A Obra Codificada nos dá roteiro seguro para identificarmos o que procede da
vontade soberanamente sábia de Deus. Na questão 12 da primeira parte de “Obras Póstumas”
de Allan Kardec encontramos:
“O homem tem um farol para a procura do desconhecido: são os atributos de Deus.
Uma vez admitido que Deus não pode deixar de ser eterno, imutável, imaterial, uno,
onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as suas perfeições, todo
a doutrina ou teoria, científica ou religiosa, que deprimir, ainda infinitesimalmente,
qualquer daqueles predicados, é necessariamente falsa, pois tende à negação do próprio
Deus”.
Assim, de acordo com o ensinamento de Kardec, tudo quanto arranhar os conceitos
de bondade, justiça e perfeição de Deus, deve ser considerado falso.
Partindo desse pressuposto, passemos à leitura da Bíblia.
Em Gênesis II, 6, está:
“Então se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra e isso lhe pesou
no coração”.
Deus, infinitamente sábio poderia errar, para depois arrepender-se? Claro que
não, logo essa afirmação é falsa, segundo o Espiritismo.
Deus, infinitamente justo, daria ordens para despojar (roubar, furtar) alguém?
Certamente não. Mas em Êxodo III, 22, está a triste estória do saque sobre os egípcios,
a mando de Deus, segundo a Bíblia.
Deus, na sua bondade infinita seria capaz de considerar imunda a mulher par haver
dado à luz os filhos? Pois essa descaridade bárbara está noticiada no capitulo XXIII
de Levítico. Deus seria capaz de pedir o auxílio de um espírito, paro espalhar mentiras?
Pois a Bíblia diz que sim. Está em I Reis no Capítulo XXII.
Seria um desfiar quase infindável de passagens bíblicas, onde o Senhor é visto
matando, irando-se, ordenando saques e, até mesmo, impedindo que pessoas defeituosas
penetrassem no templo. Isso seriam atos de amor, de justiça ou morais? Certamente
não, o que nos leva, segundo o ensinamento de Kardec, a ter essa fonte como completamente
estranha aos preceitos divinos.
Se, por algum motivo fossemos levados a aceitar um principio científico, filosófico
ou religioso, que os avanços do conhecimento viessem a demonstrar equivocados, o
Codificador nos aponta o caminho a seguir nas mesmas “Obras Póstumas”, no último
capítulo que trata dos “Princípios Fundamentais da Doutrina Espírita” onde ensina:
“O Espiritismo, caminhando com o progresso, nunca ficará na retaguarda, porque
se novos descobrimentos demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se
modificará nesse ponto. Se uma nova verdade surgir, ele a deverá acolher”.
Pelo que foi dito, temos a Bíblia como livro da lavra humana, cheia de belos
ensinamentos e ricas informações, mas com falências que desmentem a sua feitura
Divina.