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A Prática do Bem

A Prática do Bem

“Haverá quem, pela sua posição, não tenha possibilidade de fazer o Bem?”
“Não há quem não possa fazer o Bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o
praticar. Basta que se esteja em relações com outros homens para que se tenha
ocasião de fazer o Bem, e não há dia da existência que não ofereça, a quem não
se ache cego pelo egoísmo, oportunidade de praticá-lo. Porque, fazer o Bem não
consiste, para o homem, apenas em ser caridoso, mas em ser útil, na medida do
possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário”
(resposta dada à questão número 643 de O Livro dos Espíritos, a obra basilar
da Doutrina Espírita, 75ª edição, FEB, 1994, página 3l3).

Como é verdadeiro o conteúdo do texto antes reproduzido!

Com efeito, todos estamos em condições de fazer o Bem, nada importando que
sejamos brancos, negros, amarelos ou vermelhos; pobres, miseráveis ou ricos;
investidos de poder temporal ou não; intelectuais ou sem nenhum estudo, etc.

E fazer o Bem, ao contrário do que à primeira vista possa parecer, não é
somente doar um pedaço de pão a quem tem fome, um par de sapatos a quem está
descalço, um agasalho a quem não tem onde se abrigar ou, como é mais comum,
repassar algum dinheiro para as necessidades mais urgentes de outrem, conquanto
tudo isso seja excelente e deveras importante, servindo também, no mínimo, de
treinamento para o desapego dos bens materiais, que ninguém levará para o outro
lado da vida, a vida espiritual, de onde todos proviemos e para onde todos
retornaremos, e, simultaneamente, valendo como exercício da caridade que, no
dizer do apóstolo Paulo de Tarso, “é o amor em ação”.

Fazer o Bem é ser útil, na medida do possível; é doar-se, doando um pouco do
seu tempo, da atenção, do carinho, da amizade, do respeito, da compreensão, do
amor…

E todos, sem exceção, podemos ser úteis, doando-nos, como, por exemplo,
quando ouvimos com atenção e interesse o interlocutor aflito, desejoso de
conhecer outra opinião ou, pelo menos, de desabafar, aliviando-se da angústia ou
da ansiedade.

Por igual, quando conseguimos impor silêncio à tentação de reclamar, o que
seguramente aumentaria a confusão, pacificando quanto possível o ambiente em que
nos encontramos, optando pelo entendimento, sempre.

Também podemos ser úteis no dia-a-dia, nas mínimas coisas, prestando
informação correta a quem não seja da cidade; auxiliando um cego a atravessar a
rua; visitando um doente que esteja hospitalizado, levando-lhe uma palavra de
esperança; oferecendo-nos para a realização de trabalhos diversos, nos mais
variados campos, sem esperar pela convocação; trabalhando, enfim, com capricho
em tudo o que fizermos, nas tarefas simples ou nas complexas, cumprindo por esse
modo a nossa parte e contribuindo para a harmonia e o equilíbrio das relações
sociais, uma vez que vivemos em regime de interdependência, vale dizer,
dependemos uns dos outros.

E, que não se perca de vista, “toda ocupação útil é trabalho”, como
bem o define a veneranda Doutrina Espírita (questão 675 de O Livro dos
Espíritos), que, com ênfase, nos ensina: “O mérito do Bem está na dificuldade
em praticá-lo. Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esforço e quando nada custe.
Em melhor conta tem Deus o pobre que divide com outro o seu único pedaço de pão,
do que o rico que apenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus, a propósito do
óbolo da viúva”
(questão 646 da mesma obra básica), alertando-nos,
igualmente, que devemos fazer o Bem no limite de nossas forças, porquanto
responderemos por todo mal que haja resultado de não termos praticado o Bem

(questão 642 de O Livro dos Espíritos), ficando claro, assim, que não basta
deixar de praticar o mal.

Não praticar o mal, portanto, é um bom começo, mas não é por si suficiente.
Não basta.

É preciso, é absolutamente indispensável, que haja a prática do Bem. E, a
despeito das aparências em contrário, só o Bem é real e permanente!

 

Não praticar o mal, portanto, é um bom começo, mas não é por si
suficiente. Não basta.

 

(Jornal Mundo Espírita de Junho de 1998)