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Os Três Reinos

RESUMO: 1. Introdução. 2. Visão de Conjunto. 3. Reino Mineral. 4. Reino
Vegetal. 5. Reino Animal. 6. Reino Hominal. 7. Conclusão. 8. Glossário. 9.
Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Concebeu-se dividir a natureza em: 1) seres orgânicos e seres inorgânicos; 2)
reino mineral, reino vegetal e reino animal; 3) reino mineral, reino vegetal,
reino animal e reino hominal. Que subsídios a Doutrina Espírita oferece-nos para
enfrentarmos esta questão? O capítulo XI do Livro Segundo de O Livro dos
Espíritos, que trata dos três reinos, oferece-nos alguns ensinamentos bastante
importantes.

2. VISÃO DE CONJUNTO

De acordo com os pressupostos espíritas, Deus criou os Espíritos – simples e
ignorantes -, com a determinação de se tornarem perfeitos. Assim, o progresso do
Espírito é sempre compulsório: podemos estacionar por algum tempo, mas os
acicates da vida nos impulsionarão para o desenvolvimento ulterior.

Ainda que haja controvérsias, diz-se que o princípio inteligente ou mônada
celeste estagia nesses reinos, começando no mineral e indo até o hominal,
extraindo de cada um deles os subsídios necessários para a sua evolução. É por
isso que tudo se encadeia na natureza, desde o átomo ao arcanjo.

Para J. H. Pires, “a Ontogênese Espírita, ou seja, a teoria doutrinária da
criação dos Seres (do grego: onto é Ser; logia é estudo, ciência)
revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal. Essa
teoria da evolução é mais audaciosa que a de Darwin(1)
. Léon Denis a definiu numa seqüência poética e naturalista: A alma dorme na
pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem
. Entre cada
uma dessas fases existe uma zona intermediária, como se pode verificar nos
estudos científicos”. (1984, p. 93)

3. REINO MINERAL

Allan Kardec escreve pouco sobre esse reino. Diz-nos que ele é constituído de
matéria inerte, e não possui mais do que uma força mecânica. Os minerais não têm
vitalidade e nem movimentos próprios, sendo formado apenas pela agregação da
matéria. São os chamados seres inorgânicos da natureza. A pedra, por exemplo,
não apresenta sinal de vida. Pode-se dizer que o característico básico dessa
fase é a atração, presenciado claramente no fenômeno do magnetismo.

Na intermediação com o reino vegetal, que lhe vem a seguir, investigações
científicas descobriram a geração espontânea dos vírus nas estruturas
cristalinas. Os vírus se situam na encruzilhada dos reinos mineral, vegetal e
animal, como uma espécie de ensaio para ordenações futuras.

4. REINO VEGETAL

As plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade. Elas não
pensam, não têm mais do que a vida orgânica. Podem ser afetadas por ações sobre
a matéria, mas não têm percepções; por conseguinte, não têm a sensação de dor.
Como não pensam, não podem ter vontade, e não têm consciência de si mesma; nada
mais possuem que um instinto natural e cego. O próprio instinto de conservação é
puramente mecânico.

O característico básico dessa fase é a sensação.

Na intermediação com o reino hominal, que lhe vem a seguir, existe a zona dos
vegetais carnívoros.

5. REINO ANIMAL

Os animais, constituídos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm uma
espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua
existência e de sua individualidade. Eles não agem só por instinto. Além do
instinto, não poderia negar a certos animais a prática de certos atos
combinados, que denotam a vontade de agir num sentido determinado e de acordo
com as circunstâncias. Há neles, portanto, uma espécie de inteligência, mas cujo
exercício é mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer às suas
necessidades físicas e prover à conservação. Não há entre eles nenhuma criação,
nenhum melhoramento; qualquer que seja a arte que admiremos em seus trabalhos,
aquilo que faziam antigamente é o mesmo que fazem hoje. O João de Barro, por
exemplo, constrói o seu ninho sempre da mesma maneira.

Pergunta 595 de O Livro dos Espíritos – Os animais têm livre arbítrio?

– Não são simples máquinas, mas sua liberdade de ação é limitada pelas suas
necessidades, e não pode ser comparada à do homem. Sendo muito inferiores a
este, não têm os mesmos deveres. Sua liberdade é restrita aos atos da vida
material. A sua escolha é mecânica, por instinto. Na comparação do homem ao
animal, Allan Kardec na pergunta 597 A de O Livro dos Espíritos diz: “há,
entre a alma dos animais e a do homem tanta distância quanto entre a alma do
homem e Deus”. A característica principal dessa fase é a elaboração do instinto.
Na zona de intermediação entre o reino animal e o reino hominal estão situados
os antropóides.

6. REINO HOMINAL

O homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as
outras classes por uma inteligência especial, ilimitada, que lhe dá a
consciência do seu futuro, a percepção das coisas extramateriais e o
conhecimento de Deus.

André Luiz em Evolução em Dois Mundos cita que o princípio inteligente
estagiando na ameba adquire os primeiros automatismos do tato; nos
animais aquáticos, o olfato; nas plantas, o gosto; nos animais, a
linguagem. Hoje somos o resultado de todos os automatismos adquiridos nos
vários reinos da natureza. Assim, no reino mineral adquirimos a atração;
no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no
reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão.
(Xavier, 1977, cap. 4) Diz ainda que “nas linhas da civilização o reflexo
precede o instinto, este à atividade refletida, esta à inteligência, esta, por
sua vez, à razão e, finalmente, esta à responsabilidade”.

A característica principal deste reino, como uma síntese de todos os
anteriores, é o aparecimento do Pensamento Contínuo, do Livre-Arbítrio e da
Responsabilidade Moral
.

O homem é um ser a parte. O Espírito, encarnando-se no homem, transmite-lhe o
princípio intelectual e moral, que o torna superior aos animais. O Espírito ao
purificar-se liberta-se pouco a pouco da influência da matéria.

7. CONCLUSÃO

Três reinos e o homem encerra todo o processo de evolução alcançado pelo
desenvolvimento do princípio inteligente. O próximo passo é transformar-se no
reino angélico, em que estaria livre de todas as influências da matéria.

8. GLOSSÁRIO

Antropóides – Grupo de símios catarríneos do Velho Continente, que
compreende os chimpanzés, os gorilas e os orangotangos, bem como algumas
espécies fósseis. São desprovidos de cauda e ocasionalmente bípedes. Semelhante
ao homem.

Seres inorgânicos – são os que não possuem vitalidade nem movimentos
próprios, sendo formados apenas pela agregação da matéria: os minerais, a água,
o ar etc.

Seres orgânicos – são os que trazem em si mesmos uma fonte de
atividade íntima, que lhes dá vida; nascem, crescem, reproduzem-se e morrem; são
providos de órgãos especiais para a realização dos diferentes atos da vida e
apropriados às necessidades de sua conservação. Compreendem os homens, os
animais e as plantas.

Vírus – são microorganismos não celulares, a maioria dos quais muito
menores do que bactérias. Reproduzem-se ou replicam-se, unicamente dentro de
células vivas, muitas vezes, mas nem sempre, os quais podem ter qualquer outra
forma de vida na Terra. (os vírus, em si, podem ser considerados como vivos ou
não vivos)

Vitalidade ou princípio vital – é a força inerente aos corpos
organizados, que dá movimento e atividade aos seres orgânicos e os distingue da
matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é vida. Esse movimento ela
o recebe, não o dá.

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

  • KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
  • PIRES, J. H. Mediunidade (Vida e Comunicação) – Conceituação, da
    Mediunidade e Análise Geral dos seus Problemas Atuais . 5. ed., São Paulo,
    Edicel, 1984.
  • XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André
    Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

(1)Charles Darwin, naturalista inglês (1809-1882)
que, no seu livro Evolução das Espécies, publicado em 1859, mostra o sistema de
história natural cuja conclusão extrema é o parentesco fisiológico e a origem
comum de todos os seres vivos, com a formação de novas espécies por um processo
de seleção natural. No caso, a teoria espírita é mais audaciosa, porque
corrobora com a idéia de que é a evolução do Espírito e não a da matéria o que
conta.