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Médiuns Imperfeitos

Causam estranheza, não poucas vezes, as comunicações mediúnicas procedentes
dos Espíritos Nobres através de pessoas insensatas ou portadoras de conduta
irregular.

O normal, que prevalece nesta como em qualquer outra atividade, é a vigência
da lei das afinidades, mediante a qual, aqueles que são mais
simpáticos entre si mais facilmente se mancomunam e intercambiam, do que a
ocorrência de fenômenos opostos.

Certamente a predominância da ordem e do equilíbrio em todos os quadrantes da
Natureza constitui a base da harmonia.

No que tange aos valores ético-morais o mecanismo é idêntico. Todavia, com
objetivos elevados, as Entidades Superiores, por falta, às vezes, de médiuns que
sintonizem com seus relevantes propósitos, utilizam-se daqueles que encontram
com duas finalidades: advertirem-nos através de orientações seguras e auxiliarem
pessoas necessitadas ou confiantes que lhes buscam o socorro.

Não se melhorando tais médiuns, mais agravam o seu estado espiritual, pois
que não podem justificar-se posteriormente quando chamados à ordem, sob a
primária alegação de que ignoravam a gravidade dos deveres de que se encontravam
investidos.

Ademais, a mediunidade é neutra, em si mesma, qual um telefone que pode ser
utilizado por pessoas boas ou más, de conduta salutar ou reprochável, ricas ou
necessitadas, cabendo ao proprietário selecionar a clientela mediante os
critérios que melhormente lhe digam respeito.

A imperfeição, inerente às criaturas humanas, procede dos atavismos que as
fixam às faixas primárias das quais procedem e ainda não lograram libertar-se.

Portadoras da faculdade mediúnica, dispõem de precioso instrumento que,
dignamente utilizado, as auxiliará no processo de aprimoramento intelecto-moral,
superando os limites primitivos e adquirindo mais amplas percepções sobre a vida
e sobre si mesmas, com os olhos postos em metas relevantes que as aguardam.

Malbaratar o precioso talento da mediunidade, deixando-a
enxovalhar-se sob o uso com finalidades pueris e frívolas, indignas e vulgares
acarreta penosas aflições que impõem renascimentos dolorosos, nos quais, a
demorada meditação no cárcere carnal deficitário auxiliará o calceta a valorizar
os bens do Senhor, que são colocados ao seu alcance para o crescimento íntimo e
a felicidade.

Outrossim, a incorreta utilização dos recursos mediúnicos entorpece os
centros de registro
e termina quase sempre por desarmonizar o psiquismo
e a emoção, levando a patologias muito complexas.

Médiuns ciumentos, imorais, simoníacos, exibicionistas e mentirosos,
portadores de outras imperfeições morais pululam em toda parte, descuidados e
levianos, acreditando-se ignorados pelas Leis Soberanas e supondo-se portadores
de forças próprias que as podem utilizar a bel-prazer sem qualquer
responsabilidade nem conseqüência moral.

Mesmo estes, vez que outra, são visitados pelos Mentores Espirituais
compadecidos que deles se acercam para os auxiliar, intentando despertá-los para
os deveres e compromissos que lhes dizem respeito.

Cabe, desse modo, a todos os médiuns, a vigilância constante e a oração
freqüente, a ação caridosa e a disciplina segura, a fim de se precatarem de si
mesmos, das suas imperfeições, das interferências dos Espíritos impuros e
perturbadores, resguardando-se das ciladas que a necessidade de evolução lhes
permite enfrentar, a fim de adquirirem a segurança íntima e o equilíbrio para
atingirem mais elevadas faixas vibratórias, nas quais permanece o pensamento
divino aguardando ser captado para o progresso da Humanidade.

Não seja, pois, de estranhar a comunicação dos Guias Espirituais através dos
médiuns imperfeitos e em meios perniciosos, assim como as
mensagens dos Espíritos estúrdios e maus por meio dos instrumentos de sadia
moral e equilíbrio espiritual, que os visitam para se beneficiarem, receberem
instrução e roteiro, esclarecimento e diretriz de libertação.

A imperfeição que se manifesta nos homens ou nos Espíritos indica estágio
inferior no qual transita o seu portador, que se deve empenhar para superá-la,
trabalhando com acendrado esforço para libertar-se de sua cruel grilheta.

Todos marchamos da sombra em direção da Grande Luz que nos atrai e que um dia
nos banhará em definitivo, eliminando toda mácula e primarismo por acaso ainda
existentes em nós.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, publicado na Revista O
Reformador de Abril de 1991)