O papel do médium no Centro Espírita
No capítulo XXIX, de “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec, encontramos uma
análise das reuniões em geral. As reuniões espíritas, diz Kardec, podem oferecer
grandes vantagens, pois permitem o esclarecimento pela permuta de pensamentos,
pelas perguntas e observações feitas por qualquer um, de que todos podem
aproveitar-se. As reuniões diferem muito quanto às suas características, segundo
os seus propósitos e estas segundo sua natureza podem ser frívolas,
experimentais ou instrutivas.
As reuniões frívolas constituem-se de pessoas que só se interessam pelo
aspecto de passatempo, que elas podem oferecer através da manifestação de
Espíritos levianos, que gostam de se divertir nessas espécies de reunião, pois
nelas encontram plena liberdade. Nessas reuniões é costume pedir as coisas mais
banais, como por exemplo, revelação do futuro, adivinhações, aquisição de bens
materiais, etc. Já as reuniões experimentais têm mais particularmente por
finalidade a produção de manifestações físicas e estas levaram a descobertas de
leis que regem o mundo espiritual e as reuniões instrutivas têm características
inteiramente diversas, e é nelas que podemos obter o verdadeiro ensinamento. A
instrução espírita compreende não somente o ensino moral dado pelos Espíritos,
mas também o estudo dos fatos. Abrange a teoria dos fenômenos, a pesquisa das
causas, e como conseqüência, a constatação do que é possível e do que não o é.
As reuniões de estudo são de grande utilidade para os médiuns de manifestações
inteligentes, sobretudo para os que desejam seriamente aperfeiçoar-se e, por
isso mesmo, não comparecem a elas com a presunção da infalibilidade.
A concentração e a comunhão de pensamentos sendo como as condições
necessárias de toda reunião séria, compreende-se que o grande número de
assistentes é uma das causas mais contrárias à homogeneidade. Outra exigência
não menos necessária é a de regularidade das sessões, em dias e horários fixos,
pois sempre encontram-se Espíritos que comparecem com habitualidade e se colocam
à disposição nesses momentos.
São condições para angariar a simpatia dos Espíritos superiores e obter boas
comunicações, a perfeita comunhão de idéias e sentimentos; benevolência
recíproca entre todos os membros; renúncia de todo sentimento contrário à
verdadeira caridade cristã; desejo uníssono de se instruir e de melhorar pelo
ensinamento dos bons Espíritos, com renúncia ao orgulho, amor próprio e de
supremacia.
Kardec, no capítulo XVII, sobre a formação dos médiuns, onde trata do
desenvolvimento da mediunidade, especialmente, de médiuns escreventes, mais
conhecidos na atualidade, como médiuns de psicografia, afirma que este o gênero
de mediunidade que mais se expandiu e também porque é, a um tempo, o mais
simples, o mais cômodo, o que proporciona resultados mais satisfatórios e mais
completos.
A dificuldade encontrada pela maioria dos médiuns iniciantes é a de ter que
lidar com os Espíritos inferiores, daí a necessidade de dominar as suas más
inclinações, para não sofrer as obsessões e as fascinações.
André Luiz, em “Missionários da Luz”, no capítulo 5, a respeito do
desenvolvimento mediúnico, pondera que antes de iniciá-lo, deve-se procurar a
elevação de ideais e pensamentos, pois, o intercâmbio do pensamento é movimento
livre no universo; cada mente é um verdadeiro mundo de emissão e recepção e cada
qual atrai os que se lhe assemelham.
No livro “Mecanismos da Mediunidade”, no capítulo Jesus e a Mediunidade,
André Luiz narra que para recepcionar o influxo mental de Jesus, por ocasião do
Seu nascimento na Terra, um grupo de médiuns preparados sustentou o circuito de
forças a que se ajustou a onda mental do Cristo, para daí expandir-se na
renovação do mundo.
Zacarias e Isabel, pais de João eram justos perante Deus. Maria de Nazaré
estava em posição de louvor diante do Pai e José de Galiléia era justo. Simeão
que aguardou em prece era também justo e obediente a Deus. Ana, a viúva que
esperou em oração, no templo de Jerusalém, vivia servindo a Deus.
Da mesma forma, os médiuns das casas espíritas são o sustentáculo do circuito
de forças a que se ajustam as ondas mentais do Cristo e de seus prepostos,
Espíritos elevados, que atuam sobre a face da Terra. Se os médiuns que compõem
uma casa espírita não forem justos, obedientes, servidores do Cristo, como o
foram Maria, José, Simeão e outros, as forças inferiores dominarão o ambiente
das Casas Espíritas e não poderá haver a sintonia com o Cristo…
A Casa Espírita que possuir médiuns bem preparados – todos , genericamente,
são médiuns – onde reinarem a paz e o entendimento fraterno entre todos os
trabalhadores, sustentará o circuito de forças a que se ajusta a onda mental do
Cristo, para daí expandir-se na renovação mundo.
(Dirigente Espírita Nº 53 – Junho/Julho de 1999)