Em tempos de tantos problemas sociais, políticos, financeiros, emocionais, não é difícil desejar que um raio parta do céu em direção à Terra e num estrondo venha a transformar todas as coisas, eliminando o que não presta, consertando o que precisa ser arrumado, fazendo o ser humano descobrir aquilo que está em tempo de ser descoberto para o progresso da humanidade.
Ou de forma menos drástica, que desejemos ver o mundo mudar através das mãos dos homens, mais especificamente dos políticos que precisam despertar para o foco de suas obrigações, dos administradores públicos e privados. Enfim, pelas mãos dos outros.
Teorias sobre o amor, a solidariedade, a fraternidade e as virtudes em geral, dentre elas especialmente a honestidade, são fartamente conhecidas de todos. Ninguém pode negar conhecer o bem e o mal, o certo e o errado. E se não soubesse, bastaria que respondesse à pergunta que extrapola os conceitos eminentemente religiosos: desejaria que fosse feito a mim o que faço agora?
Sabemos o que almejamos, temos consciência do que devemos cobrar. Só não percebemos ainda o essencial, aquilo que somente a nós cabe realizar. Esperamos tanto do próximo – educação, respeito, idoneidade moral, contribuição social, doação de si, simpatia, colaboração mútua, sem perceber que o mesmo deve ser esperado da nossa própria conduta.
Quando falamos de conceitos espíritas, falamos de responsabilidade pessoal. Para mudar o mundo que nos desgosta, desconcerta, desqualifica e dificulta a existência, é preciso que cada um faça aquilo que pretende ver realizado. É através do autoconhecimento e da reforma íntima, aquela que mexe com o mais profundo do ser, que as pessoas acabam alterando seus valores para melhor, buscando realizações mais nobres.
Infelizmente, o imediatismo é um hábito humano. Falar que mudaremos o mundo mudando a própria conduta parece uma utopia exatamente por isso, pela sede de acontecimentos imediatos e independentes da nossa vontade e ação. Esquecemos que tudo faz parte de um processo, que o progresso precisa ser gestado para nascer e tudo que envolve a coletividade começa no indivíduo que sou eu, que é você!
Conheça-se. Avalie seus anseios, quebre as barreiras que o limitam, amplie o seu senso sobre o que é direito e correto. Mude para que o mundo mude.
VANIA MUGNATO DE VASCONCELOS