Espiritismo é ou não uma religião? Essa questão tem, frequentemente,
suscitado contendas entre espíritas e não espíritas.
Para chegarmos a uma conclusão, é interessante conceituarmos a Doutrina
Espírita do seguinte modo:
“Espiritismo é uma doutrina espiritualista de contextura filosófica e
embasamento científico de conseqüências morais capazes de conduzir a uma
vivência religiosa”.
Doutrina espiritualista
Por sustentar a crença na existência paramaterial do homem, o espiritismo é
doutrina espiritualista assim como o catolicismo, o protestantismo e suas
ramificações, as religiões orientalistas e tantas outras expressões.
Contextura filosófica
A Doutrina Espírita leva o adepto a exercer a razão crítica, a ponderar com
bom senso, discutir, questionar, discernir o que lhe é proposto. E aqui já passa
a haver uma diferença em relação às outras religiões, normalmente, fundamentadas
em dogmas inquestionáveis e indiscutíveis.
Embasamento científico
De acordo com Allan Kardec, o Espiritismo apóia-se sobre consistente
embasamento científico. Sua mensagem suporta a investigação e o contexto de suas
revelações não choca com os postulados da ciência contemporânea, em seus mais
variados campos de estudo.
Conseqüências morais
O Espiritismo estabelece no indivíduo, através de sua mensagem e práticas, as
conseqüências morais capazes de elevá-lo e libertá-lo, uma vez que
seu conteúdo doutrinário aponta para um comportamento ideal, tendo em
Jesus o modelo excelso de amor e moralidade.
Religião: postura ou prática?
Com essa linha de pensamento, podemos questionar: “Seria a religião, em seu
aspecto mais amplo —que é o de re-ligar a criatura ao Criador— uma
postura interior, ou uma prática”?
Ou seja, a religião, como agente de transformação moral, tem sua eficiência na
postura, na conduta do indivíduo, ou meramente na prática de cerimônias
circunstanciais?
Entendendo o conceito de religião
Devemos ter em mente, conforme os próprios espíritos superiores orientam, que
toda expressão religiosa, quando vivida com sinceridade e inteligência, é
um meio seguro para a elevação do homem. Passemos, assim, a analisar a religião,
conforme o conceito clássico vigente para a maioria das pessoas.
Conceito clássico de religião (Externo)
- Sacerdócio hierarquizado profissional
- Rituais (como forma de suposta aceleração de aquisições de favores
divinos) - Paramentos
- Símbolos e fórmulas
- Dogmas (imposição sistemática de idéia indiscutível)
- Sacramentos
Estas seriam algumas características determinantes do sentido de religião, no
conceito clássico.
O entendimento espírita sobre o que é religião
A Doutrina Espírita propõe-nos uma nova ótica para o entendimento do
significado de religião. Este entendimento é estritamente interno (no
íntimo do ser) e estas seriam algumas de suas características:
Conceito Interno de religião
- Definição ideológica permanente de Deus (como sendo a Inteligência Suprema
do Universo e não um ser antropomórfico indefinível e misterioso) - Identificação e definição permanente do homem (o princípio inteligente do
universo) - Progresso interminável do homem (evolução)
- O homem não retrograda em sua marcha evolutiva
- Ideal de moralidade absoluta (a ser alcançado no esforço continuado)
Desse modo, concluiu-se que a Doutrina Espírita convida-nos para uma evolução
da idéia do sentido religioso, ao propor o conceito interno, elaborado e
vivenciado na intimidade da alma do homem, “em espírito e verdade”, como ensinou
Jesus.
Conclusão
E o mais interessante: Jesus unicamente divulgou os conceitos internos de
religião, pois, para se alcançar o reino dos céus, conforme ensinava o
Mestre, o essencial é aquinhoar o cabedal moral necessário, construído,
interiormente, durante nossa existência na Terra.