Evangelização e Educação
Esse procedimento não é fácil embora possa parecê-lo à primeira vista.
Conscientes da verdade que a Doutrina Espírita encerra, nosso primeiro impulso é
tentar dirigir o raciocínio infantil com a nossa lógica, a fim de que ele não
tenha outra alternativa senão aceitar como certo aquilo que estamos afirmando.
Agindo dessa forma, entretanto, praticamos duplo erro: apresentamo-nos à criança
como donos da verdade, aproveitando a ascendência natural que possuímos sobre
ela e impedimo-la de tirar as suas próprias conclusões, tolhendo-lhe a liberdade
de exame.
Se desejamos, sinceramente, evangelizar, despertar para Deus o espírito
infantil, é preciso aprender a dialogar sem impor, conversar conduzindo a
criança não para os nossos pontos de vista, mas para o amor do Cristo, a fim de
que ela possa concluir livremente, ao sabor das suas reais necessidades e da
parcela da verdade que, como Espírito em evolução, possa, no momento, comportar.
Apresentemo-nos às crianças não como professores de Evangelho ou de
Espiritismo, que, evidentemente, não somos, mas como irmãos que desejam trocar
experiências com elas para aprender também. Mostremos-lhes que as suas opiniões
valem tanto quanto as nossas e que só a Doutrina Espírita contém a verdade,
assimilável pelo Espírito de acordo com o seu grau evolutivo.
Sejamos espíritas não só pelas palavras, mas, principalmente pelos nossos
exemplos, façamo-las sentir que realmente as amamos e, assim, por certo, não
estaremos simplesmente doutrinando, mas, em verdade, evangelizando.
Reformador – Fevereiro de 1975