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Entendendo o Criacionismo Bíblico Versus o Evolucionismo

Entendendo o Criacionismo Bíblico Versus o Evolucionismo

O primeiro livro da Bíblia, a Gênese mosaica, traz em seu primeiro capítulo a
história da criação. No capítulo 1, vers. 1 encontramos: “No princípio criou
Deus os céus e a terra”. Já no capítulo 2, vers. 7 podemos observar a criação do
homem: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas
o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”. Ainda no mesmo capítulo 2,
mas nos vers. 21 e 22 encontramos o aparecimento da mulher: “Então o Senhor Deus
fez cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma
das costelas, e fechou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus lhe
tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem”.

Todos já devem ter ouvido, algum dia, esta história bíblica da criação dos
céus, da terra, dos animais, do homem, da mulher, etc. À isto dá-se o nome de
Criacionismo, ou seja, para toda criação houve um Criador, e Este seria Deus.

Até o século 19, o ocidente tinha o relato bíblico como a única explicação
para o surgimento do planeta e de tudo que há nele, apesar de que na época, já
haviam ocorrido algumas manifestações contrárias a esta forma de pensar, mas
poucos tinham coragem de ir contra a influência da Igreja Romana.

Em 1859, o inglês Charles Darwin publicou o livro “A origem das espécies”.
Antes dele, como foi dito anteriormente, outros cientistas já haviam sugerido
que os seres vivos mudam ao longo do tempo. Mas Darwin, que fez observações de
fósseis, plantas e animais durante uma viagem ao redor do mundo, foi o primeiro
a propor uma explicação lógica para a evolução. Nascia aí uma visão científica
do aparecimento do homem e de todos os animais: o Evolucionismo.

Segundo Darwin, os seres vivos evoluíram ao longo dos anos dando origem ao
homem, aos animais e às plantas que observamos no meio ambiente. Disso decorre
que as espécies mais bem adaptadas às mudanças do ambiente sobreviveriam e
transmitiriam para os descendentes esta melhor adaptação. Enquanto que as
espécies que não obtiveram esta adaptação foram desaparecendo. É por isso que
até hoje encontramos fósseis de animais que viveram a milhares ou a milhões de
anos atrás.

Pode-se, a partir daí, perceber o embate que apareceu entre Criacionismo e
Evolucionismo. De um lado, religiosos classificando os cientistas de hereges. De
outro, toda uma comunidade científica se aprofundando sobre a questão da
formação do Universo, do planeta Terra e dos seres vivos.

Para alguns teólogos, o planeta teria em torno de 6500 anos. Para os
cientistas, a média seria de 5 bilhões de anos. Hoje não há dúvida sobre esta
datação. As técnicas radiológicas, que usam a chamada meia-vida dos elementos
radioativos, mostram-nos que é impossível uma idade tão curta para o planeta
como querem afirmar os Criacionistas.

A igreja Católica, depois de relutar tanto com os cientistas, já aceita a
evolução das espécies como verdade irrefutável. A mesma Igreja que outrora
combateu o Evolucionismo de Darwin, hoje prega que a história bíblica da criação
é uma alegoria que deve ser discernida pelas luzes da Ciência.

O Espiritismo desde sua fundação com o lançamento de “O livro dos Espíritos”
já demonstrava uma posição evolucionista, sem para isso tirar Deus da temática
da Criação.

A igreja Católica de hoje e o Espiritismo possuem um posicionamento bem
semelhante quanto à formação do Universo. As duas correntes religiosas aceitam
as descobertas científicas, mas não aceitam o aparecimento de tudo como obra do
acaso.

Nós espíritas sabemos que Deus é o princípio de tudo, mas nem por isso
precisa derrogar Suas Leis e criar tudo como um passe de mágica. Se assim fosse,
Deus não seria Deus, seria um mandraque que através de uma palavra criaria tudo
que existe no Universo e no planeta Terra. Temos a convicção de que a Ciência
tem feito seu papel ao desvendar como se originou a vida no planeta. A evolução
é um fato, e contra fatos não existem argumentos.

O que nos impressiona hoje, apesar de todo avanço tecnológico, é que existem
pessoas que não abrem mão de acreditar no Criacionismo bíblico conforme
encontramos literalmente na Gênese mosaica. Está incluída neste grupo a maioria
das denominações protestantes. Há inclusive um forte movimento nos EUA que tenta
abolir o ensino da Evolução nas escolas americanas. No Aquário da Flórida, na
cidade de Tampa, não há aquela arvorezinha do tempo mostrando a escala evolutiva
dos animais ali expostos. A direção do Aquário informa que visitantes americanos
que defendem o Criacionismo bíblico se sentem insultados com a escala evolutiva.
É uma questão político-religiosa, explica a direção do Aquário.

Se fizermos uma análise destes criacionistas bíblicos, chegamos à conclusão
que para os que encaram a Bíblia como um livro infalível, não há como aceitar a
história da Criação como uma alegoria, levando em conta o contexto
histórico-cultural do povo hebreu. Se assim eles fizerem, terão também de
aceitar outras passagens como ficção ou entender que aquilo fazia parte do
costume de um povo. Sendo assim, eles teriam que concordar que a proibição de
Moisés em não consultar os mortos é na verdade uma mensagem de acautelamento com
as comunicações mediúnicas, e não obra de feiticeiro, como muitos teimam em nos
atacar. Quando alguém é mergulhado anos numa cultura religiosa, sendo
bombardeado com informações de que a Bíblia é a palavra de Deus e tudo que está
literalmente escrito é verdade pura e absoluta, dificilmente aceitará as
conclusões das pesquisas científicas.

Hoje percebemos pelos avanços tecnológicos que não é possível conciliar a
Bíblia levada ao pé da letra com a Ciência. Talvez seja por isso que dentro de
famílias religiosas tradicionais tenham saído muitos incrédulos e céticos. Agora
mais do que nunca é necessário que estas Religiões mais tradicionais repensem
sobre o que está sendo pregado aos seus jovens para que não tenham que sofrer
uma reforma na base da força.

O Espiritismo, muito pelo contrário, está lado a lado com a Ciência seguindo
a orientação de Kardec: “Ou o Espiritismo caminha com a Ciência, ou não
sobreviverá”. Não podemos esquecer que as descobertas científicas também vêm de
Deus, pois nada é revelado ao homem sem que antes seja aprovado pela
Espiritualidade Superior. O problema é que, infelizmente, por causa do
livre-arbítrio, nós seres humanos utilizamos para o mal aquilo que foi criado
primariamente para o bem. Mas isso é uma outra história e que fica para uma
outra vez…

Autor: Anderson Luiz da Silva
Membro da União Espírita Beneficente Jesus, Maria e José.