Livro Espírita é Intencional
“… os livros doutrinários intencionais favorecem mudanças de ponto de vista,
enriquecem o vocabulário em geral e ampliam a capacidade de pensar em termos doutrinários.”
Admitimos que a leitura de obras espíritas é dirigida pelo interesse e pela atividade
intencional. A expressão “intencional” designa aquilo que é relativo à intenção.
Esta é a proposição deliberada de executar alguma coisa; é o fim que dirige a ação,
e é, ainda, conforme o filósofo Immanuel Kant, o que faz o valor moral das nossas
ações. Nesse sentido, o que se lê é fundamental para aprender: aqui está o valor
desta ação de ler.
Se os leitores transformam o ato de ler em simples passatempo, com leituras exclusivas
de lazer, é, argumentamos, perder tempo de aprender o Espiritismo.
Portanto, não existe intencionalidade de aprender; daí, simplesmente não se aprende.
Para confirmar essa proposição, tem-se o que se chama “hierarquia das necessidades
humanas”, como, entre outras, a fisiológica, a segurança, a participação, o amor,
conforme o escritor A. Maslow. Nesse sentido, o mais alto grau da hierarquia humana
da motivação é a auto-realização. Daí, argumentamos, a importância do livro espírita
doutrinário, escrito por autores encarnados e desencarnados.
Exemplificamos: o desenvolvimento contemporâneo dos princípios espíritas da fé
racional, conforme Allan Kardec, como a existência de Deus, do Espírito envolvido
pelo perispírito, a reencarnação, a pluralidade dos mundos habitados, o da causalidade
moral, são temas intencionais para a vivificação da Doutrina Espírita entre os aprendizes
do Evangelho. Daí que um livro que amplia os temas da Codificação age intencionalmente
para atingir o conhecimento espírita contemporâneo e/ou complementar.
Aprender a ler intencionalmente não é, contudo, fácil. Leitores, e mesmo dirigentes
espíritas, felizmente em sua minoria, estão acostumados à mesmice de sempre, com
livros de lazer.
Contudo, os livros doutrinários intencionais favorecem mudanças de ponto de vista,
enriquecem o vocabulário em geral e ampliam a capacidade de pensar em termos doutrinários.
E isso, infelizmente, não é fácil para a grande maioria de indivíduos recém-ingressos
na Doutrina.
(Dirigente Espírita Nº 58 – Março/Abril de 2000)