Coisa de gênio, coisa de outras vidas
Gregory Robert Smith é um norte-americano de 13 anos de idade e poderia ser um
pré-adolescente comum se já não estivesse prestes a cursar um doutorado em Matemática
em Oxford. Sim, doutorado. Aliás, a precocidade dele surpreende. Aos 14 meses resolvia
problemas simples da sua matéria preferida, quando aos 10 anos começava a graduação
pela Randolph-Macon College, em Washington. Greg chega a cobrar 10 mil dólares por
palestra e teve seu nome indicado pela segunda vez ao Prêmio Nobel da Paz pela sua
defesa de crianças pobres no mundo. Um talento precoce conhecido, entre outros,
foi o do compositor Mozart. Ele compôs minuetos aos 5 anos e escreveu sua primeira
ópera aos 14 anos.
Os casos de crianças superdotadas sempre chamaram a atenção. A ciência não possui
uma explicação convincente sobre o assunto, alega, apenas, se tratar de uma predisposição
genética associada a rápida reação a estímulos externos. Precocidade, porém, não
seria mais sinônimo de genialidade. O gênio seria aquele que conseguiria agregar
valor, trazer algo de novo a humanidade e não simplesmente ser alguém com uma capacidade
acelerada de produção comparada à média geral. Os gênios representariam 0,1% da
população mundial, segundo estatísticas otimistas.
O debate sobre o que é realmente a inteligência nunca foi tão promissor como
atualmente. Muitas teorias têm ampliado o conceito de inteligência, fugindo ao esquema
ultrapassado de medição dela pelo Quociente Intelectual, o Q.I. mediante aplicação
do Teste de Binet. Gênios como Greg teriam Q.I. entre 160 a 180, mas o que esse
número responderia sobre a origem desta “anormalidade”? Para demonstrar a multivariedade
de expressão intelectual, Howard Gardner, professor da Universidade de Harvard,
nos Estados Unidos, desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas que permite
compreender a manifestação da inteligência humana pelas capacidades verbal-lingüística;
lógico-matemática; visual espacial; rítmica musical; corporal sinestésica; interpessoal;
intrapessoal e naturalista dos indivíduos. Outros teóricos, entre eles, Daniel Goleman,
advertiram que a inteligência teria também um caráter emocional, demonstrado pelo
desenvolvimento de competências como autoconhecimento, autogestão, conhecimento
do outro e habilidades sociais. Outro professor da Universidade de Harvard, Robert
Coles, salientou a existência do que chamou de Inteligência Moral, isto é, a capacidade
de refletir sobre o certo e o errado.
O que todas estas teorias não levaram em consideração é a possibilidade da inteligência
ser atributo ou conquista do próprio Ser como resultado acumulativo de seus conhecimentos
e vivências de existências anteriores, admitindo-se a reencarnação como fato. As
idéias inatas que possui são lembranças espontâneas do seu patrimônio particular,
em diferentes esferas de expressão, alguns em estado mais latente como nas chamadas
crianças-prodígio. Ficaria bem mais fácil compreender toda essa complexidade da
mente humana.Mais recentemente, o Doutor Richard Wolman, também de Harvard, incorporou
às demais teorias em voga o conceito de Inteligência Espiritual, que seria a capacidade
humana de fazer perguntas fundamentais sobre o significado da vida e de experimentar
simultaneamente a conexão perfeita entre cada um de nós e o mundo em que vivemos.
Não é exatamente o que define a Doutrina Espírita, mas já é um avanço no entendimento
integral do indivíduo.
O atual estágio evolutivo dos seres viventes na Terra ainda não permite uma definição
mais próxima do que seria afinal o Espírito, tanto que a resposta dada ao questionamento
do organizador do Espiritismo, Allan Kardec, fora superficial, quando afirmou que
“são os seres inteligentes da criação”, o que dá a entender que é a inteligência
um fator preponderante de caracterização do Ser no processo evolutivo, tanto que
possui um corpo mental na sua constituição total.
À inteligência, a que se associar a capacidade de utilizá-la para o bem de si
próprio, da comunidade que participa e da humanidade. Este é o sinal que ainda estamos
bastante lerdos. Quem dera que os novos gênios que chegam a Terra, muitos deles
advindos de outras esferas planetárias, venham-nos a ensinar a conjugação perfeita
entre precocidade intelectual com desenvolvimento do senso moral. Isso, certamente,
seria coisa de gênio.