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Controle da Mediunidade – Controle da Identidade

Em um fascículo precedente, abordamos sucintamente o problema da obsessão
(ação moral ou física dos desencarnados sobre os encarnados), através alguns
exemplos vividos por muitos de nosso grupo. Esta questão é bem conhecida dos
espíritas tanto mais que ela foi largamente explicada por Allan Kardec em seus
livros como “O Livro dos Médiuns” ou “O Evangelho Segundo o
Espiritismo
“. Nosso propósito não é o de repetir esses textos, facilmente
acessíveis, mas dar exemplos concretos, vivenciados, mais particularmente no que
tange ao controle dos Espíritos que se manifestam por intermédio dos médiuns.

A experimentação mediúnica não está isenta de vicissitudes e não há chefe de
grupo que não tenha sido objeto da ação de espíritos brincalhões. Dificuldades
dessa espécie são o sal da prática mediúnica porque elas permitem melhor
apreciar, pelos médiuns confirmados, o prazer do trabalho bem feito.

No início da fundação do Centro Espírita (do qual finalizamos uma parte bem
mais tarde), havia apenas um médium falante em transe, o irmão Botella e muita
boa vontade entre os assistentes, mas nenhum meio de controle; a fundadora do
grupo, irmã Maria MUNOZ, estava ausente por causa de seu estado físico precário.
No decorrer de uma sessão, o médium tendo transmitido uma mensagem moral de alta
elevação, a pedido do presidente da sessão, o espírito comunicante deu como
identidade esse nome: o Anjo Azul. Os assistentes ficaram perplexos.

Esta pequena estória parece de uma ingenuidade surpreendente; mas, não temos
já lido na literatura espírita ou metapsíquica que a médium do professor
Flournoy, Melle H.S. transmitia mensagens de um espírito marciano em linguagem
marciana, o que foi objeto do livro, se nossa lembrança for precisa, “Da Índia
ao Planeta”? O médium desenhista Victorien Sardou (o acadêmico) não desenhou a
casa de Mozart no planeta Júpiter? Bastante recentemente, não se manifestava
regularmente, em um grupo parisiense, um espírito habitante do planeta Plutão?
Quantas outras manifestações também extravagantes não são conhecidas?

É evidente que sem meios de controle não importa qual espírito farsante na
erraticidade, pode se divertir às custas daqueles que o escutam; e se o médium
pratica solitariamente, como poderá saber de quem ele se trata? O controle da
mediunidade ou da identidade é indispensável; isso se faz com a ajuda dos
espíritos guias do grupo por intermediação de outros médiuns
; de onde a
vantagem de praticar em grupo.
A presença de um médium vidente (que vê os
espíritos) é o ideal, sobretudo no início da prática mediúnica de um médium
principiante.

Eis aqui um exemplo de vidência no decorrer de uma sessão do grupo; este não
é, propriamente falando, um controle de mediunidade porque todos os médiuns eram
confirmados, mais acima de tudo uma demonstração da colaboração existente entre
os planos espiritual e humano. O médium vidente era o irmão Botella.

“À direita do médium J.S., vejo um homem de 55 a 6O anos, barba
grisalha, fronte bastante desenvolvida; ele diz se chamar Etienne. À esquerda do
médium J.S.: o irmão Espinoza e do seu lado o irmão André em seu costume
talhado.

À direita do médium A.: o irmão Barthelemy, diante do médium A: o
irmão Augusto. Acima do médium A: uma grande auréola, uma luz muito clara com
três raios partindo para a direita, para o alto e para a esquerda. À esquerda do
médium A: a irmã Maria Munoz e próximo dela, o irmão Chiapoli. Ao seu lado, o
irmão Georges o ex-banqueiro, uma jovem de quatorze anos com um buquê de flores,
chamada Anita; perto dela sua mãe, após o irmão Georges, guia do médium H.S.

À esquerda do médium H.S.: um jovem de 17 a 18 anos chamado Jean,
atrás do médium H.S.: uma irmã de 35 a 40 anos, um lenço branco sobre a cabeça
protegendo seu maxilar (a bela irmã do médium H.S.).

À esquerda do médium B.: um irmão de certa idade, 65 a 70 anos, bigode
e barba raspados, chamado André, de baixa estatura, de onde seu apelido “pequeno
André”, sempre sorrindo, ele procura trabalhar com o irmão B.”

O controle pode ser feito por qualquer outro médium confirmado, geralmente o
presidente da sessão, ele mesmo médium, evidentemente. Não é necessário ter faro
policial uma vez que os eventos falam de si mesmos. Tendo o presidente da sessão
a faculdade de médium desenhista, os guias espirituais o advertiam desenhando um
símbolo: um caixão com a tampa levantada e uma máscara negra em cima
significando um espírito na escuridão (na erraticidade).

Diz-se que se reconhece a árvore por seus frutos. Reconhecer as qualidades de
um espírito por sua mensagem não é um critério suficiente. O exemplo seguinte o
demonstra: a sagacidade do presidente de sessão sendo pego em falta.

Aqui está um controle por um médium desenhista:

Um médium falante dava uma mensagem espiritual sobre um assunto moral
refletindo um profundo e verdadeiro sentimento. Ao mesmo tempo, o médium
desenhista desenha um tronco de árvore depois as raízes até aos primeiros galhos
e atrás desse tronco, um rosto meio dissimulado onde se percebe uma parte da
testa, um olho, a bochecha e uma parte do queixo. A sessão se desenrola
normalmente durante um longo tempo, até que o espírito desenhista diz a seu
médium:

“Então, isso não é tudo o que lhe foi dito?”

O médium não tinha compreendido que existia uma relação entre o desenho e a
mensagem; porque do ponto de vista da doutrina espírita, a mensagem era
impecável. Na realidade, esse espírito estava na erraticidade e tinha sido
trazido à sessão por seu guia espiritual; sentindo um ambiente simpático, ele
experimenta a necessidade de se fazer entender, com tanto mais facilidade porque
estava habituado a tratar de assuntos morais, por ter sido pároco na existência
que tinha deixado. Essa foi, para o grupo, a ocasião de explicar-lhe sua
verdadeira situação espiritual; ele nos agradeceria por meio de uma colaboração
continua em nossos trabalhos.

Eis aqui o controle da faculdade de um médium vidente principiante e a
confirmação de suas qualidades:

No fim de uma sessão, uma dama relativamente jovem, assistindo pela primeira
vez aos nossos trabalhos, me disse: “Tenho visto meu pai, é ele que lhe tem
feito falar”. O fato estava exato. Porquanto, nada na mensagem, no tocante à
doutrina, poderia deixar supor a identidade do espírito comunicante. Esta
pessoa, entusiasmada, voltou nas sessões seguintes e sua mediunidade progrediu a
passos largos, porquanto ela cada vez mais via entidades espirituais. O controle
de sua faculdade mediúnica se produziu em uma das sessões seguintes.

Um médium falante deu uma mensagem sobre o Amor Fraternal. Eu registrava o
texto em estenografia. A cada cinco a dez linhas, havia um rápido tempo de
espera. Meu guia me fazia escrever o nome da entidade que acabava de dar a
mensagem porque a cada parada, havia uma mudança da entidade espiritual falando
sobre o mesmo assunto. No final, havia então seis nomes que eu era o único a
conhecer, isso fora feito tão discretamente e tão rapidamente que certamente as
pessoas da assistência não se aperceberam do que quer que seja. Meu guia me fez
escrever então à atenção da médium vidente:

“Pergunte-lhe o que ela viu”.

Imediatamente ela deu os dois primeiros nomes, corretamente e na ordem. Ela
ignora o nome do espírito que falou em terceiro lugar, mas o descreve
perfeitamente tal qual nós o conhecemos sob seu aspecto físico. Meu guia tomou o
lápis e, de um só traço rápido, desenhou o retrato de perfil desta entidade que
a médium admiravelmente reconheceu bem, evidentemente; eu lhe disse seu nome.
Ela nomeia a quarta entidade, sempre exatamente. Para os dois últimos, ela vê
apenas luzes, como sóis, mas não resplandecentes, sendo o último mais vivo. Sei
que ela não pode ver esses espíritos sob seu aspecto físico. O exame probatório
está concluído.

Evidentemente, se poderá dizer que a médium vidente sabia os nomes por
transmissão de pensamentos ou lido no meu subconsciente ou outra hipótese. Nesse
caso, ela teria dado os nomes do terceiro, do quinto e do sexto orador
espiritual, pois que eu os conhecia. Por que teria ela descrito o terceiro do
qual eu sequer pensava na aparência física? A experiência feita com esta médium
vidente era de uso exclusivo do grupo, então de espíritas convictos. Para a
demonstração “científica” desta mediunidade (no sentido humano da palavra)
refira-se aos livros espíritas, metapsíquicos ou outros, etc.

Eis um outro exemplo de controle: o meio empregado é totalmente diferente dos
precedentes.

Um homem relativamente jovem veio nos encontrar nos informando da eclosão de
uma faculdade mediúnica que ele praticava em sua casa no meio familiar. Nós o
conhecemos anteriormente por havê-lo visto assistindo à nossas sessões, mas
ignorávamos sua nova atividade. Sabíamos que ele estava obsediado e não
queríamos fazê-lo sofrer dizendo-lhe isso brutalmente; de mais, ele não nos
acreditaria, se bem que conhecesse perfeitamente o problema.

Ele desejava nos mostrar seu talento mediúnico e insistia repetidamente para
fazer uma demonstração no decorrer de uma de nossas sessões. Acabamos por
aceitar, embora conhecendo de antemão o resultado.

A sessão se desenrolava como de hábito e a palavra lhe foi dada. Ele se
enrijece, tomado por uma entidade espiritual que sentia perfeitamente, mas coisa
curiosa para ele, contrariamente ao de costume, nenhum som saía de seus lábios;
seus olhos exprimiam a surpresa ou o desassossego e malgrado seus apelos para
sua mente, nenhuma palavra era pronunciada. Após um momento, ele tira uma cruz
de madeira presa a uma corrente, que colocara sobre o peito; ele ora por
pensamento sem dúvida, em vão; seu silêncio durou uns vinte minutos, talvez
mais. Falando com articulação fácil em casa, ele estava estupefato diante do
resultado negativo de sua demonstração.

Os membros assistentes do grupo permaneceram passivos durante todo o tempo
desta operação.

O que se passou?

Os guias espirituais, que dirigiam os trabalhos, fizeram que se retirasse o
espírito obsessor preso ao médium e formaram uma barreira em volta dele,
impedindo a influência espiritual de agir sobre seu órgão vocal. Estando ele
mesmo insensibilizado, não pode falar por si próprio; permaneceu consciente, mas
mudo apesar de seus esforços. Esse médium compreendeu muito bem a lição.

Nós temos tido várias vezes ocasião de assistir a demonstrações semelhantes.
Geralmente, em vez de perseverar, o médium principiante prefere se retirar para
sua torre de mármore.

Eis um outro exemplo de controle de identidade; ele traz um ensinamento
indireto que não deve ser negligenciado.

O médium escrevente H.S. acaba de dar uma mensagem de seu guia espiritual, o
irmão Georges. Geralmente as mensagens desse espírito tratam da Bondade e da
Caridade. Nessa que acaba de dar, deixa entender que ele foi a personagem
historicamente conhecida sob o título de pacificador do Marrocos. O médium
esqueceu ou ignorou que seu nome não era Georges.

No fim da sessão, o médium vidente descreveu este espírito sob um aspecto
físico que não tinha nenhuma semelhança com aquele bem conhecido do homem que
havia sido. Perplexidade! Estava-se em presença de um espírito brincalhão?

O médium falante cai em transe, tomado pelo irmão Georges que explica isto:
“A mensagem escrita corresponde bem à realidade, mas eu me mostrei ao médium
vidente sob a aparência física que tinha antes de minha última encarnação, em
que meu nome era Georges, porque é esta a que prefiro me lembrar, por ter em seu
decorrer muito sofrido e evoluído”.

Edição eletrônica original:

Centre spirite Lyonnais Allan Kardec
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