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Coluna Espírita – A Surra que Levamos

No Evangelho de Marcos (11:24), diz Jesus, referindo-se à oração:

Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes.

Os fatos parecem contrariar essa promessa do Mestre, porquanto é muito comum que nossos anseios, expressos em oração, não sejam atendidos, como se Deus fizesse ouvidos moucos.

É fácil explicar essa aparente contradição.

Deus nunca deixa de nos ouvir e atender, mas há um detalhe:

Pedimos o que queremos; Deus nos dá aquilo de que necessitamos.

Por isso nem sempre nossos desejos guardam consonância com os desígnios divinos.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo 27, diz Allan Kardec:

Desta máxima: “Concedido vos será o que quer que pedirdes pela prece”, fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para nosso bem.

É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses.

Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.

Raciocínio perfeito, que lembra o velho ditado: Há males que vêm para bem. Ou, se o leitor preferir, Deus escreve certo por linhas tortas.

Uma cirurgia, em princípio, é algo ruim, mas objetiva sempre um bem, a cura do mal que aflige o paciente, restituindo-lhe a saúde.

O adolescente rebelde ficará aborrecido com o pai por não lhe dar a sonhada motocicleta, mas reconhecerá mais tarde que a recusa paterna lhe preservou a integridade, em face de sua imaturidade.

Certamente muitos torcedores brasileiros ficaram aborrecidos com Deus, na semana passada.

Pediram ao Senhor que Fred fizesse muitos gols e Júlio César defendesse todas as bolas no jogo com a Alemanha.

O Senhor fez o contrário.

Reflitamos, leitor amigo:

1Não será a surra que levamos do poderoso time alemão um divisor de águas, um estímulo para pensarmos em assuntos mais importantes?

Não será uma das alavancas para acordar o povo e contribuir para a mudança de foco, voltando a atenção para os problemas do país?

                                                 ***

A dona de casa displicente costuma varrer o pó para debaixo do tapete, eximindo-se do trabalho de coletá-lo e descartá-lo devidamente.

A Copa do Mundo no Brasil foi um imenso e vistoso tapete, tecido sobre o ufanismo nacional em torno do hexa, sob o qual se pretendia acobertar as mazelas nacionais, particularmente nos setores da educação, da saúde, da segurança, bem como da entranhada corrupção política…

Cabe-nos agora a oração, muita oração, milhões de orações, pedindo a Deus que nos dê o que nunca negará: disposição de trabalhar por um Brasil melhor!

Um Brasil sem baderna, sem queima de ônibus, sem depredação de imóveis, sem corrupção, sem conturbação, sem atitudes irresponsáveis, com a sustentação da ordem e do progresso exaltados na bandeira nacional!

Um Brasil com os valores de um comportamento legitimamente cristão, em que assumamos nossas responsabilidades como cidadãos brasileiros, conscientes de que nosso país melhorará sempre que melhorarmos!

 

Ps.: Os conceitos aqui emitidos não expressam necessariamente a filosofia FEAL, sendo de exclusiva responsabilidade de seus autores.