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Os Enganos do Sr. Roustaing III

Os Enganos do Sr. Roustaing III

Para se entender as aparentes discrepâncias existentes quanto à personalidade de Jesus, o Cristo, temos que examinar, com o raciocínio, algumas questões sobre a origem das coisas.

A questão nº 13 de O Livro dos Espíritos trata dos atributos da Divindade. Diz que Deus é eterno, imutável, imaterial, único, Todo-poderoso e soberanamente justo e bom. Diante dessas características do Criador, surge uma dúvida: como poderia Deus, um ser imutável, gerar e gerenciar o Universo mutável? Como algo que em si é absoluto pode tornar-se relativo, sem deixar de ser absoluto? Poderíamos dizer que ao Pai tudo é possível, ou que este assunto ainda é um mistério. Seria a resposta mais cômoda. Mas, em Espiritismo, nos é lícito levantar hipóteses racionais. Este assunto, aliado às dúvidas quanto à personalidade de Jesus, foi motivo de estudos e debates na escola do Grupo Espírita Bezerra de Menezes. A conclusão a que se chegou foi a de que a criação relativa só poderia existir como obra e sob a ordem de Deus, se houvesse entre o Criador e a Criação um intermediário, que por um lado fosse absoluto e por outro, relativo. Mais ou menos o papel que o perispírito exerce entre o Espírito, que em si é abstrato, e o corpo material. Seria uma inteligência ou consciência cósmica, destinada à servir de elo entre o Pai e sua obra grandiosa.

No pensamento platônico, oriundo da escola de Sócrates, encontramos a resposta a nossas dúvidas: o Logos. Platão afirmava que o Logos era o Verbo, a vontade de Deus manifesta na forma de relatividade. Os pensamentos de Sócrates e Platão exerceram poderosa influência na gênese do cristianismo. Pode-se mesmo afirmar, que o Evangelho de João é a expressão do pensamento platônico. Por este motivo, seu texto é diferente dos demais.

O Verbo, a que o Evangelista se refere, é o Logos platônico, é o Cristo. Não há ”cristos” planetários conforme afirmaram alguns autores. Há, sim, um só Cristo, para toda a Criação. Esta consciência cósmica é o Filho Único, a que o texto sagrado refere-se freqüentemente.

Cada orbe tem um governo espiritual. No caso da Terra, Jesus é responsável pela execução de seu plano existencial, até que ela se torne morada de Espíritos melhores.

Jesus de Nazaré foi o intermediário em potencial da manifestação dessa Consciência Cósmica na revelação do Evangelho. É ela a fonte de todo o Bem, onde inspiraram-se mestres como Buda, Maomé, Confúcio, Gandhi e outros.

Jesus era médium e preparou-se durante muitas encarnações para desempenhar sua missão, tornando-se o porta-voz da revelação divina. Se aceitarmos a hipótese de que Jesus não era o Verbo encarnado, mas que recebia mediunicamente o Verbo em si, ficariam explicados todos os mistérios acerca de sua personalidade, inclusive as dúvidas que o próprio Codificador do Espiritismo teve quando ocupou-se do assunto em A Gênese.

Admitindo-se esta tese, teríamos em Jesus um Espírito como nós, que necessitou naturalmente da matéria, utilizando o corpo físico como instrumento da evolução. Tal teoria diminuiria o valor de Jesus, o Cristo? De modo algum. Ao contrário, essa idéia aproxima o Mestre de todos nós. Coloca-o como um ser que chegou a uma posição superior com suas próprias conquistas. Teria Ele conhecido o mal? O roustainguismo afirma que não, pois que Sua evolução teria se dado em linha reta. Ora, se todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, não há como se admitir que Jesus não tivesse passado pelos caminhos da ignorância. E pelos caminhos do mal? A Doutrina Espírita oferece segura resposta: nem todos os Espíritos passam obrigatoriamente pelo mal, mas sim pelo da ignorância.

A doutrina exarada dos Evangelhos de Jean Baptiste Roustaing é uma espécie de visão católica do Espiritismo. Suas idéias a respeito da vida de Jesus, sua natureza, e as opiniões sobre os conceitos doutrinários possuem evidente ligação com o catolicismo.

O ”anjo” Ismael é o patrono do movimento espírita brasileiro. Chegou no cenário na época em que o roustainguismo aportou no país. Se ligarmos essas duas coisas teremos explicações bastante aceitáveis

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