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LIBERDADE (OU LIBERTINAGEM) DE IMPRENSA – UMA OPINIÃO

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Sonia Theodoro da Silva: www.filosofiaespirita.org 

As execuções de hoje ocorridas nas dependências do jornal parisiense demonstram vários aspectos de um mesmo problema, analisemos por partes:

1) O jornal Charlie Hebdo atingido pelo ataque tinha como lema “um jornal irresponsável”;

2) O jornal não tinha limites em suas pesadas críticas contra a política nacional e internacional, instituições, etnias, gêneros, e principalmente contra ícones e símbolos religiosos, e que envolvia sátiras, ironias, e exposição ao ridículo de representantes da sociedade e das religiões;

3) A Europa, principalmente a Alemanha, está no foco de atração de refugiados de todas as partes do Oriente Médio;

4) A França está num processo acelerado de secularismo e laicismo da sociedade como um todo, embora muitos franceses afirmem acreditar em Deus;

5) A Grã-Bretanha se mantém fechada a qualquer tentativa de acolhimento de refugiados de qualquer parte do planeta ou sequer de colaboração com os povos vítimas de guerras civis;

6) A Itália tem sido a porta de entrada por via marítima de refugiados de países em guerra do Oriente Médio, porém já existem movimentos internos que declaram a sua insatisfação pela ajuda prestada;

7) A Espanha e Portugal praticamente se omitem nessas questões mas já aconteceram inúmeras manifestações públicas de governos e populações contra a entrada de imigrantes em qualquer situação.

O livro A Caminho da Luz do Espírito Emmanuel em consonância com o livro A Gênese de Allan Kardec principalmente o capítulo sobre a raça adâmica, faz reflexões sobre as origens espirituais dos povos, e aqui fazemos um recorte para focar os indo-europeus, de instinto belicoso e dados ao belicismo. A história se encarregou de comprovar a veracidade dessas afirmações ao longo dos milênios, principalmente durante o século XX quando os europeus foram os responsáveis por duas grandes guerras em solo continental e que acabou por alastrar-se para todo o planeta.

Não estamos crucificando a Europa, berço ocidental da cultura, das artes, da filosofia e da ciência, que influenciou e continua a influenciar todo o resto do mundo.

Contudo não posso deixar de reconhecer que, neste exato momento de grandes testemunhos perante as Leis Universais, a Europa pode estar colhendo os frutos de uma semeadura complexa e que os direciona, de maneira implacável, a um resgate coletivo.  Estariam hoje os países europeus sendo convocados a resgatar seus compromissos por amor, recolhendo vítimas de guerra, quando no passado eles próprios as fomentaram?

 

Porque exatamente a Alemanha, a Itália e a França são os países mais procurados pelos refugiados? O que os atrai para aquelas culturas totalmente diferentes das culturas chamadas islâmicas, ou melhor dizendo, das culturas sírias, libanesas, paquistanesas, iraquianas, palestinas, etc.? A História poderia responder a essas incógnitas?

Com relação ao ataque na data de hoje ao jornal francês – nada justifica a violência contra vidas humanas -, ouvimos um comentário de um jornalista brasileiro da Globo News dizer: O LIMITE DO HUMOR DEVE SER O LIMITE DA DIGNIDADE HUMANA – com o qual concordamos plenamente.

Penso que de forma alguma essa hostilidade travestida de comédia traz elementos formadores de opinião, senão de acirramento dessas mesmas hostilidades contra essa face inexplicável do pseudo-islamismo, que nos parece oportunista pois se aproveita de outra grave situação que são as ações de ortodoxos extremistas, e contra toda e qualquer cultura ou religião orientais.

O jornalista brasileiro (infelizmente o seu nome foi pouco mencionado) pontuou os seguintes itens a serem pensados nesse sentido os quais ele denomina de etnocentrismo e contra os quais deve-se  tomar muito cuidado, haja vista as manifestações públicas contra a imigração estrangeira em solo europeu:

  • Identidade constituída exclusivamente pelo fundamentalismo
  • Sociabilidade determinada pelos ritos
  • Intolerância com outras religiões
  • Fato desrespeitoso (charges ridicularizantes)
  • Reação violenta (lobos solitários ou não)
  • Perseguição e criminalização de grupos afins
  • Nova reação violenta

Cada item desses deve ser lido como um processo contínuo que leva à separatividade e ao acirramento de ânimos, o que não ajuda em nada o processo de democratização e de respeito às liberdades individuais que já estavam em andamento em alguns países do Oriente Médio e que sofreu brutal interrupção com a influência da violenta guerra civil síria, e agora com o surgimento de grupos extremistas como o estado islâmico.

Conforme o Evangelho Segundo o Espiritismo, os nossos direitos não devem esbarrar nos direitos dos outros de viver e de conviver, de ir e vir, de ter crenças ou não. O respeito está na base da boa convivência, portanto, há que se respeitar o semelhante, e muito mais agora, quando as hostilidades são escancaradas e não existem mais limites nem barreiras éticas às agressões contra o outro ser humano.

Regimes autoritários e extremistas um dia acabarão, legando à posteridade uma memória de dor e de sofrimento – e para o resto de nossas vidas traremos em nossas lembranças esses dias de tristeza e de luto, porém caindo em nós mesmos, de que grande parte da responsabilidade coube ao próprio ser humano, como semeador ininterrupto da intolerância e da cegueira espiritual e suas trágicas consequências.

Nunca o Espiritismo foi tão necessário quanto agora – o Espiritismo com Allan Kardec e com Jesus de Nazaré.

Sonia Theodoro da Silva, 07 de janeiro de 2015.