(Diálogo parcial: Cristina/Eduardo)
Cristina Sarraf
– … digo que quase todos que vão ao Centro recebem o chamado passe espírita. E não é só lá! É na maioria dos Centros Espíritas!
– Mas não são doentes. Só a minoria é. Ou seja, participam de algo que se tornou hábito, um ritual, um costume… uma dependência da ajuda de outro!
– Nunca ouvi dizer que é só para cura; mas para aliviar tensões, melhorar as energias, equilibrar… É bom!
– Esse bem cada um pode e deve fazer por si, basta que saiba que pode. É preciso ensinar para libertar!
– Depois que entender direito, estudar, vou procurar a melhor forma de me referir a essa situação…
– Bom… Kardec conhecia e aplicava passes magnéticos porque estudou o Magnetismo e participava de uma sociedade de magnetizadores, voce sabe… Mas para isso é preciso conhecer essa ciência… E adotar alguma técnica, porque não é só estender as mãos, como muita gente pensa. Aliás, a energia não sai pelas mãos… a pessoa se condiciona a isso, mas não é isso.
– Quando aplico passes, sinto calor nas mãos e saindo algo delas.
– É porque psicologicamente canaliza a emissão fluídica pelas mãos. O pensameno é tudo! Mas na realidade, todos temos/somos um campo de energia, e na hora do passe o campo do emissor deve interagir com o de quem recebe e formar um só, embora aquele emita e este receba. Observe-se. Pergunte aos outros.
– Kardec não fala em passe…
– Como espírita, Kardec se refere em A Gênese, cap. XIV – Curas, a ação fluídica e ação magnética. Leia lá.
– Ok. Vou estudar mais. Por enquanto, estou pensando no que posso dizer aos alunos…
– Eu digo que o passe tem um único objetivo: curar!
Até desenvolvo um estudo específico, com execícios de auto domínio, auto-confiança e liberdade.
– Por isso diz que os costumes acabaram banalizando
o passe e fazendo dele um paliativo para tudo?
– Sim. E que deveríamos repensar o assunto. Também verificar que estamos externando e direcionando nossa necessidade humana de colaborar, doar-se e ser útil, para essa prática do passe indiscriminado e ritualizado; uma espécie de elixir genérico; muitas vezes entendido, como um “passe de mágica”.
Ao invés disso, que se ensine as pessoas a confiarem em si e a buscarem energizar-se, numa postura de refazimento, usando a respiração e a sintonizando com as árvores, o Sol, o vento… a Natureza, que emana energia de boa qualidade e não cria dependência!
Vamos treinar e ensinar que diminuam essa postura dependente e infantilóide; e que parem de fazer sintonia leviana, descuidada, com qualquer ideia, notícia má, “fofoca” maldosa. Ensinemos a cuidarem de si mesmas, um mínimo que seja!
– Ótimo! Isso é Espiritismo. Mas… não se pode negar a crença alheia e nem mudar tudo de hora pra outra.
– Sim! Sem dúvida! Porém, é possível dar passos transformadores, por mais lentos que sejam…
Durante essa etapa, que as pessoas continuem a receber (não é tomar!) o passe no Centro. Mas que sejam, toda semana, informadas sobre tudo que diga respeito a essa prática, desmistificando-a, mostrando sua naturalidade e objetivo; bem como elucidando respeitosamente, sobre a dependencia que não precisa existir, se trocada por uma postura libertadora, de auto energização através dos elementos da Natureza, que aí está para isso.
– Inclusive que todos podem transmitir o passe…
– Claro! E que o façam para suas crianças e familiares. Se bem que para um trabalho no Centro, onde vai muita gente e com todo tipo de necessidade, é bom haver uma equipe fixa, de pessoas treinadas e que produzam e emanem bastante fluido…
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