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O Bem

O Bem

Gostamos de repetir que Deus e Jesus não esperam que nos tornemos anjos em uma
só existência ou mesmo em algumas. Nosso processo evolutivo é muito longo, mesmo
considerando-o a partir do momento em que nos tornamos Espíritos, com consciência
e livre-arbítrio, no desenvolvimento da inteligência e do sentimento.

Muito já desenvolvemos no campo intelectual. Estamos bem atrás no aspecto dos
sentimentos e da moral.

Hoje, com o conhecimento que a doutrina espírita nos proporciona a respeito dos
seres, da vida, das leis naturais, nossos objetivos transformaram-se e desejamos
desenvolver o potencial divino, que trazemos em nós, numa pressa, muitas vezes angustiosa.

Todavia, o autodesenvolvimento, a auto-educação é um processo longo e difícil,
principalmente, para nós habitantes da Terra, com mais atração para o mal, pois,
até há pouco tempo, víamos a felicidade no orgulho, no egoísmo, no poder e na glória
humanos.

Na Terra, quando nos abrimos para o valor do Bem, da sua necessidade para a paz
e a felicidade dos homens e das nações, precisamos de tempo para entendê-lo, para
desenvolvê-lo, no profundo de nós mesmos.

Precisamos pois, do esforço determinado e perseverante no exercício do Bem, com
raciocínios e boa vontade para que o Bem cresça em nós, de tal forma, que se torne
parte ativa de nós próprios.

Quando isso acontece, o Espírito não precisa mais do esforço dos raciocínios,
do querer porque então, ele, o Bem, manifestar-se-á nos sentimentos, nas emoções,
no pensamento e nos atos.

 

O Bem só estará desenvolvido em nós, quando o praticarmos, “instintivamente”,
sem mesmo dele termos consciência, expressando-o de forma natural, em todas as nossas
atitudes e ações.

 

Até a conquista desse ideal de perfeição, ensinado e vivido por Jesus, nosso
maior modelo, a luta conosco, não com os outros, é e será árdua; por isso, precisa
ser reflexionado, constante, com muita disciplina, com confiança em Deus, que quer
o melhor pra os seus filhos, com confiança em nós, que somos perfectíveis, capazes
de transformamo-nos e atingir o determinismo divino da perfeição possível.

 

Jamais pensar: “Nasci assim, serei sempre assim.” Não, somos hoje
como nos fizemos em nossa caminhada evolutiva e, assim como desenvolvemos o egoísmo
e o orgulho, origem de todos os vícios e males da humanidade, podemos também, desenvolver
o Bem, que já existe em nosso “eu” espiritual.

Se olharmos nosso interior, com objetividade, procurando nos ver com clareza,
como se fôssemos outra pessoa, veremos, ao lado das imperfeições, coisas boas que
desenvolvemos, como por exemplo: amar algumas pessoas, do nosso modo, mas já sendo
o amor crescendo em nós.

Somos capazes de alguns atos bons e nobres, em determinadas ocasiões, com determinadas
pessoas. Precisamos torná-los cada vez mais freqüentes, em mais ocasiões, com mais
pessoas.

Se já percebemos que queremos o Bem para nós, para os outros e para toda a humanidade;
que a Terra pode torna-se um mundo melhor, com mais igualdade, tolerância, solidariedade,
justiça, a tarefa do desenvolvimento do amor em nós e ao redor de nós, combatendo
o mal, mas ajudando o maldoso
, deve ser assumida por cada um, de forma determinada,
urgente e perseverante.

Devemos lembrar porém, que os meios a serem usados nessa tarefa devem ser os
do Bem, porque na moral de Jesus, o fim não justifica os meios. Se a finalidade
é o Bem, os meios também têm que ser os do Bem
.

Essa luta no desenvolvimento do Bem, que começa em nós, é uma tarefa solitária,
quase sempre não percebida pelos próximos e que demora tempo para dar frutos.

Quanto maior for a dificuldade interna, por causa das próprias imperfeições e
vícios desenvolvidos no decorrer de milênios, os resultados sentidos e percebidos
pelo lutador, poderão nem mesmo ser notados pelos que com ele convivem. Humildade,
paciência, compreensão e resignação serão exercitadas e a luta continuará sem preocupação
com resultados exteriores, que surgirão um dia.

A certeza de que a vida é eterna, que o desenvolvimento do Bem, em nós, continuará
no plano espiritual e em novas reencarnações, constituem um estímulo a perseverar
nessa tarefa, para que o mal que criamos dentro de nós desapareça, libertando-nos
para amar e servir, sentido, pensando e fazendo o Bem.

(Jornal Verdade e Luz Nº 185 de Junho de 2001)