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Doutrina Espírita – Reflexões

Doutrina Espírita – Reflexões

Quando nos encontramos na impossibilidade de compreender a vida que vivemos,
dificilmente lembramos do bem que significa estarmos vivos e no lugar onde nos
situou a própria vida, seguramente pensamos e repensamos a respeito de nossa
situação e a circunstância vivida no presente instante, como se este momento
atual representasse a única realidade de nossa existência. Exatamente a
incapacidade de percebermos a realidade mais profunda e determinante, em relação
às nossas atitudes vividas em todas as existências anteriores, motiva o não
conseguirmos compreender que a somatória dos valores vividos está em nossas
expressões e caracteres, porém é preciso também considerar que todas as
circunstâncias deste momento caracterizam o que somos. Nos é determinado
suportar e participar, para nosso devido amadurecimento, um acordar consciente
na consciência de quem somos e para que fins aqui estamos, pois esta é nossa
casa; o Universo onde estamos nos pertence, é a Casa do Pai.

As diferentes moradas que povoam o Universo circulam no espaço infinito
explicando, assim, simbolicamente, que o próprio homem é infinito e eterno. De
acordo a cada uma dessas moradas poderemos identificar a qualidade potencial,
evolutiva e moral de cada núcleo de habitantes.

“…Meu reino ainda não é aqui…” “Aquele que pertence à Verdade escuta a
minha voz.”

Jesus se refere claramente à vida futura, meta que a humanidade deve atingir,
e a maior preocupação do homem na terra. A vida futura fundamenta os preceitos
morais de Jesus, e pode ser considerada o eixo de seus ensinamentos.

A vida futura é “o ponto de mira”, o facho que ilumina o caminho do homem,
dando sentido e direção.

É mediante essa certeza na vida futura, que tudo se suporta e aceita, pois
ela justifica todas as anomalias da vida terrena, e está em plena conjunção com
a justiça de Deus.

Se não fundamentarmos nossa vida nessa compreensão, possivelmente não
abandonaremos as idéias materialistas de nossa existência, e poderemos estar
exigindo da Vida e de Deus compensações transitórias.

Não obstante, é necessário esclarecer que essa é uma visão de mundo arraigada
em nossas concepções estreitas, a respeito da realidade que nos anima.

Dos mundos, o espiritual eterno, onde a justiça de Deus segue curso, é onde
os bons e virtuosos acharão suas compensações, pois, a moeda lá é a virtude e a
bondade.

“Aquele que escuta minha voz pertence à Verdade”. Este é seu Reino, e para lá
Ele foi quando deixou a Terra, para lá vamos todos que ouvimos Sua voz.

A vida futura é um princípio, uma lei da natureza, e a cuja ação ninguém
consegue ou conseguirá fugir.

A vida futura com o Espiritismo se torna uma patente realidade, que os fatos
demonstram.

Os relatos dos testemunhos, agora é possível imaginá-los, pois eles pintam
suas vidas, como são feitas, e reconhecem e declaram que não podemos ser de
outra maneira. Patente fica então a verdadeira justiça de Deus.

As qualidades que caracterizam o Ser constituem seu mérito, isso é
imperecível e permanente. Essas qualidades o acompanham sempre, mesmo após a
desencarnação.

É ao que o Cristo se refere: “Sou Rei mas meu Reino não é deste mundo”.

O ponto de vista, portanto, a respeito da vida futura é extremamente
importante, pois aclara idéias a respeito da fé inabalável.

Qual nossa visão para encarar a Vida na Terra: o outro mundo referido.

Se nos colocamos na vida espiritual, sendo a mesma indefinida, a vida
corpórea é uma simples passagem, um breve estádio. Sendo assim, tudo passará, e
devemos viver a paciência e a resignação.

A morte não mais nos aterrará. Ela é agora porta de libertação. Retornar para
progredir, para atingir bem-aventurança e paz.

É temporária aqui nossa estadia. Devemos dar menor atenção às preocupações
desta vida e maior atenção para nossa vida futura.

Dirigimos então nossa atenção para aquilo que constitui nossos bens reais,
conforme nossa percepção.

Assim propicia a ele próprio calma e tranqüilidade ou auto-tortura, de acordo
ao que sente conforme suas perdas.

A vida futura é mais importante que a vida terrestre, não é temporária e nem
perecível.

Mas tudo isto não traria um amolecimento do caráter desse homem, de sua
capacidade de trabalho e de progresso?

Há que considerar nisso que todo homem procura instintivamente seu bem estar.

Embora aqui por pouco tempo, viverá o melhor que possa. Se algo o incomoda em
sua vida, ele o retirará.

O desejo de bem estar a tudo lho impele, é uma lei da natureza.

Trabalha sempre, por necessidade, dever, gosto, obedece desta forma aos
desígnios da Providência que o colocou na Terra para esse fim.

Portanto o homem que compreenda a respeito da vida futura, dará a esta vida
efêmera uma importância: que diz respeito ao bem, ao correto cumprimento de suas
obrigações para consigo e Deus e, portanto, seu futuro. Os insucessos terão
importância de acordo a essa visão.

Nada aceita ou faz que possa vir em detrimento do seu futuro, da alma. “Meu
Reino não é deste mundo” – dito por Jesus -, devemos aplicá-lo a nós mesmos. A
vida terrestre é um elo magnífico e harmonioso na obra de Nosso Pai, mas que por
nossa imperfeição não conseguimos emular; tornemo-nos harmoniosos com Ele, e
tudo passará a ser magnífico em nosso coração, em nosso Ser.

A bondade conjugará nossas existências, todas e as de cada um de nós, de
todos os seres, em todas suas existências, de todos os seres em todos os mundos.

Por fim, então, estamos na fraternidade universal, solidários, de todas as
partes de um mesmo todo, mediante a aplicação constante, em si próprio e com
todos os seres, da realidade íntima que nos acerca ao Criador: benevolência,
indulgência, abnegação, devotamento, que caracterizam a presença da Caridade em
nós, a verdadeira túnica nupcial.

 

A vida futura é um principio, uma lei da
natureza, e a cuja ação ninguém consegue ou conseguirá fugir.

(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1998)