No final do ano de 1.996, os noticiários nacionais e internacionais, via TV,
rádio, revistas e jornais, deram ênfase ao caso de Abigail e Brittany. Elas são
duas crianças norte-americanas que nasceram ligadas pelo tórax, fato que se dá o
nome de siamesas. Possuem vários órgãos individuais e outros que são comuns às
duas. Mas o que tem realmente comovido as pessoas é a perfeita coordenação entre
as duas para realizar movimentos e atividades próprias das crianças.
Nota-se que existe um grande amor recíproco, o que tem como conseqüência a
harmonia e integração naquilo que cada uma precisa fazer com a ajuda da outra.
A medicina explica o caso dando-lhe a causa, sem, entretanto responder o
porquê. As religiões atribuem a Deus a origem do fato, sem que encontrem uma
explicação. Somente a vamos encontrar nos princípios básicos da Doutrina
Espírita. Nas Leis Divinas da reencarnação e a de causa e efeito temos a base
para entendermos esta situação.
Sabemos que temos opositores sistemáticos a estes princípios, no entanto
compreendemos ser apenas uma questão geográfica. Isto mesmo: questão geográfica,
pois se estas pessoas tivessem nascido em regiões que os têm como fundamentos de
seus princípios religiosos os estariam defendendo com “unhas e dentes”.
Assim podemos dizer que existe uma enorme possibilidade destas crianças terem
sido grandes inimigos em vidas anteriores, onde o ódio imperava nos seus
sentimentos e que o relacionamento entre elas acabava quase sempre com uma
matando a outra e que a justiça divina encontra, nesta situação de siamesas, a
alternativa de colocá-las num só corpo a fim de que, necessitando uma da ajuda
da outra para viver e desenvolver suas atividades normais da vida humana
pudessem iniciar entre si o sentimento de amor, única forma de destruir o ódio
existente entre elas. Na cooperação e ajuda de que cada uma depende da outra é
ascendida a chama do amor, parcela divina em nós, até que se acabe todo e
qualquer sentimento de ódio, rancor ou desejo de vingança.
Cada uma está sofrendo as conseqüências de seus próprios atos, situação em
que a justiça divina aproveita para que outras pessoas envolvidas como pai, mãe,
irmãos e outras, resgatem também seus compromissos com suas leis. “A cada um
segundo suas obras” (Mateus 16, 27), disse-nos o Mestre Jesus. É bem mais justo
dar uma nova oportunidade (nova vida com sofrimento temporário) do que colocar
alguém no sofrimento eterno (inferno).
Por outro lado poderíamos pensar que Deus deveria nos perdoar pelo mal que
fizemos, apoiamos isto em nosso senso de justiça. Entretanto, em uma situação em
que uma pessoa mata a outra, achamos justo o juiz condená-la à prisão. Ora, por
que não usamos então o mesmo raciocínio anterior, ou seja, dizendo que o juiz
deveria perdoar o criminoso? Pura incoerência do ser humano, que não alcançando
a justiça divina, deixa de aceitar princípios que na realidade, O colocaria em
posição mais elevada, e passaríamos a entender Deus muito mais justo, sem
mistérios ou reticências para aceitar sua justiça.
Jan/97