Discurso – do latim discursu(m) – significa ação de correr por
ou para várias partes. O termo comporta polivalência de sentido. Em oratória,
designa a elocução que visa comover e persuadir; na esfera dos estudos
linguísticos, representa a “sucessão coordenada de frases”; em trabalhos
de cunho científico, assume a denotação de “tratado”, “dissertação”, como,
por exemplo, o Discurso do Método de Descartes; em filosofia,
distingue-se o teor “discursivo” do “intuitivo”.
A estrutura do discurso fundamenta-se no exórdio, na
argumentação e na peroração. Embora tenhamos muitas técnicas para bem
iniciar e terminar uma alocução, não resta dúvida que a argumentação é
sua trave mestra. Esta é a parte em que o indivíduo mostra o seu conhecimento, a
profundidade de seu pensamento. Para que haja comoção e persuasão, os princípios
elaborados devem ser lógicos e coerentes.
Expressamo-nos através da palavra pensada, falada ou escrita. A
sonoridade da voz e a dicção perfeita auxiliam a propagação de nosso pensamento,
porém o que realmente conta é a essência daquilo que queremos transmitir.
Voz adocicada e gestos delicados podem, muitas vezes, encobrir o verdadeiro
caráter de um indivíduo. Contudo, se nos habituarmos a olhar criticamente,
teremos condições de separar o joio do trigo.
Operações intermediárias encadeadas caracterizam o adjetivo
“discursivo” oposto a “intuitivo”. Urge reconhecer que a descoberta nas ciências
e nas artes não segue uma seqüência de operações elementares parciais e
sucessivas. Ela, muitas vezes, vem abruptamente. A ordenação das idéias surge “a
posteriori” como elemento para tornar claro aquilo que se apreendeu de modo
vago e obscuro.
O “discurso do homem” é a manifestação da sua personalidade.
Melhorando o teor de nossos argumentos, mudaremos o conceito que os outros
formam de nós. Leitura metódica, estudo constante e reflexão freqüente auxiliam
sobremaneira a aquisição de novos valores da vida. Sem esforço perseverante da
vontade, nada de útil conseguiremos amealhar em prol de nosso passivo
intelectual.
Escolhamos com critério os alimentos material e espiritual, a fim de que o
nosso “discurso” seja repleto de força, determinação e otimismo.
Fonte de Consulta
TRINGALE, D. Introdução à Retórica (a Retórica como Crítica Literária).
São Paulo, Livraria Duas Cidades, 1988.