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Colonizadores do Espírito

Colonizadores do Espírito

As religiões tem ensinado aos homens o temor de Deus, e já ouvimos pessoas
afirmarem, em relação ao sofrimento, quem ama pune, logicamente querendo dizer
que Deus nos pune porque nos ama. Seria como a educação ministrada através da
vara e da palmatória.

No intuito de corrigir pelo medo, as religiões apresentam quadros terríveis
sobre o inferno, castigo supremo e irrevogável, a que estariam destinados todos
os que morressem em pecado. Enfim, é a ação colonizadora dos que detém o poder
sobre os demais, assim como as nações mais poderosas colonizaram outras.

A relação da colônia com o poder a que está submetido é sempre de submissão e
medo. No tocante aos países, O Livro dos Espíritos ensina que as nações mais
adiantadas tem o dever de auxiliar as mais atrasadas, porém não devem
explorá-las. O que tem acontecido é que os colonizadores impõem, também, a sua
religião, colonizando o espírito.

O Espiritismo veio trazer uma proposta nova. Tirou a forma humana de Deus,
sem tirar a sua paternidade. Excluiu os castigos eternos, trazendo uma nova
idéia da justiça Divina. Mostrou que céu e inferno são condições concienciais de
cada indivíduo. Com isto, e a reencarnação, eriçou o sacerdócio, dispensador da
graça da salvação, contra si, porque retirou das suas mãos o poder de abrir as
portas do paraíso ou do inferno. A reação clerical foi a de classificá-lo como
demoníaco.

Como as ciências também tem os seus dogmas, as academias tentaram destruí-lo
ironizando-o e ridicularizando-o, como no episódio do músculo rangedor, citado
por Kardec. Outro argumento ingênuo, foi quando afirmaram que se o Espiritismo
fosse uma coisa realmente verdadeira e boa, todos os membros da Academias de
Ciências, seriam espíritas.

O Codificador respondeu serenamente, dizendo que sobre problemas de saúde,
consulta médicos, de construção, procura um arquiteto, de química, um químico,
cada um em sua especialidade, contudo esses profissionais só entenderão de
Espiritismo se o estudarem com afinco.

As ciências da mente, vieram depois, se não satanizar, mas rotular de loucura
toda manifestação mediúnica. Os médiuns passaram a ser rotulados de loucos,
desequilibrados, isto quando Freud ainda era uma criança, e somente mais tarde
Jung se interessaria por fenômenos mediúnicos, resgatando a mediunidade do fosso
em que tentaram atirá-lo.

Um universo sem Deus, equivale a um universo sem espíritos. Logicamente não
falamos de um Deus apregoado pelo sacerdócio das várias religiões, um Deus
passional, cruel, que pensa como os antigos pais ingleses que tinham um ditado:
“Poupas a vara e estragas a criança”. Crianças espirituais que ainda somos,
precisaríamos ser castigados pela vara divina constantemente.

Mas Deus é amor e está no universo que ele criou e ama. Lógico que o seu amor
não é como o nosso, mas se não podemos saber o que Deus é realmente, podemos
saber o que ele não pode ser. E ele não pode ser indiferente à sua criação.