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Como é Morrer?

Como é Morrer?

José Lucas

Dizem que os mortos não voltam…
Voltam sim. E por que não?
Os corpos daí nos soltam,
Como às aves o alçapão.

António Nobre
(“Parnaso de Além-Túmulo” psicografia de Francisco Cândido Xavier)

A morte é essa companheira que niguém quer ter ao seu lado. Está cheia de mitos e de histórias de horror. Os materialistas não a querem encarar. Os espiritualistas também a temem, de um modo geral. O Espiritismo matou a morte, demonstrando que ela não existe, ao provar a realidade da comunicação com os falecidos. Como é morrer? É precisamente isso que os espíritos (falecidos) nos vêm contar.

Quem não tem mêdo da morte? A maioria teme-a, qual papão irremediável nas nossas vidas. Os crentes, agarram-se a uma ideia de imortalidade, uns mais convictos que outros. Quase sempre é uma fé cega, aquela que transportam, a vacilar nos momentos decisivos. Os não crentes na imortalidade da alma fogem desse assunto. No entanto nem uns nem outros poderão evitar o encontro final com tão estranha  quanto inevitável situação: a morte!

Aparentemente é assim, tudo acaba com a morte, não mais se vêem aqueles que partiram e a amargura vai tomando conta das nossas emoções. Pura ilusão dos sentidos materiais.

O homem, habituado a viver apenas dos seus cinco sentidos, desconhece aquele outro mundo de onde veio e para onde tem de retornar – o mundo espiritual. Em relação a este assunto, é qual cego a atravessar uma rua. Vai tateando, sabendo o que o espera um dia, mais tarde ou mais cedo, mas prefere ignorar esse encontro fatal.

O espiritismo, surgido em meados do século XIX, veio matar a morte, mostrando a origem, natureza e destino dos espíritos, bem como as relações existentes entre o mundo corporal e o mundo espiritual. Foi um escândalo à sua época, mas não havia volta a dar. As evidências, as provas, vertiam qual fonte de água ininterrupta, ao ponto dos mais célebres cientistas se terem vergado perante as evidências.

Ainda hoje assim acontece. Cientistas de todos os cantos do mundo, estudando perplexos as evidências e provas que o espiritismo apresentara há  cerca de 140 anos. Bastará referir o caso do Dr. Raymond Moody Jr, nos EUA, com centenas de casos catalogados e altamente credíveis, de pessoas que tiveram morte aparente e contam o seu périplo pelo mundo espiritual, enquanto “estavam mortos”. A TCI (Transcomunicação Instrumental – comunicação com os mortos através de aparelhos electrónicos), a TRVP (Terapia Regressiva a Vivências Passadas) são outras  técnicas, fora do âmbito espírita, que hodiernamente estão a confundir os investigadores e a “empurrá-los” para uma verdade insofismável: a morte não existe – a vida continua.

Que se passa comigo?

Francisco era um homem como tantos outros, tinha família e vivia do seu trabalho. Um dia, de regresso ao lar, sentiu-se mal. Levado ao hospital, viria a falecer passado um certo tempo. Um caso banal de morte devido a problemas cardíacos, num homem que já entrara na madureza da vida.

Estávamos um dia numa reunião de desobsessão (atendimento e esclarecimento de espíritos sofredores, por intermédio de um médium), quando ele se manifestou. Vinha amargurado, antes revoltado que com maus instintos, pois não compreendia porque é que a família não lhe falava. Identificou o seu lar, local de residência, dizendo ter estado doente, mas que já se sentia melhor (não se lembrava de ter morrido). De volta a casa, falara com familiares, mas niguém lhe respondia. Ele ouve-os a todos, a todos interpela, mas, ninguém lhe responde. Não entende tal procedimento por parte daqueles que dantes muito o amavam.

Induzido à regressão de memória, relembrou o leito do hospital, mas não se recordava de lá ter saído. Depois de algumas dicas subtis acerca da vida para além da morte, começou a entender o seu estado de desencarnação (fora do corpo de carne). Ficou  espantado e não queria acreditar que “tinha morrido”, pois tinha arquivado na sua mente que após a morte iria para o céu, o purgatório ou o inferno (era o que tinha aprendido). Apenas o facto de se estar a manifestar num corpo feminino (o médium era uma senhora) o fez confirmar de que de facto aquele corpo não era o seu. Dizia não se lembrar de nada, apenas que tinha ido para casa e niguém lhe falava . Agora entendia o porquê daquela situação, embora um pouco atordoado pelo inesperado da revelação. Estavam em dimensões diferentes e aquela onde ele se encontrava era inacessível aos sentidos da visão e da audição carnais.

Como este, existem milhares e milhares de casos mais ou menos diferenciados e que diariamente acontecem nos centros espíritas. A grande maioria nem se apercebe do momento da morte, tamanha é a naturalidade de tal evento, que não traz qualquer tipo de sofrimento.

Aconselhamos vivamente a leitura de “O Livro dos Espíritos“, no seu capítulo III, para mais pormenores sobre esta temática, bem como “O Livro dos Médiuns“, ambos de Allan Kardec. Indispensável é a leitura do livro “O Céu e o Inferno” também de Allan Kardec, onde descreve com muita propriedade como é morrer e as sensações das pessoas após a morte, de acordo com o seu estado evolutivo.

lucas@clix.pt