conceitos e modos de ser próprios de cada um, bem como das escolhas feitas em função das consequências boas ou más dos mesmos; e no aspecto físico, pelo aprimoramento, por mutação genética, das formas e fisiologia do corpo carnal.
Por isso, a forçada busca de autoconhecimento é frustrante, na medida em que ele é fruto do gradativo entendimento dos nossos processos psicológico-emocionais; que por sua vez são devidos à forma pessoal de pensar, que é resultado das experiências vividas e de como foram encaradas.

Cem por cento de nós, encarnados e desencarnados, temos pontos fortes, fracos e médios, resultado da maneira como temos podido ser, em cada uma das muitas facetas que nos compõe o temperamento e a personalidade atual.
Uma questão se impõe aos que querem compreender a evolução intelecto moral: o que penso é minha filosofia de vida, mas se não a ponho em prática, não consigo ampliar nem aprofundar o entendimento em relação a cada detalhe e continuo a ser do mesmo jeito; mas se a prática acontece, acarreta a transformação moral que gostaríamos de ter na vida.

O que penso é minha lei e funciona como tal, porque as leis universais estão em nós e lidamos com elas segundo podemos, dentro das características evolutivas individuais!

Chamamos esse comportamento dicotômico de tripé da rotina e tripé da renovação.
Na reencarnação, os fatos da vida passada ficam na memória inativa, mas as tendências estão presentes, e são notórias. Tenham-se olhos de ver!

Das tendências retomadas devido a circunstâncias dessa vida, vão se fazendo boa parte das nossas opções e caminhos.
Sim, claro que há o presente e sua forte influência familiar, ideológica e social. O que pode alterar para melhor, para pior, anular ou reforçar algumas dessas tendências, que nada mais são que formas de pensar e ser, cultivadas e mantidas desde outras encarnações.

Seja como for, sempre teremos alegrias e tristezas, forças e fraqueza, sucesso e frustrações, porque estamos em evolução e isso significa que nossa compreensão sobre qualquer coisa é limitada, parcial, tendenciosa e muitas vezes preconceituosa. O que não é nenhum demérito, porque a evolução é gradativa e pessoal.

Assim, temos uma espécie de destino traçado, sem data de concretização, pelo qual nosso entendimento sobre a vida, sobre nós mesmos, os outros, as situações, as ideias e os conceitos, vai aumentar e aprofundar no passar do tempo. Esse tempo será mais curto ou mais longo, na medida em que tivermos a mente mais aberta ou mais fechada no orgulho e na prepotência.

A disposição de aprender, reciclar pensamentos e renovar o entendimento facilita esse processo de crescimento pessoal, porque só conseguimos lidar melhor com qualquer situação e conosco mesmos, em proporção a ampliação do entendimento.

Mas claro, não é um entendimento generalizado, global, e sim bem particularizado, referente a algum detalhe da nossa vida. Porém, entender algo melhor, é de alguma forma clarear muitos outros pontos, pois tudo está ligado em nosso psiquismo.

Dizemos que caiu a ficha!

Passar dificuldades e não entender porque, viver situações sem saber por que, impedem a autonomia e nos subjugamos ao que acontece, amarrando a experiência.

Um pouco de entendimento, que sempre implica em descobrir qual a nossa participação nos fatos, muda tudo de figura e renova a vida. Por mínimo que seja o entendimento é uma luz a clarear qualquer situação interna ou externa; e nos deixa ver ângulos, cantos, curvas e detalhes que nos estavam ocultos até então, por causa do modo de “ver” sempre igual.

Fala-se em pessoas iluminadas, cuja conduta é superior a da maioria de nós, e se for isso mesmo, é porque sua maturidade espiritual as fez entender mais profundamente a si mesmas e a humanidade.
O sofrimento que passamos às frustrações, o sucesso fruto do empenho, a tolerância e o respeito às diferenças todas, sejam quais forem, a comunhão com a Natureza… São como que passos em direção ao entendimento. Amadurecem e propiciam a diminuição do orgulho, facilitando que vejamos as coisas por outro prisma.

É o que quis mostrar aos alunos, o professor do filme Sociedade dos poetas mortos.

O entendimento não vem de forma forçada e nem de fora para dentro. Ele nasce por si, de dentro para fora, na hora possível e nos aspectos maturados e prontos para mudar.

Que possamos nos empenhar conosco mesmos, procurando nos aceitar e descobrir como funcionamos; que observemos os outros, sem condenações; que observemos as plantas, os animais e a vida em geral, sentindo e participando, porque o entendimento libertador está por perto e chegará mais rapidamente.