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Alguns Argumentos Contra o Suicídio (I)

Alguns Argumentos Contra o Suicídio (I)

Por que as pessoas se matam?
O que poderá levar o homem a recorrer a esse ato tão
irracional?

(1) Falta de Fé? – é a total descrença de uma outra
vida após a morte. Tem a ilusão de que, provocando a própria morte, será o fim
de todo o sofrimento e o início de um eterno sono profundo. É a falta de
Espiritualidade e da crença nas obras do Criador.

(2) Orgulho ferido? – Pode ser considerado, também,
como falta de fé, porque a fé‚ conduz à humildade, e esta é inimiga do orgulho.

(3) Tédio da vida? Muitas vezes, as pessoas não
conseguem definir um objetivo em sua vida. No fundo, é ausência da fé para
suportar as provas que a vida lhe impõe. As dificuldades são tantas, e não
encontrando forças para sair do marasmo, a pessoa acaba se entediando. Quem tem
fé não deserta da vida, pois sabe que os recursos Divinos são inesgotáveis. E a
oração é o maior dos instrumentos para se conseguir que essa ajuda venha dos
Planos mais Altos.

(4) Medo do fracasso? – Medo de ser humilhado,
ironizado por não ter sido um vencedor. No fundo, todos os problemas que levam
as pessoas ao suicídio é a falta de fé, é a fragilidade espiritual.

O nosso propósito, através desse trabalho, é fazer uma
abordagem psicológica e espiritual do suicida, e quais são os motivos que o
levam para tal ato.

Rubens Santini de Oliveira
São Paulo, 10 de março de l995.

Introdução(1)

“Há alguns anos, conheci Aparecida. Havia ingerido um poderoso agrotóxico e
estava viva apenas graças à rapidez do socorro, uma diálise renal.

Sorria-me, sem graça, na expectativa do que ia fazer.

– O que houve Aparecida?

– Eu só ia dar um susto no meu marido. Tínhamos brigado.

– Você não sabia que poderia morrer?

– Pensei que aquilo só matava bicho sem osso…

Na sua simplicidade, Aparecida me dizia que não queria morrer. Ela tinha
“ossos”, um esqueleto interno, mental, que a prendeu à vida.

Já outros suicidas têm um “esqueleto” mais frágil. E não suportam as
vicissitudes da vida, mais ainda quando ela os frustra e lhes causa sofrimentos.

Existem sofrimentos que fazem parte da vida e há aqueles desnecessários.
Muitos de nós não nos satisfazemos com os que já existem (e, muitas vezes, são
tantos!). E procuramos outros. Como complicamos nossas vidas, como que atraídos
pelo sofrer!

Não seria isto uma espécie de suicídio?”

“Nesta vida,

morrer não é difícil.

O difícil,

é a vida e o seu oficio.”

(Maiakvóski)

O suicídio através do tempo

“O suicidio, desde a Antiguidade, sempre foi punido severamente. Plutarco, um
antigo historiador, nos conta o seguinte:

Moças passam a enforcar-se e logo apresenta uma “epidemia” de suicídio de
jovens. Nenhuma medida fez com que ela cesse, até que alguém propõe que as
jovens sejam condenados a terem seu cadáver levado nu, em passeata, até o
cemitério. Com essa medida, a “epidemia” se extingue.”(1)

“Em Tebas e Chipre, o morto era privado de honras fúnebres. Em Atenas, no
século IV, cortava-se a mão direita daquele que cometera o suicídio. Esta era
enterrada distante do resto do corpo do individuo de forma a evitar uma
posterior vingança do morto. O objetivo era desmanchar seu estratagema,
destituí-lo de poder, da capacidade de assassinar os vivos. Ainda no século IV,
Santo Agostinho assinala que o suicídio era uma “pervesão detestável” e
“demoníaca”, e que o “não matarás” estendia-se também a “não matarás a si
próprio”. A Igreja utilizava todos os recursos disponíveis para a repressão ao
suicídio. Outras religiões também condenavam o suicídio, como é o caso da
judaica, com a prática de enterrar o corpo do suicida em sepultura à parte.”(2)

“O suicídio do presidente Getúlio Vargas implica, não só um ato de vingança
contra seus inimigos, que se sentiram culpados e responsáveis, mas
principalmente, o objetivo do suicido foi a permanência de Vargas influenciando
os sobreviventes, como numa vida pós-morte: “saio da vida para entrar na
História”, escreve em sua carta-testamento.”(1)

“Em novembro de l978, houve um suicídio coletivo de 913 pessoas na Guiana,
seguidoras da seita Templo do Povo, do pastor americano Jim Jones. Eles se
envenenaram com cianureto, enquanto seu líder deu um tiro na própria cabeça.”(3)

“No primeiro semestre de 1986, o número de adolescentes suicidas cresceu no
Japão. A policia atribuiu o fato à morte da cantora pop Yokiko Okada, então com
18 anos, que se jogou de uma altura de 7 andares. Foram registrados 30 suicídios
entre adolescentes no país, após o acontecimento.”(3)

“Personagens fictícios da literatura também inspira este tipo de gesto. Em
1774, o lançamento do livro “Werther” do poeta alemão Goethe, provocou uma onda
de suicídio na Europa. Motivo: a identificação com o destino do
personagem-título do livro, que se mata com um tiro por amor. A “epidemia” de
suicídio foi tão longe que várias pessoas, na maioria jovens se matavam
envergando casacos azuis e colete amarelo, as roupas que o personagem usava no
final do livro.”(3)

“Romeu e Julieta, da obra de Shakekspeare, assim como tantos Romeus e
Julietas da vida real, se matam para vingar-se de seu ambiente e das pessoas que
estão ao seu redor”(1)

(Publicado no Boletim GEAE Número 332 de 16 de fevereiro de 1999)