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Evite a lamentação

Evite a lamentação

Este é o título do capítulo 20 do excelente livro intitulado “Para uso diário”,
ditado pelo Espírito Joanes através do médium psicógrafo J. Raul Teixeira e publicado
pela Editora Fráter Livros Espíritas, cujo texto pode ser encontrado nas páginas
111 e 112 da 1ª edição, que veio a lume em 1999.

Está dito no primeiro parágrafo que “Cada dia novo que o Senhor lhe oferta
é bênção de incalculável valor, na trilha de sua nova reencarnação”
(página
111), como de fato é mesmo, bastando que observemos, para se chegar a esta conclusão,
que ninguém pode garantir que amanhã, por exemplo, estará vivo, na carne. Que estaremos
vivos amanhã, ainda que fora do corpo físico, não resta a menor dúvida, porquanto
todos nós, Espíritos, encarnados ou não, uma vez criados por Deus (nosso Pai Celestial,
criador de todas as coisas e inteligência suprema do Universo), passamos a ser imortais
e, portanto, viveremos por toda a eternidade.

E, por outro lado, a bênção é de incalculável valor, realmente, uma vez que teremos
novas 24 horas pela frente, segundo a contagem humana do tempo, que nos permitirão
múltiplas oportunidades e atividades, como, apenas para exemplificar, a de ser úteis,
cumprindo as nossas obrigações, desempenhando a nossa tarefa com capricho, com esmero,
seja ela qual for, contribuindo por esse modo para o equilíbrio das relações humanas,
sem falar que, nestas mesmas 24 horas, poderemos corrigir falhas, erros, males e
equívocos cometidos, ajustando-nos e reajustando-nos com as leis divinas ou naturais,
mesmo que parcialmente.

A seguir, o Espírito Joanes esclarece: “Você está no mundo com o propósito
de progredir, conforme acertou com seus Mentores Desencarnados, que o acompanham
do Invisível”
(página 111).

A frase, enxuta e direta, permite conclusões de grande valia para o nosso dia-a-dia.
A propósito, o nome do livro, “Para uso diário”, já diz tudo: são lições, advertências
e esclarecimentos para nosso uso diário.

Com efeito, estamos no mundo para aprender e progredir. Como se sabe, o pro
gresso pode ser intelectual e moral, sendo que o progresso intelectual engendra
o progresso moral. E será ótimo, excelente mesmo, quando ambos caminharem juntos,
lado a lado.

Não é de graça, portanto, que se afirma ser a Terra uma escola, na qual todos
nós nos encontramos matriculados para aprender, muito aprender, sobre todos os assuntos
(ciências, filosofias, religiões, artes, etc.), a começar pelo aprendizado da fraternidade,
que, uma vez consolidado, nos conduzirá a que tratemos a todos como nossos irmãos
(que verdadeiramente o são do ponto de vista da vida verdadeira e permanente, a
vida espiritual, já que somos todos filhos do mesmo Pai Celestial, que é Deus),
fazendo aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem, com o que estaremos
cumprindo o ensino máximo do Cristo, consubstanciado na célebre sentença: “Amar
ao próximo como a si mesmo”, sabendo-se que quem assim procede estará, exatamente
por este motivo, amando a Deus sobre todas as coisas.

De outra parte, quando na erraticidade, nós concordamos com nossos Mentores Desencarnados,
que nos acompanham do Invisível, que reencarnaríamos para progredir, para evoluir,
intelectual e moralmente, a cuja Lei do Progresso, aliás, estamos todos subordinados,
no mínimo, porque para atingirmos a perfeição relativa é absolutamente necessário
que saibamos tudo. Tudo de tudo. E, como sabido, o destino final dos seres humanos
é constituído da perfeição relativa e da felicidade suprema.

Também pelo trecho antes transcrito, fica fácil deduzir que toda reencarnação
é precedida de planejamento, isto é, a reencarnação se dá com linhas básicas definidas
anteriormente, vale dizer, se casaremos ou não; com quem, se for o caso; que profissão
teremos; se teremos ou não filhos; em que cidade ou local reencarnaremos; quem serão
os nossos familiares; em que contexto social, etc., quase tudo passível de modificação
posterior à reencarnação, como decorrência de nosso livre-arbítrio, que permite
de maneira ampla que tomemos as decisões que quisermos mas que, em contrapartida,
torna-nos por elas responsáveis, e responsáveis pelas suas conseqüências, como é
natural e absolutamente lógico.

Ademais disso, os Mentores Desencarnados nos acompanham do Invisível, como verdadeiros
anjos da guarda, velando por nós como fazem os pais em relação aos filhos, inspirando-nos
boas idéias, boa conduta, sugerindo-nos o melhor para o nosso progresso, para o
nosso auto-aperfeiçoamento, vibrando quando tomamos as decisões certas e lastimando
quando enveredamos pelos caminhos equivocados, mas que, em verdade, não podem e
não devem fazer o que nos compete, com exclusividade. É necessário que façamos a
nossa parte, e a façamos bem, do melhor modo possível ao nosso alcance.

Depois de discorrer sobre o tema, de maneira concisa (todo o texto do capítulo
20 da multicitada e importante obra, com efeito, é composto de apenas 42 pequenas
linhas), o Espírito Joanes, pela mediunidade de J. Raul Teixeira, aconselha:
“Evite a lamentação, uma vez que ela em nada lhe auxiliará. Não diminuirá o peso
da sua cruz, nem dispensará as nuvens que estejam toldando, porventura, os seus
horizontes”
(páginas 111 e 112).

Não obstante muito evidente, a verdade é que nem sempre prestamos atenção em
que a lamentação (a lamúria ou a reclamação, se preferirmos estes vocábulos) não
resolve nenhum problema, nenhuma dificuldade. Muito ao contrário, pode até gerar
agravação.

Com efeito, se a lamentação ou a reclamação resolvesse algum problema ou superasse
qualquer dificuldade seria amplamente indicada como a nova e fantástica panacéia
dos tempos modernos, como novíssima medicação para todos os males.

Mas, como muito bem nos advertiu o Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco
Cândido Xavier, no pequeno-grande livro intitulado Agenda Cristã: “As suas reclamações,
ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por
você”
(28ª edição, FEB, 1991, página 120).

E lembrar, depois disto, que nós, de um modo geral, costumamos reclamar de tudo!
E lembrar que, se não temos do que reclamar – hipótese raríssima, pouco encontradiça
-, reclamamos do clima, seja porque chove muito, seja porque não chove, porque está
calor ou porque está frio, porque venta muito ou porque o sol não aparece há vários
dias, etc.!

É preciso e conveniente, portanto, que imponhamos silêncio sobre nossas eventuais
reclamações (relembremos, com André Luiz, que elas nem mesmo conquistam a simpatia
de quem nos está ouvindo), contribuindo, assim, para a harmonia do ambiente em que
nos encontrarmos, tornando-nos pessoas mais agradáveis, de mais fácil convivência,
palmilhando melhor, e cada vez melhor, enfim, o caminho da fraternidade.

(Jornal Mundo Espírita de Janeiro de 2001)