Considerações sobre Mediunidade Curadora
“Então uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia, a qual havia
sofrido na mão de muitos médicos e, que, tendo consumido todos os seus bens,
não havia recebido nenhum alívio, mas sempre se encontrava pior; tendo ouvido
falar de Jesus, veio na multidão por detrás, e tocou suas vestes; pois ela dizia:
Se eu puder ao menos tocar suas vestes, serei curada. No mesmo momento a fonte
do sangue que ela perdia se secou, e ela sentia em seu corpo que estava curada
daquela moléstia.
“E logo Jesus, conhecendo a virtude que havia saído dele, voltou-se para
a multidão e disse: Quem tocou minhas vestes? Seus discípulos lhe disseram:
Vedes que a multidão vos comprime por todos os lados e perguntais quem vos tocou?
E Ele olhava em toda a volta dele para ver quem o havia tocado.
“Porém a mulher, que sabia o que se havia passado com ela, tomada de medo
e pavor, veio atirar-se a seus pés e lhe declarou toda a verdade. E Jesus lhe
disse: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz, e fica curada de tua moléstia”
– (Marcos, V; 25 a 34).
“Estas palavras: “conhecendo a virtude que havia saído dele”, são significativas;
elas exprimem o movimento fluídico que se operou de Jesus para a mulher doente;
ambos sentiram a ação que acabava de se produzir. É notável que o efeito não
foi provocado por uma ato da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição
de mãos. A irradiação fluídica normal foi suficiente para operar a cura.
Mas porque esta irradiação se dirigiu para aquela mulher, em vez de outras,
pois Jesus não estava pensando nela, e se achava rodeado pela multidão? A razão
é bem simples. O fluido, sendo dado como matéria terapêutica, deve atingir a
desordem orgânica para a reparar; pode ser dirigida sobre o mal pela vontade
do curador ou atraído pelo desejo ardente, a confiança, numa palavra, a fé do
doente. Em relação a corrente fluídica, a primeira faz o efeito de uma bomba
comprimida, e a segunda, de uma bomba aspirante. Algumas vezes a simultaneidade
dos dois efeitos é necessária, de outras vezes uma só basta.
Jesus tinha pois razão de dizer: “Tua fé te salvou.” Compreende-se que aqui
a fé não é a virtude mística como certas pessoas entendem, mas uma verdadeira
força atrativa, enquanto que aquele que não a tem opõe à corrente fluídica uma
força repulsiva, ou pelo menos uma força de inércia que paralisa a ação. Assim
sendo, compreende-se que de dois doentes atingidos do mesmo mal, estando na
presença do curador, um possa ser curado e o outro não. Aí está um dos princípios
mais importantes da medicina curadora e que explica, por uma causa muito natural,
certas anomalias aparentes” – (Allan Kardec – A Gênese, cap. XV, itens 10 e
11).
A mediunidade curadora propriamente dita, segundo Allan Kardec, requer
uma condição moral que dificilmente encontramos na Terra, pois trata-se de faculdade
encontrada em almas de escol, que já se depuraram espiritualmente, sendo portadoras
de fluido salutar que podem aliviar ou curar muitas doenças. Entretanto ele mesmo
nos diz que qualquer pessoa pode desenvolver a faculdade curativa, mediante o exercício,
se tiver dentro de si o sincero desejo de servir no campo do bem.
Neste trabalho pretende-se entender melhor como se dá esta abençoada faculdade,
compreender seus mecanismos e o que se pode fazer para se colocar à disposição dos
bons Espíritos nesse campo. Longe de traçar metas ou dar a última palavra sobre
o assunto, faremos um estudo baseado nas orientações de Allan Kardec, que se ocupou
muito deste lado da mediunidade, por entender que se tratava de extraordinário meio
de divulgação do Espiritismo.
Havendo doentes do corpo e da alma por todo o planeta, é indiscutível que o homem
buscará os meios de se livrar de seus sofrimentos, mesmo que isto contrarie seus
supostos princípios filosóficos ou religiosos. Encontrando na Doutrina Espírita
esse alívio e, certamente, a necessidade de modificar-se fazendo nascer daí um homem
novo, rapidamente despertaria nele, e, por consequência, na humanidade, o sentido
da existência de algo acima de suas limitadas potencialidades terrenas.
Daí a grande importância de se entender como se dá o processo e de como se pode
estabelecer as bases desse trabalho nas casas espíritas bem estruturadas, a fim
de bem atender os irmãos necessitados também no campo da saúde física.
No texto de Allan Kardec transcrito acima, falando de um dos muitos “milagres”
de Jesus, o mestre francês nos dá em rápidas palavras o “caminho das pedras”. Trata
a questão como fenômeno natural, como de fato o é, nos reportando ao estudo e entendimento
dos fluidos, ou energias, como explicação lógica e racional para todos os processos
de cura, que aos nossos olhos de criaturas ainda presas à matéria, nos parece nebuloso
e até mesmo sobrenatural. Certamente em um futuro próximo, a ciência encontrará
esse elo entre o Espírito e a matéria e avançará muito no entendimento das enfermidades
e em seu processo de cura.
A seguir, trataremos do assunto “Curas espirituais”, dentro do desenvolvimento
de 15 itens encontrados na Revista Espírita, número de setembro de 1865.
Desenvolvimento
01 – Os médiuns que recebem indicações de remédios, da parte dos Espíritos,
não são os que chamam médiuns curadores, pois eles próprios não curam; são simples
médiuns escreventes, que tem uma aptidão mais especial que os outros, para esse
gênero de comunicações e que, por isto mesmo, podem ser chamados médiuns consultores,
como outros são médiuns poetas ou desenhistas. A mediunidade curadora é exercida
pela ação direta do médium sobre o doente, com o auxílio de uma espécie de magnetização
de fato, ou pelo pensamento.
Como se vê na instrução acima, existe uma grande diferença entre médiuns receitistas
e médiuns curadores. Os primeiros exercem a mediunidade como escreventes, nada tendo
do dom de curar ou aliviar as enfermidades, pois servem apenas de intermediários,
embora tenham uma aptidão especial para esse tipo de comunicação. Mesmo que um médium
receitista trabalhe com Espíritos que foram conhecidos médicos terrenos, ou que
se identifiquem como médicos na Espiritualidade, não se trata de mediunidade curadora,
pois ele apenas transcreve para o papel as instruções deste. Servem de instrumentos
para que o Espírito que deseja servir nesse campo, possa realizar a sua obra. Bom
lembrar que embora seja comum esse tipo de mediunidade, é necessário que se tenha
cautela com a existência dos Espíritos embusteiros e charlatães.
Importante ressaltar que mesmo sendo uma realidade a existência de médiuns receitistas,
a prática de receituários nas casas espíritas, quer alopáticos, quer homeopáticos
ou fitoterápicos, não são aconselháveis, pois em linhas gerais não se coadunam com
a orientação kardequiana, que prescreve como terapêutica a fluidoterapia e a moralização
do indivíduo. Além disso, é necessário considerar os aspectos legais de tais práticas,
pois as leis humanas não aceitam a comunicabilidade dos Espíritos como um fenômeno
verdadeiro. O espírita deve observar a legislação vigente.
02 – Quem diz médium diz intermediário. A diferença entre o magnetizador,
propriamente dito, e o médium curador, é que o primeiro magnetiza com o seu
fluido pessoal, e o segundo com o fluido dos Espíritos, ao qual serve de condutor.
O magnetismo produzido pelo fluido do homem é o magnetismo humano; o que provem
do fluido dos Espíritos é magnetismo espiritual.
Este é um ponto importante que precisa ser bem compreendido. Dentro do entendimento
da ciência dos fluidos, compreendemos que podemos doar das energias que dispomos,
vindas do magnetismo próprio que possuem todos os seres vivos.
Algumas pessoas são possuidoras de magnetismo mais ou menos poderoso que pode
ser utilizado no auxílio dos doentes. Sabe-se que o fluido magnético pode modificar
o estado das substâncias, alterar o estado molecular dos corpos, imprimir qualidades
aos líquidos orgânicos etc. Sabe-se também que a ação desse fluido depende de sua
qualidade que por sua vez é conseqüência direta das qualidades espirituais e orgânicas
de quem doa. Com isso, pode-se deduzir que se o magnetizador não for pessoa de boa
índole, poderá causar prejuízos ao magnetizado, mesmo que tenha uma carga fluídica
considerável.
Levando-se em consideração que os seres encarnados neste planeta ainda são bastante
ignorantes em relação às coisas do Espírito, por estarem muito presos à matéria
e fora da compreensão da Verdade, podemos concluir que se não tivermos o concurso
dos bons Espíritos, pouco poderemos produzir por nós mesmos.
03 – O fluido magnético tem, pois, duas fontes distintas: os Espíritos encarnados
e os Espíritos desencarnados. Essa diferença de origem produz uma grande diferença
na qualidade do fluido e nos seus efeitos. O fluido humano está sempre mais
ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos
é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas,
que acarretam uma cura mais pronta. Mas passando através do encarnado, pode
alterar-se como um pouco de água límpida passando por um vaso impuro, como todo
remédio se altera se demorou bastante num vaso sujo e perde, em parte, suas
propriedades benéficas. Dai, para todo verdadeiro médium curador a necessidade
absoluta de trabalhar a sua depuração, isto é, o seu melhoramento moral, segundo
o princípio vulgar: limpai o vaso antes dele vos servirdes, se quiserdes ter
algo de bom. Só isto basta para mostrar que o primeiro que aparecer não poderá
ser um médium curador na acepção da palavra.
Este é o princípio fundamental de todo o processo da cura. O fluido doado através
do médium, vindo de duas fontes (humana e espiritual), deverá ser o mais depurado
possível para exercer a influência benéfica a que se propõe.
Sendo os fluidos espirituais mais puros e por isso mesmo com melhores propriedades,
deduz-se que são os fluidos dos encarnados que necessitam de cuidados, pois estarão
impregnados das qualidades físicas e morais que o magnetizador imprimirá a eles.
Sendo o médium curador condutor dos fluidos vindos do mundo espiritual, poderá
alterar esses fluidos se seu “vaso” não estiver suficientemente limpo. Raciocínio
lógico uma vez que poderemos colocar a perder a essência curadora de um medicamento
se não tivermos os cuidados próprios de conservação e higiene, se o colocarmos em
frascos inadequados, sujos ou contaminados. Sua ação será fraca, inócua e por vezes
até prejudicial, não deixando contudo de ser um medicamento.
Por mais que tenhamos uma água cristalina e pura, se o meio de condução dela
for um cano contaminado por impurezas ela entrará limpa, mas sairá na outra extremidade
com as qualidades adquiridas em sua passagem pelo condutor impróprio. Daí a necessidade
de todo o que se dispõe a se dedicar a esse tipo de mediunidade, trabalhar incessantemente
pela sua depuração moral a fim de não alterar a qualidade dos fluidos dos Espíritos
e melhor exercer a influência benéfica dos fluidos curadores sobre o organismo enfermo.
Magnetizar alguém portanto não é procedimento tão inócuo assim, como se pode pensar
quando se pratica a ação sem conhecimento de causa.
04 – O fluido espiritual será tanto mais depurado e benfazejo quanto mais
o Espírito que o fornece for puro e desprendido da matéria. Compreende-se que
o dos Espíritos inferiores deve aproximar-se do homem e possa ter propriedades
maléficas, se o Espírito for impuro e animado de más intenções. Pela mesma razão,
as qualidades do fluido humano apresentam nuanças infinitas, conforme as qualidades
físicas e morais do indivíduo. É evidente que o fluido emanado de um corpo malsão
pode inocular princípios mórbidos no magnetizado. As qualidades morais do magnetizador,
isto é, a pureza de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado
de aliviar o seu semelhante, aliados à saúde do corpo, dão ao fluido um poder
reparador que pode, em certos indivíduos, aproximar-se das qualidades do fluido
espiritual. Assim, seria um erro considerar o magnetizador com simples máquina
de transmitir fluidos. Nisto, como em todas as coisas, o produto está na razão
do instrumento e do agente produtor. Por estes motivos, seria imprudência submeter-se
à ação magnética do primeiro desconhecido. Abstração feitas dos conhecimentos
práticos indispensáveis, o fluido do magnetizador é como o leite de uma nutris:
salutar ou insalubre.
Allan Kardec nos instrui que é imprudência submeter-nos à ação magnética do primeiro
desconhecido. As qualidades do fluido humano variam conforme as qualidades físicas
e morais do indivíduo. O mesmo raciocínio se aplica aos Espíritos, que se for de
uma ordem inferior, emprestará ao médium seus fluidos insalubres, causando prejuízos
para a economia orgânica do paciente.
Desde que o magnetizador não é apenas uma máquina de transmissão de fluidos,
pois participa do processo curativo doando do seu próprio, e estando o resultado
disto na razão direta do instrumento e do agente produtor, pode-se deduzir com facilidade
que tolo seria quem se submetesse aos cuidados de qualquer pessoa ou trabalho, sem
conhecer-lhe a idoneidade e seriedade.
Como não se pode saber com segurança, na primeira experiência, sobre a credibilidade
do serviço de que vamos utilizar, pode-se avaliar através dos resultados obtidos
e pelos métodos utilizados, se racionais ou não. Se pelo fruto se conhece a árvore,
certamente teremos um bom parâmetro de avaliação. Uma maneira simples de se certificar
superficialmente se estamos em trabalho sério ou não, é observar a maneira como
a casa conduz seu trabalho, se dentro de uma organização racional, ou se envolto
em fantasias.
05 – Sendo o fluido humano menos ativo, exige uma magnetização continuada
e um verdadeiro tratamento, por vezes muito longo. Gastando o seu próprio fluido,
o magnetizador se esgota e se fatiga, pois dá o seu próprio elemento vital.
Pôr isso deve, de vez em quando, recuperar suas forças. O fluido espiritual,
mais poderoso, em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, por vezes,
quase instantâneos. Não sendo esse fluido do magnetizador, resulta que a fadiga
é quase nula.
No caso da magnetização pura e simples, o magnetizador doa de seu próprio elemento
vital, podendo fatigar-se, pois o fluido humano, sendo menos ativo, exige uma magnetização
mais prolongada e continuada e, portanto, mais doação de energia. Certamente que
levará à fadiga com facilidade se não houver descanso para refazimento das forças
vitais.
No caso da mediunidade curadora, os fluidos humanos associam-se aos fluidos espirituais
para que se tenha um resultado satisfatório. Neste caso, a fadiga do médium é pouca,
respeitando-se as estruturas e resistências orgânicas de cada um.
Não se pode deduzir disso, entretanto, que se pode trabalhar continuamente sem
descanso por se tratar de ajuda espiritual, pois seria um contra-senso não considerar
a capacidade física do encarnado.
Vale lembrar que o fluido humano sofre direta influência das condições de saúde
do médium, não podendo este, portanto, ser portador de enfermidades, quaisquer que
sejam elas. Incluindo aí o tabagismo e alcoolismo que emprestam ao corpo físico
substâncias impuras e deletérias, impregnando evidentemente o fluido que vai ser
doado. E além do aspecto do dano físico, não se pode esquecer do aspecto moral do
viciado de qualquer natureza, que sem dúvida é condição indispensável para a mediunidade
de cura.
06 – O Espírito pode agir diretamente, sem intermediário, sobre um indivíduo,
como foi constatado em muitas ocasiões, quer para aliviar e o curar, se possível,
quer para produzir o sono sonambúlico. Caso aja por intermediário, trata-se
de mediunidade curadora.
Os Espíritos podem curar sem a intermediação de alguém, se for necessário. Sabendo-se
que os fluidos dos Espíritos superiores são depurados e extremamente mais ativos
e salutares que os dos encarnados, pode-se entender que é bem fácil para eles atender
às necessidades das criaturas, evidentemente dentro de um plano traçado por Deus
para seus filhos.
Isto fundamenta os casos de tratamentos espirituais à distância, em que as equipes
são solicitadas pelos trabalhos estruturados dessa forma, ao atendimento de pessoas
necessitadas, dentro de uma norma preestabelecida pelo grupo de encarnados. Esses
Espíritos visitam os doentes em hora determinada e aliviam ou curam muitos males,
conforme nos fala a experiência de muitos grupos que trabalham nesse sentido.
O descrédito de algumas pessoas em relação a esse tipo de assistência, se deve
ao desconhecimento da dinâmica dos fluidos, da realidade do mundo espiritual e da
grandeza da Criação. Permanecendo no estreito entendimento das coisas divinas, não
podem admitir que algo exista sem que seus sentidos sejam impressionados, sem que
a ciência oficial dê sua sanção. De um lado, a ignorância que oblitera a razão,
de outro o orgulho que impede a busca do conhecimento maior.
Felizmente, Deus não necessita que suas criaturas acreditem Nele para que Sua
obra se concretize. Tendo pessoas de bem que possam se dispor a esse tipo de trabalho
e que tenham as condições orgânicas, Ele envia os recursos espirituais necessários.
Nos centros espíritas onde existe esse tipo de atendimento, a equipe marca data
e hora para realizar a visita espiritual. No momento aprazado, os doentes permanecem
em prece, colocando-se em condições psíquicas de serem auxiliados.
07 – O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito, ao passo que
o magnetizador tudo tira de si mesmo. Mas os médiuns curadores, na estrita acepção
da palavra, isto é, aqueles cuja personalidade se apaga completamente ante a
ação espiritual, são extremamente raros, pôr que essa faculdade, elevada ao
mais alto grau, requer um conjunto de qualidades morais, raramente encontradas
na terra; só esses podem obter, pela imposição das mãos, essas curas instantâneas,
que nos parecem prodigiosas. Muito poucas pessoas podem pretender este favor.
Sendo o orgulho e o egoísmo as principais fontes de imperfeições humanas. Dai
resulta que os que se gabam de possuir este dom, que vão a toda parte contando
curas maravilhosas que fizeram, ou dizem ter feito, que buscam a glória, a reputação
e o proveito, estão nas piores condições para o obter, porque essa faculdade
é o privilégio exclusivo da modéstia, da humildade, do devotamento e do desinteresse.
Jesus dizia àqueles a quem havia curado: Ide dar graças a Deus e não digais
a ninguém.
Pode-se deduzir desse texto a importância que tem a depuração espiritual
do médium curador. De fato só a boa vontade não basta, pois carece ter condições
de trabalhar em tão digna missão de alívio e curas de males. Tendo essa faculdade
estreita relação com a modéstia, humildade, devotamento, altruísmo e abnegação,
pode-se compreender a razão pela qual ela não é comum em nosso meio cheio de imperfeições.
Isso, porém não deve desanimar aqueles que tem em seu coração o desejo de servir
nessa área. Pelo contrário, deve servir de estímulo para o crescimento interior,
já que a prática se alia a uma constante avaliação de si mesmo. Podemos auxiliar
os Espíritos nesse mister se nos propusermos a servir com dedicação e sinceridade
aos propósitos nobres do amor ao próximo. O orgulho e o egoísmo, sendo as molas
mestras de todo o processo de atraso do ser, devem ser extirpados gradativamente,
através de exame sincero de si mesmo.
08 – Sendo, pois, a mediunidade curadora uma exceção aqui na terra resulta
que há quase sempre ação simultânea do fluido espiritual e do fluido humano;
quer dizer que os médiuns curadores são todos mais ou menos magnetizados, razão
por que agem conforme os processos magnéticos. A diferença está na predominância
de um ou do outro fluido e na cura mais ou menos rápida. Todo magnetizador pode
tornar-se médium curador, se souber fazer-se assistir por bons Espíritos. Neste
caso os Espíritos lhe vem em ajuda, derramando sobre ele seu próprio fluido,
que pode decuplicar ou centuplicar a ação do fluido puramente humano.
A mediunidade curadora é, por assim dizer, uma bênção e um favor do Alto para
seus filhos, utilizando da ação benfazeja dos fluidos emanados do médium, que por
sua vez, precisa ser dotado de qualidades específicas, tanto no aspecto físico quanto,
e principalmente, no aspecto espiritual. Se depende do médium ser assistido ou não
por bons Espíritos, só a ignorância poderia justificar alguém que tenha o Dom, não
buscar as condições de melhoria íntima para que tal se dê.
Os fluidos vindos dos Espíritos superiores tem a capacidade de qualificar, direcionar
e aumentar os fluidos dos encarnados, razão pela qual a atitude do médium deve ser
a de trabalhar incessantemente pela sua melhoria a fim de merecer a atenção e ajuda
desses missionários do Além. Essa é a única maneira de se obter a companhia deles.
Não há outra.
09 – Os Espíritos vêm aos que querem; nenhuma vontade pode constrangê-los;
eles se rendem a prece, se esta for fervorosa, sincera, mas nunca por injunção.
Disto resulta que a vontade não pode dar a mediunidade curadora e ninguém pode
ser médium curador com desígnio premeditado. Reconhece-se o médium curador pelos
resultados que obtêm e não por sua pretensão de o ser.
Ao contrário do que se pensa, mesmo aqueles que têm o dom natural da mediunidade
curadora, não poderão exercê-la plenamente sem a ação dos bons Espíritos. Como a
esses é dado escolher com quem querem trabalhar, buscarão os que possuem de fato
o verdadeiro sentimento de amor ao próximo, vasculhando as reais pretensões de cada
um. Embora seja um dom natural, um fluido específico de cura, não há como se saber
que se o tem, se não for pela experimentação. Os resultados do trabalho dirão se
aquele médium é portador do dom de curar. Sempre bom lembrar que a presunção de
ter o dom, quase sempre funciona como um antídoto para ele.
10 – Mas se a vontade for ineficaz quanto ao concurso dos Espíritos, é onipotente
para imprimir ao fluido, espiritual ou humano, uma boa direção e uma energia
maior. No homem mole e distraído, a corrente é mole, a emissão é fraca; o fluido
espiritual pára nele, mas sem que o aproveite; no homem de vontade enérgica,
a corrente produz o efeito de uma ducha. Não se deve confundir a vontade enérgica
com teimosia, porque esta é sempre resultado do orgulho ou do egoísmo, ao passo
que o mais humilde pode ter a vontade do devotamento. A vontade é ainda onipotente
para dar aos fluidos as qualidades especiais apropriadas à qualidade do mal.
Este ponto, que é capital, se liga a um principio ainda pouco conhecido, mas
que está em estudo: o das criações fluidificas e das modificações que o pensamento
pode produzir na matéria. O pensamento, que provoca uma emissão fluídica, pode
operar certas transformações, moleculares e atômicas, como se vêem ser produzidas
sob a influencia da eletricidade, da luz, ou do calor
Sabe-se que o fluido espiritual é uma das variações do fluido cósmico universal.
É a atmosfera dos seres espirituais, estando pois impregnada das qualidades boas
ou más dos pensamentos que são emitidos. Sabe-se também que os fluidos são o veículo
do pensamento e que a vontade é atributo do Espírito. Pela vontade, o Espírito pode
agir sobre a matéria através da emissão fluídica provocada pelo pensamento, operando
certas transformações moleculares na matéria.
No caso das curas, trata-se de substituir uma molécula doente por outra sadia.
Portanto, a potência curadora depende tanto da qualidade da substância doada quanto
da energia que se imprime a ela pela vontade. O Espírito, encarnado ou desencarnado,
é o agente dessa vontade. Se for impelido pelo ardente desejo de ajudar o próximo,
e imprimir nisso uma vontade enérgica, a emissão fluídica será mais abundante.
Da mesma forma, mesmo seja o médium portador do fluido curador, nada poderá fazer
se não tiver firme. Seus pensamentos não têm o influxo fluídico necessário para
imprimir no corpo perispiritual as modificações necessárias.
11 – A prece, que é um pensamento, quando fervorosa, ardente, feita com fé,
produz o efeito de uma magnetização, não só chamando o concurso dos bons Espíritos,
mas dirigindo ao doente uma salutar corrente fluídica. À respeito chamamos a
atenção para as preces contidas no Evangelho Segundo o Espiritismo, pelos doentes
ou pelos obsedados.
Entendendo que os fluidos transportam o pensamento do Espírito, não é difícil
entender a importância da prece nos fenômenos de cura. A mulher curada por Jesus
de uma hemorragia, recebeu o benefício sem qualquer ação consciente do Mestre, apenas
pela fé que tinha Nele, o que funcionou como uma força de atração da corrente magnética
potencialmente curadora que tinha Jesus.
A prece, sendo uma evocação, é essa força atrativa de pensamento e se for sincera,
fervorosa e sem segundas intenções, atrai para junto de nós os bons Espíritos, que
nos fortalecem, aumentam e qualificam os nossos fluidos. Funciona como uma magnetização,
pois emite igualmente uma corrente fluídica sobre o indivíduo.
Compreende-se, então, a importância que é o hábito da prece em todos os procedimentos
de cura que forem realizados. Através dela os Espíritos superiores nos atendem dependendo
do merecimento e do grau de moralidade de cada um.
12 – Se a mediunidade curadora pura é privilégio das almas de escol, a possibilidade
de suavizar certos sofrimentos, mesmo de os curar, ainda que não instantaneamente,
umas tantas moléstias, a todos é dada, sem que haja necessidade de ser magnetizador.
O conhecimento dos processos magnéticos é útil em casos complicados, mas não
indispensável. Como a todos é dado apelar aos bons Espíritos, orar e querer
o bem, muitas vezes basta impor as mãos sobre a dor para a acalmar; é o que
pode fazer qual quer um, se trouxer a fé, o fervor, a vontade e a confiança
em Deus. É de notar que a maior parte dos médiuns curadores inconscientes, os
que não se dão conta de sua faculdade, e que pôr vezes são encontrados nas mais
humildes posições e em gente privada de qualquer instrução, recomendam a prece
e se ajudam orando. Apenas sua ignorância lhes faz crer na influência desta
ou daquela fórmula. Às vezes, mesmo, a isto misturam práticas evidentemente
supersticiosas, às quais se deve emprestar o valor que merecem.
Quem pode ser médium curador? Quem tem o dom. E o que é o dom? É um fluido magnético
específico para agir no campo da matéria, que algumas pessoas possuem, mesmo sem
o saber.
E quem pode curar? O médium que fundamenta suas ações na humildade, na dedicação
e no amor ao próximo e, principalmente na submissão à vontade de Deus. A estes aliam-se
os Espíritos superiores que trabalham neste campo de alívio dos sofrimentos humanos.
E como saber quem tem o dom? A única maneira é realizando a experiência nas pessoas
de bem, a menos que ela se manifeste espontaneamente, o que é raro.
Porém, diz Kardec que qualquer um que trouxer a fé, o fervor, a vontade e a confiança
em Deus pode suavizar os sofrimentos ou mesmo os curar, pois a todos é dada a oportunidade
de fazer o bem, não pela condição individual do ser encarnado neste planeta, mas
por misericórdia divina, para seu adiantamento espiritual.
13 – Mas, porque se obtiveram resultados satisfatórios, uma ou mais vezes,
seria temerário considerar-se médium curador e daí concluir que se pode vencer
toda espécie de mal. A experiência prova que, na acepção restrita da palavra,
entre os melhores dotados não há médiuns curadores universais. Este terá restituído
a saúde a um doente e nada fará sobre outro; aquele terá curado um mal numa
pessoa e não curara o mesmo mal uma outra vez, no mesmo doente ou em outro;
aquele outro terá a faculdade hoje e não a terá amanhã, e poderá recuperá-la
mais tarde, conforme as afinidades ou as condições fluídicas em que se encontre.
A mediunidade curadora não se opera exclusivamente conforme a vontade do médium,
pois depende da afinidade fluídica existente entre o fluido do médium, do doente
e do Espírito que está realizando o trabalho de cura e, acima de tudo, da permissão
de Deus. A faculdade desses indivíduos apresentam graus variados de energia, conforme
sua aptidão pessoal e a natureza dos Espíritos pelos quais são assistidos.
Compreendendo-se a ciência dos fluidos, pode-se entender a grande importância
das afinidades fluídicas em todos os fenômenos da mediunidade. Algumas pessoas são
bons condutores do fluido espiritual e outras não o são. A mediunidade curadora
está fundamentada na ação fluídica de um indivíduo sobre outro, podendo esta ser
mais ou menos instantânea, dependendo de vários fatores.
Algumas pessoas conseguem curar mesmo acidentalmente algumas vezes, e para determinado
caso. Outros curam determinadas doenças e não curam outras. Outros beneficiam alguns
tipos de enfermidades, mas poderão nada fazer em outro indivíduo com a mesma enfermidade.
Há que se considerar que o fluido próprio de certas doenças pode ser refratário
ao fluido do médium, não havendo aí afinidade fluídica, condição fundamental para
que se opere o benefício.
Por isso os verdadeiros médiuns curadores não prometem curas, pois sabe que não
depende dele a realização da obra e sim da vontade de Deus.
Além do mais as doenças tem causas diversas, não havendo portanto um fluido curador
universal que atendesse a todas as inúmeras doenças existentes no planeta. Conclui-se,
pois que não há médiuns curadores universais.
14 – A mediunidade curadora é uma aptidão, como todos os gêneros de mediunidade,
inerente ao indivíduo, mas o resultado efetivo dessa aptidão independe de sua
vontade. Incontestavelmente ela se desenvolve pelo exercício, sobretudo, pela
prática do bem e da caridade; mas como não poderia ter a fixidez, nem a pontualidade
de um talento adquirido pelo estudo, e do qual se é sempre senhor, não poderia
tornar-se uma profissão. Seria, pois, abusivamente que alguém se apresentasse
ao público como médium curador. Estas reflexões não se aplicam ao magnetizadores,
porque a força está neles e tem a liberdade de dela dispor.
Aqui Allan Kardec não deixa dúvidas quanto à nobreza e superioridade da tarefa
cumprida pela mediunidade de cura, pois afirma peremptoriamente que a faculdade
se desenvolve pelo exercício do amor ao próximo. Segue daí que uma pessoa que se
dedica a trabalhar no campo do Bem, em auxílio a seus semelhantes, pode ser experimentado
nessa atividade, pois pode ser que tenha o germe de sua potencialidade em estado
latente, que crescerá à medida que for desenvolvendo o trabalho.
Por outro lado, as pessoas que têm o dom, ainda que exuberante, da mediunidade
curadora podem perdê-la se não se fizer digno da tarefa. Por essa razão, alguns
médiuns perdem sua faculdade quando atribuem a si todo o mérito e faz disso um móvel
para satisfação de sua vaidade.
Portanto, como todo gênero de mediunidade, esta também requer um preparo do médium
no campo da moralização a fim de que possa ser utilizada proveitosamente. Embora
seja uma aptidão pessoal do médium, os resultados dela independem de sua vontade,
uma vez que ele será intermediário de um fluido mais purificado que na verdade é
o que vai agir sobre as células doentes. Se não tiver as condições morais necessárias
será um condutor deficiente, além de não contribuir com seu próprio fluido para
o bom desfecho da missão.
15 – É um erro crer que os que não partilham de nossas idéias não terão a
menor repugnância em experimentar esta faculdade. A mediunidade curadora racional
está intimamente ligada ao Espiritismo, desde que repousa essencialmente no
concurso dos Espíritos. Ora, os que nem crêem nos Espíritos, nem na alma, e
, ainda menos, na eficácia da prece, não poderiam colocar-se nas condições requeridas,
pois isto não é coisa que se possa experimentar maquinalmente. Entre os que
acreditam na alma e em sua imortalidade, quantos ainda hoje não recuariam de
medo ante um apelo aos bons Espíritos, por medo de atrair o demônio e ainda
julgam de boa fé que todas as curas sejam obra do diabo? O fanatismo é cego;
não raciocina. Certamente Não será sempre assim, mas ainda passará muito tempo
antes que a luz penetre em certos cérebros. Enquanto se espera, façamos o maior
bem possível com o auxílio do Espiritismo; façamo-lo mesmo aos nossos inimigos,
ainda que tivéssemos de ser pagos com a ingratidão. É o melhor meio de vencer
certas resistências e de provar que o Espiritismo não é tão negro como alguns
pretendem.
Para que se promova a cura através da mediunidade curadora, existem três
fatores os quais devemos compreender, ou pelo menos crer: a existência do mundo
espiritual, a manipulação dos fluidos pelos Espíritos, e um fluido especial existente
no encarnado.
O processo da transmissão dos fluidos curadores se dá de Espírito a Espírito,
melhor dizendo de perispírito a perispírito e deste ao corpo carnal.
Ora, as pessoas descrentes dessas realidades não poderão se colocar em condições
de receber ajuda oferecida, pois a afinidade fluídica é quase nula, o que impossibilita
a ação, pois sua descrença funciona como uma força repulsiva, conforme nos ensina
Kardec. Além do mais, dentro de sua suposta sabedoria, creditam tudo ao fanatismo
religioso, não se dando ao trabalho de examinar a questão sob a ótica da razão.
Todos esses fenômenos são procedimentos naturais, decorrentes das próprias forças
da Criação, que a ignorância chamou (e ainda chama) de milagre, mas que a Doutrina
Espírita veio explicar ponto a ponto. Mediunidade curadora, pois, praticada de maneira
racional, só se pode conseguir com as orientações do Espiritismo.
Conclusão
O objetivo do trabalho de atendimento a enfermidades físicas é curar quando possível,
aliviar muitas vezes e confortar sempre. Há que se considerar que não havendo médiuns
curadores universais, não haverá também possibilidade de tudo ser resolvido por
este meio. Isso seria derrogar os esforços do homem diante da ciência médica, desvendando
as causas e tratamentos de moléstias do corpo que são verdadeiros flagelos humanos.
Entretanto as curas espirituais são uma realidade e seria muito proveitoso para
todos se a medicina terrena aliasse seus conhecimentos ao estudo dos fenômenos magnéticos
ou fluídicos, pois entraria em um campo de investigação excepcional, com evidentes
progressos para a Ciência oficial.
Assim não se dá por se tratar de atividade que ainda se liga ao fanatismo religioso,
o que afasta as pessoas, que se julgam cultas e sábias do que acham ser improvável
por ser impalpável ou intangível. Se elas se dessem ao trabalho de analisar antes
de rotular, veriam que todas as explicações estão nas leis naturais e nada se dá
fora dela.
Na verdade, a doença, com sua diversidade de causas, é apenas o efeito de uma
desorganização perispiritual, com repercussão orgânica. No conhecimento das causas
reside a escolha da terapêutica adequada. O móvel de tudo, entretanto é a situação
evolutiva da criatura que ainda necessita de corrigendas determinadas pela Lei Divina.
Daí a importância de se instruir o paciente para a reformulação de hábitos e princípios
morais, desde que todos os males são decorrentes da imperfeição humana.
Dentro da diversidade das causas das doenças pode-se citar aqui um trecho bastante
esclarecedor, dos estudos de Allan Kardec:
“Duas afecções que apresentam, na aparência, sintomas idênticos, podem ter
causas diferentes; uma pode ser determinada pela alteração das moléculas orgânicas
e, neste caso, é necessário reparar, substituir, como me disseram, as moléculas
deterioradas por outras sãs, operação que só se faz gradualmente; a outra, por
infiltração, nos órgãos sãos, de um fluido mau, que perturba as suas funções.
Neste caso não se trata de reparar, mas de expulsar. Esses dois casos requerem
no fluido curador qualidades diferentes. No primeiro, é preciso um fluido mais
suave que violento, sobretudo rico em princípios reparadores; no segundo, um
fluido energético, mais próprio à expulsão do que à reparação; segundo a qualidade
desse fluido, a expulsão pode ser rápida e como por efeito de uma descarga elétrica.
Subitamente livre da causa estranha que o fazia sofrer, o doente sente-se aliviado
imediatamente, como acontece na extirpação de um dente estragado. Não estando
mais obliterado, o órgão volta ao seu estado normal e retoma suas funções” –
(Revista Espírita, março de 1868).
Entende-se, portanto, o mecanismo das curas instantâneas e a razão pela qual
ela não se dá com freqüência. Evidente que entre esses dois tipos de causas de doenças,
há uma imensidão de variações em que as duas causas se interpenetram em diferentes
situações, o que é mais freqüente encontrar.
Sendo o fluido curador um verdadeiro agente terapêutico e dependente das qualidades
físicas e morais do portador, deduz-se que existem inúmeras qualidades de fluidos,
como são inumeráveis as características de cada um. Compreendendo, através dos estudos
realizados por Allan Kardec, que para que se efetue a cura é necessário que haja
“adequação das qualidades do fluido à natureza e à causa do mal”, pode-se concluir
que tudo se dá obedecendo a princípios básicos das leis naturais, incluindo aí a
lei de causa e efeito, não havendo nenhum milagre ou fato sobrenatural.
Esperamos, com este despretensioso estudo, colaborar para que as casas espíritas
se coloquem em condições de atender neste campo de ação, por entendermos ser obrigação
de todo cristão tentar aliviar a dor dos seus semelhantes. Nada mais sublime do
que associar a esta vontade a ação dos Espíritos que trabalham em nome do Bem, aguardando
com fé, perseverança, devotamento, humildade e abnegação que a obra seja realizada.