Espiritualismo e Espiritismo
A tentativa de comunicar-se com os Espíritos desencarnados parece ser uma das
formas que a religião adota nas sociedades humanas e ser amplamente distribuída
no espaço e no tempo. Práticas muito parecidas com as sessões espíritas modernas
tem sido noticiado em várias partes do mundo, como por exemplo, Haiti e entre os
Índios Norte Americanos, e não há razão para supor que estes sejam de origem
recente. O registro de uma sessão de materialização de há muito tempo é
atribuída ao Velho Testamento no que diz respeito à visita de Saul ao
feiticeiro, ou médium, de Endor, no curso pelos quais a materialização apareceu
foi considerada pelo rei como do profeta Samuel (I Sam. 28:7-19). Certos
fenômenos mediúnicos foram noticiados nas tentativas feiticeiras da Idade Média,
particularmente o aparecimento de espíritos na forma quase-material e a obtenção
do conhecimento através dos espíritos. Supõe-se que muitos daqueles perseguidos
pela prática da feitiçaria foram os que hoje denominamos médiuns – embora sua
mediunidade tivesse sido colorida pelo fato de ser organizada no culto proibido,
e os espíritos com os quais a comunicação era estabelecida considerados como
demônios. Alguns fenômenos mediúnicos foram também encontrados entre aqueles
considerados na Idade Média como possuídos pelos demônios, isto é, falando em
línguas desconhecidas do orador e levitação ou levitação parcial.
Espiritualismo como um movimento religioso moderno teve seu começo no século
XIX, quando as irmãs Fox ouvindo certos sons ou pancadas na sua casa em
Hydesville, N. Y., procuraram interpretá-los em termos de comunicação com os
mortos. (Britannica)
4. O MODERNO ESPIRITUALISMO
4.1. FENÔMENO DE HYDESVILLE
De acordo com Arthur Conan Doyle, em seu livro The History of Spiritualism,
“os espíritas tomaram oficialmente a data de 31 de março de 1848 como o começo
das coisa psíquicas, porque o movimento foi iniciado naquela data”. Utiliza-se a
palavra espírita, porque traduziu-se spiritualism por espiritismo. O correto
seria dizer que “os espiritualistas tomaram oficialmente…”.
Partindo desse ponto de vista, iremos dirimir todas as dúvidas e confusões a
respeito desses dois termos, principalmente aqueles relacionados ao espiritismo
americano e ao espiritismo anglo-saxão.
O que foi o episódio de Hydesville? A família Fox (protestante), tendo-se
mudado para Hydesville, pequena cidade de NY, começa a ouvir pancadas. Depois de
algum tempo, cansados daquele incômodo, a filha mais nova do casal, Kate,
desafia o suposto causador do barulho e faz também barulho com os seus dedos,
pedindo para que fosse respondida. A partir daí foi estabelecido um código e
puderam se comunicar. Através deste diálogo (toques, pancadas) descobriu-se que
o barulho era produzido por um espírito, Charles B. Hosma, que havia sido
assassinado naquela casa, e enterrado no porão. Vasculharam o local e nada
encontraram. Contudo, anos mais tarde, quando uma das paredes caiu, verificou-se
a veracidade do fato.
Como vemos, este episódio relata um fato mediúnico, um fenômeno mediúnico.
Ele não foi importante? Sim, pois a partir dessa data, os vivos começaram a se
comunicar com os mortos, que nos dizeres de Conan Doyle, foi uma verdadeira
invasão organizada. Contudo, tal fenômeno não caracteriza o Espiritismo como
doutrina organizada.
4.2 TIPOS DE FENÔMENOS
O Espiritualismo moderno enumera, entre outros, os seguintes fenômenos
mediúnicos:
- “Telepatia” é a comunicação de idéias de um para outro além dos meios
físicos. - “Clarividência” é o poder de ver através de meios outros além do olho
físico. - “Clariaudiência” é o poder de ouvir através de meios outros além do ouvido
físico. - “Levitação” é o levantamento de um objeto por outros meios além dos meios
físicos. - “Materialização” é o aparecimento do espírito em matéria.
- “Transporte” é a produção de objetos sem meios físicos ou a passagem de
objetos através de objetos (i.é., parede) os quais não têm abertura.
4.3. PRÓS E CONTRAS
Como em todo o acontecimento, há sempre os que aprovam e os que desaprovam. A
Igreja, por exemplo, foi uma opositora feroz em virtude de suspeitar do
movimento e seu clamor da nova revelação que poderia ou suplementar ou repor a
revelação cristã. As práticas espiritualistas parecem também a algumas entidades
religiosas ser parte de atividades proibidas da necromancia. Um decreto sagrado
da Igreja Católica Romana em 1898 condenou as práticas espiritualistas, embora
permitindo as investigações científicas legítimas dos fenômenos mediúnicos.
Os defensores do espiritualismo são aqueles que acreditavam na possibilidade
de se comunicarem com um ente querido que já se fora. Além do mais, ao entrarem
em contato com o mundo espiritual, esperavam também um certo consolo, no sentido
de aliviar as suas dores.
5. DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS
Por Doutrina Espiritualista entende-se toda a doutrina que em seus
pressupostos adota a imortalidade da alma. Assim, poder-se-ia arrolar a
Teosofia, o Esoterismo, a Escola Rosacruciana, a Umbanda, o Catolicismo etc.
Se quisermos nos valer de um estudo comparativo, veremos que há pontos de
contato com todas elas, mas a visão espírita dá-lhe um colorido especial.
Tomemos a palavra reencarnação.
O catolicismo não aceita a tese da reencarnação; há muitos grupos orientais
que além de aceitá-la reduzem-na à metempsicose, ou seja, à transmigração da
alma em corpo de animal. A doutrina Rosacruz tem os seus símbolos, as suas
cerimonias, os seus conceitos, a sua maneira, enfim, de explicar o infinito
imanifesto, os sete planos da consciência, a alma do mundo, ou seja, uma
forma simbólica de explicar a reencarnação, o que não acontece com o
Espiritismo.
6. VISÃO ESPÍRITA
“Sob o ponto de vista fenomenológico ou experimental, o Espiritismo tem
relações com o Moderno Espiritualismo ocidental, uma vez que o elemento
primordial desse movimento foi o fato mediúnico. Do mesmo modo, o Espiritismo
tem vínculos com as correntes espiritualistas do Oriente, sob o ponto de vista
filosófico da reencarnação; sob o ponto de vista histórico, entretanto, nem
mesmo com as escolas e doutrinas reencarnacionistas a codificação do Espiritismo
tem liames diretos. Quando se formou a doutrina com o nome de Espiritismo? No
século XIX. As doutrinas orientais, aquelas que têm mais afinidade com o
Espiritismo, em virtude da velha crença na reencarnação , já existiam desde
milênios”. (Amorim, 1989, p. 33)
De acordo com J. H. pires, o Espiritismo é o delta é o ponto de chegada, mas
esse ponto de chegada não é um ecletismo um somar de tudo. É um universalismo
próprio com seus pontos de apoio da razão.
Assim, no que tange à filosofia, pode-se dizer que todo o espírita é
espiritualista , mas nem todo espiritualista é espírita, porque tanto um quanto
o outro acredita na existência de Espíritos, mas não quer dizer que os dois
acreditam em suas manifestações.
No que tange às doutrinas religiosas do século XIX, convém distinguir bem o
termo espiritualismo do espiritismo. Se não o fizermos acabamos confundindo
mediunidade com Doutrina Espírita.
7. CONCLUSÃO
a discussão espiritualismo versus espiritismo desemboca numa conclusão
lógica: o Espiritismo tem autonomia própria, e, Allan Kardec, expressa-a através
da codificação dos seus princípios fundamentais. Embora a revelação espírita
tenha sido de iniciativa dos Espíritos superiores, o trabalho maior coube ao
próprio homem – Allan Kardec – que, através do método teórico-experimental,
elaborou um corpo de idéias que se basta a si mesmo.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- AMORIM, D. O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas. 4. ed.,
Rio de Janeiro, Léon Denis, 1989. - DOYLE, A. C. História do Espiritismo. São Paulo, Pensamento, s.d.p.
- Encarta Encyclopedia:
http://encarta.msn.com - Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro/São Paulo, Encyclopaedia
Britannica, 1993. - Encyclopaedia Britannica:
http://www.britannica.com/ - Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro,
Editorial Enciclopédia, s.d. p. - The Macmillan Encyclopedia. Aylesbury, Market House, 1990.