Usamos, de preferência, o adjetivo português sempiterno, em vez de eterno, porque pelos termos bíblicos originais, em grego, “aionios” e “aêon”, e no latim da Vulgata Latina de são Jerônimo, “eternitas”, eles têm o sentido de tempo indeterminado e não de sem fim ou para sempre, como foram traduzidos. Se o significado fosse de tempo sem fim, as palavras apropriadas seriam “olam” em hebraico; “aidios” em grego; e “sempiternus” em latim derivado de “semper” (sempre).
Mas vamos ao assunto principal desta coluna de hoje. Sem exceção, Deus predestinou todos os seus filhos para a glória e a felicidade perenes e para sempre, por todas as eternidades. “Mas a misericórdia de Deus é de eternidade a eternidade.” (Salmo 103: 17). Sim, por tempos ou ciclos indeterminados, iniciando-se outro, logo que um chega ao fim e, assim, indefinidamente. Por isso, podemos chamá-los de tempo sempiterno de felicidades. E toda a criação de Deus é de um sempiterno presente de amor. “Não deixarás minha alma no inferno” (Salmo 15: 10). Ora, se Deus não vai nos deixar no inferno, é porque vamos estar nele ou até já possamos estar, mas o certo é que não vamos ficar nele para sempre! O inferno é, pois, para nós eterno (tempo indefinido), mas não sempiterno (para sempre). Melhor dizendo, o inferno poderá ficar em nós por uns tempos, mas não para sempre, pois o reino de Deus é que, um dia, ficará em nós para sempre, já que o das trevas que está ainda dentro de nós é que é eterno ou passageiro e não sempiterno! Como já dissemos: “Mas a misericórdia de Deus é de eternidade a eternidade.” (Salmo 103: 17), isto é, em todas as eternidades ou em todo o tempo sem fim ou sempiterno presente de Deus, cuja misericórdia jamais cessa, pois é infinita.
Além disso, os nossos pecados ou faltas não fazem mal a Deus, mas aos nossos semelhantes e, por consequência, a nós mesmos que os cometemos. “Se pecas, que mal lhe causas tu?”; “Se as tuas transgressões se multiplicam, que lhe fazes?” (Jó 35: 6); “Se és justo, que lhe dás ou que recebe ele da tua mão?” (Jó 35: 7); e “A tua impiedade só pode fazer mal ao homem como tu mesmo, e a tua justiça dar proveito ao filho do homem.” (Jó 35: 8).
A doutrina da predestinação de Calvino que ensina que Deus criou uma parte dos espíritos para a salvação e outra para a condenação é, pois, um absurdo que não podemos atribuir a Deus que é um ser de perfeição e amor infinitos e que não faz, portanto, acepção de pessoas. “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas.” (Atos 10: 34); e “Deus é amor.” (1 João 4: 8). Ademais, Deus é imutável, não tendo o bem e o mal que fizermos nenhuma influência sobre Ele. E, por ser Ele amor infinito, não discrimina nenhum de seus filhos, e já nos criou todos de fato predestinados, mas para a alegria e a felicidade sempiternas. “Nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos…” (Efésios 1: 5); e “O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno.” “Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira.” (Salmo 103: 8 e 9).
E até ousamos dizer que a doutrina da predestinação é uma blasfêmia contra Deus, já que ela atribui a Ele o absurdo de Ele criar parte de seus filhos predestinados para o sofrimento sempiterno, o que seria totalmente incompatível com seus atributos de misericórdia e amor infinitos!
PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.