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O Esperanto e as Religiões

O Esperanto e as Religiões

O Esperanto teve o seu nascimento no plano encarnado impreterivelmente vinculado
a valores espirituais e éticos da Humanidade: a Paz, a Solidariedade, a Fraternidade,
a Igualdade, a Justiça e a Dignidade Humana. Zamenhof, que após exaustivo e absorvente
trabalho de construção da Língua Internacional, outorgou a si mesmo apenas o título
de iniciador da mesma, chegou a afirmar que a via como um meio, e não um fim, como
um recurso para atingir o fim maior, a concretização da fraternidade e do respeito
entre os povos, facilitados pela compreensão recíproca conquistada a partir do uso
de uma língua comum neutra, que não viria a substituir as línguas nacionais, mas
sim a valorizá-las igualmente, respeitando o direito lingüístico como um dos direitos
humanos inalienáveis.

Zamenhof viu na língua o meio de estabelecer as bases de relações pacíficas entre
os povos, evitando os deprimentes espetáculos de lutas fratricidas tantas vezes
inumanamente cruéis, ferozes e sangrentas.

Grupos humanos interessados em desenvolver o aspecto utilitário da Língua Internacional,
naturalmente tendem a não dar destaque a essa interface idealista do Esperanto,
motivados e interessados que estão em fomentar o seu lado prático, o seu aspecto
de interlíngua. A esses grupos compreensivelmente não pertencem as religiões. É
justamente nos ideais éticos e espirituais que se estabelecem os pontos de convergência
do Esperanto com todas elas. Por isso, todas as grandes religiões o apóiam e divulgam.

O Movimento Esperantista organizado, que tem como instância máxima a UEA, (Universala
Esperanto-Asocio), segundo o estatuto que o coordena, é neutro do ponto de vista
político e religioso. Fiel a esse princípio de neutralidade, a Associação Universal
de Esperanto não apóia nenhuma religião em particular, mas apóia a adoção do Esperanto
por qualquer que seja, reconhecendo o trabalho sério de qualquer delas. Citaremos
atividades relativas a essa língua em diversas religiões.

O Vaticano mantém um programa de rádio em Esperanto, a exemplo de diversas outras
línguas. O papa já fez diversos pronunciamentos na Língua Internacional. Circula
nos meios católicos em geral a revista “Espero Katolika” (Esperança Católica), sendo
que existem edições também de menor porte de outros periódicos.

Os luteranos mantêm em Esperanto a revista “Dia Regno” (Reino Divino).

A Oomoto, religião nascida no Japão, tem traduzido seus livros sagrados para
o Esperanto e mantém uma revista nesta língua: “Oomoto”. Vale a pena salientar que
a segunda maior comunidade Oomoto fora do Japão é a brasileira, e que a tradução
de seus livros sagrados para o Português para atender tal comunidade, estão sendo
feitas do Esperanto, não do Japonês!

A religião Bahai também utiliza o Esperanto e o apóia.

As revistas citadas têm a assinatura oferecida pelas instituições esperantistas
dos países, a quem quer que esteja interessado.

O Espiritismo têm traduzido já um enorme contingente de livros das obras básicas
e subsidiárias em Esperanto, tem trabalhado com e por ele, dentro de suas próprias
fileiras, e já colheu diversos frutos de sua divulgação a povos falantes de outras
línguas, tendo-o utilizado como língua ponte. Está introduzindo o Esperanto como
língua de trabalho em suas relações internacionais, tendo planejado a realização
do Congresso Internacional de 2004 nesta língua e em Francês apenas, pois a França
é quem sediará o Congresso.

Sem dúvida a idéia interna do Movimento Esperantista, trabalhando pelos valores
e direitos humanos, estabelece convergência com as religiões naquilo que elas tem
em comum: a lei evangélica maior de amor ao próximo.

(Jornal Verdade e Luz Nº 186 de Julho de 2001)