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Começar Pelo Começo

Temos um amigo que nos pediu para acompanhá-lo, em visita a alguns centros
espíritas, e o fizemos com muito gosto. Algumas semanas depois, ele comentou
conosco que ficou decepcionado, pois, palestras de encarnados, e mensagens de
desencarnados, chamados pelos dirigentes, de mentores, era de um moralismo
intolerável.

Se Espiritismo é esse moralismo constante, como, sofra hoje para ser
recompensado amanhã, quero ficar longe dessa crença. Não pude deixar de sorrir
da ingenuidade do amigo, e me propus a esclarecê-lo em algumas pequenas coisas.
Perguntei se ele leu alguma obra espírita antes de decidir ir ao centro, ele
respondeu que lera uns dois ou três romances, mas nem lembrava quem era o autor.

Foi aí que eu disse a ele; Vamos começar corrigindo uma frase sua:
Espiritismo não é crença, é certeza, assim como não é caminho alternativo, e
sim, rota principal nas questões da alma, do espírito. Disse-lhe ainda, que
desde ao tempo de Kardec, alguns espíritas reclamavam do excesso de pregação
moral dos espíritos, e o Mestre respondia com outra pergunta: vocês acham que a
humanidade está suficientemente moralizada para dispensar os moralistas? Vocês
acham que não precisamos mais de conselhos e orientações daqueles que estão mais
adiantados? Disse ao meu amigo que precisamos sim de ensinamentos morais para
nos advertir das responsabilidades que temos no mundo. Aliás, o Espiritismo
incomoda porque adverte sobre os nossos erros.

Adverte, mas não condena. Não há um tribunal espírita, muito menos sanções. O
tribunal existe sim, mas não tem acusadores, nem defensores, nem juizes, porque
está instalado na nossa consciência. Meu amigo argumentou que tudo isso já está
nos Evangelhos. Para que o Espiritismo, então?

Abri A Gênese, no capítulo 1º – Caracteres da Revelação Espírita, no item 56
– parágrafo 4º e li para ele as palavras de Allan Kardec: O que os ensinamentos
dos espíritos acrescenta à moral do Cristo, é o conhecimento dos princípios que
relacionam os mortos com os vivos, que completam as vagas noções que haviam sido
dadas sobre a alma, seu passado e seu futuro, e que apresentam como sanção à
Doutrina as próprias leis da natureza.

Graças as novas luzes trazidas pelo Espiritismo e pelos espíritos, o homem
compreende a solidariedade que liga todos os seres; a caridade e a fraternidade
tornam-se uma necessidade social; o homem passa a fazer, por convicção, o que só
fazia por dever e por isso age melhor. Os homens só poderão dizer que não
precisam mais de moralistas encarnados ou desencarnados, quando praticarem a
moral do Cristo.

E então Deus também não mais os enviará com esse fim. Estávamos próximos a
uma livraria espírita. Entramos, e comprei para presenteá-lo, o livro: O Que É O
Espiritismo. Fiz-lhe uma bela dedicatória, desejando que aquele fosse o primeiro
de uma série de livros que ele deveria estudar para entender realmente o que é o
Espiritismo.