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Ouça quem tem ouvidos de ouvir

Ouça quem tem ouvidos de ouvir

Assistimos, ontem, dia 23/01/2000 no programa “Fantástico” a reportagem com o
Pe. Quevedo. O tema foi a transcomunicação instrumental, onde o pesquisador
Clovis Nunes mostrou algumas imagens de espíritos obtidas por meio da TV. Ao que
o Pe. Quevedo disse ser apenas fotografia de pensamento.

Notamos que a certa altura ele disse, senão textualmente, algo próximo disto:
“O espírito sem o corpo físico não pode se manifestar”. Achamos muito estranho
esta afirmativa partindo de um padre, pois todos eles têm a Bíblia como verdade
insofismável, e nela com certeza vemos que os espíritos de quem já morreu se
comunicam com os vivos. Há uns tempos atrás fiz um artigo, que reproduzo algumas
partes:

Os mortos voltam para se comunicarem com os vivos?

O programa “Você Decide”, da Rede Globo de Televisão, realizado no dia
26.05.1994, teve como tema central: “Se o testemunho de um morto poderia ser
aceito num tribunal”. Com o desenrolar do programa ficou bem nítido que a
questão fundamental era na verdade se um morto poderia se comunicar com os
vivos.

Ao final do programa o resultado apurado foi:

Sim48.35969%
Não21.92631%

Observamos que a grande maioria das pessoas acredita na possibilidade da
comunicação dos “mortos” com os vivos.

Se uma pessoa disser que não acredita de forma alguma que os “mortos” se
comunicam com os vivos não me importaria, pois muitas vezes a falta de
conhecimento, o misticismo, o medo, os princípios religiosos que abraça,
podem tolher a visão de modo que não consegue enxergar a verdade, por mais óbvia
que seja. Um exemplo, não muito longe de nosso tempo, foi quando Galileu Galilei
vinha, com uma nova teoria, dizer que a Terra não era o centro do Universo,
quase lhe custou a vida numa fogueira.

O que não posso aceitar são as afirmações de que na Bíblia não tem, ou seja,
que a comunicação dos mortos não se encontra no Livro Sagrado, e se não tem,
isto não pode acontecer. Para estas pessoas só poderemos dizer que não possuem
nenhum conhecimento da Bíblia ou que apenas conhecem alguma parte dela, mas não
conhecem o conjunto, é que a visão do conjunto muitas vezes nos leva à
compreensão de uma verdade que não aparece num simples enunciado.

Um telespectador é o exemplo do que falo, cita: “Que Paulo disse que somente
morremos uma vez; que iremos aguardar o juízo final.”

Analisando estas citações vamos ver se isoladas têm sentido. Se aceitarmos
que somente morremos uma vez chegaríamos à conclusão que Jesus e os apóstolos
não poderiam ter ressuscitado ninguém, pois se isto acontecesse, para estas
pessoas, haveria duas mortes, o que seria contrário à citação. Mas o verdadeiro
sentido é de que neste corpo físico somente morreremos uma vez e em
definitivo.

E, finalmente, vamos agora buscar dentro das Escrituras algumas passagens que
podem sustentar ou evidenciar a comunicação com os mortos. A mais evidente do
Novo Testamento, fora as que narram Jesus entre nós depois que havia morrido, é
a narrada por Mateus (17, 1-4): “Seis dias depois, Jesus tomou consigo a
Pedro, Tiago e seu irmão João, e os levou a um lugar à parte, sobre um alto
monte. Transfigurou-se diante deles: seu rosto brilhava como o sol e sua roupa
tornou-se branca como a luz. Então lhes apareceram Moisés e Elias,
conversando com Ele
. Pedro interveio, dizendo a Jesus: “Senhor, como é bom
estarmos aqui! Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés
e outra para Elias.”
Trata-se de um fenômeno de materialização, onde os
espíritos de Moisés e Elias apareceram a Jesus, Pedro, Tiago e João. Repetimos
espíritos, pois Moisés e Elias já haviam morrido, e nesta passagem é relatada a
comunicação deles, pois conforme fala Mateus, estavam estes espíritos
conversando
com Jesus.

Em Atos 16, 16-18: “Certa vez, enquanto nos dirigíamos para o lugar de
oração, veio ao nosso encontro uma jovem criada, que possuía um espírito
adivinhador
. Com suas adivinhações, ela conseguia muito lucro aos seus
senhores. Ela começou a seguir Paulo e a nós, gritando: “Estes homens são
servidores do Deus Altíssimo; eles vos ensinam o caminho da salvação.” E assim
procedeu por muitos dias. Finalmente Paulo, aborrecido, virou-se para ela e
disse ao espírito: “em nome de Jesus Cristo, eu te ordeno que saias
dela.” E ele saiu no mesmo instante.”
Paulo na ordem que deu ao espírito
para que saísse daquela moça estava, na verdade, se comunicando com este
espírito, que há algum tempo vinha lhe elogiando, que para isto se utilizava do
corpo da moça, o que vulgarmente se chamaria de incorporação.

Em Atos 8, 26-29: “O anjo do Senhor dirigiu a Filipe estas
palavras: “Tu irás rumo ao Sul, pela estrada que desce de Jerusalém a Gaza. Ela
está deserta.” Filipe partiu imediatamente. Ora, vinha chegando um etíope,
eunuco e alto funcionário da corte de Candace, rainha da Etiópia que lhe tinha
entregue a guarda de todos os seus tesouros. Ele tinha ido a Jerusalém adorar a
Deus. Agora voltava, lendo o profeta Isaias, sentado em sua carruagem. O
Espírito
disse a Filipe: “Aproxima-te e acompanha essa
carruagem.”
Mais uma comunicação, onde um espírito orienta a Filipe sobre
como ele deveria agir.

E para que não reste mais nenhuma dúvida sobre a comunicação dos mortos com
os vivos, vamos agora ver no Antigo Testamento. A passagem é bem nítida sobre a
comunicação dos mortos. Iremos então ler em I Samuel 28, 7-20: “O rei disse
aos seus servos: “Procurai-me uma necromante para que eu a consulte.” – “Há uma
em Endor”, responderam-lhe. Saul disfarçou-se, tomou outras vestes e pôs-se a
caminho com dois homens. Chegaram à noite à casa da mulher. Saul disse-lhe: “Predize-me
o futuro, evocando um morto
; faze-me vir aquele que eu te designar.”
Respondeu-lhe a mulher: “Tu bem sabes o que fez Saul, como expulsou da terra os
necromantes e os adivinhos. Por que me armas ciladas para matar-me? Saul, porém,
jurou-lhe pelo Senhor: “Por Deus, disse ele, não te acontecerá mal algum por
causa disto.” Disse-lhe então a mulher: “A quem evocarei?” – “Evoca-me
Samuel.”
E a mulher, tendo visto Samuel, soltou um grande grito: “Por
que me enganaste?” – Disse ela ao rei. “Tu és Saul!” E o rei: “Não temas! Que
vês? – A mulher: “Vejo um deus que sobe da terra” – “Qual é o seu aspecto?” – “É
um ancião, envolto num manto.” – Saul compreendeu que era Samuel, e prostrou-se
com o rosto por terra. Samuel disse ao rei: “Por que me incomodaste,
fazendo-me subir aqui? – “Estou em grande angústia, disse o rei. Os filisteus
atacam-me e Deus se retirou de mim, não me respondendo mais, nem por profetas,
nem por sonhos. Chamei-te para que me indiques o que devo fazer.” – Samuel
disse-lhe
: “Por que me consultas, uma vez que o Senhor se retirou de ti,
tornando-se teu adversário? Fez o Senhor como ele o tinha anunciado pela minha
boca. Ele tira a realeza de tua mão para dá-la a outro, a Davi. Não obedeceste à
voz do Senhor e não fizeste sentir a Amalec o fogo de sua cólera; eis porque o
Senhor te trata hoje assim. E mais: o Senhor vai entregar Israel, juntamente
contigo, nas mãos dos filisteus. Amanhã, tu e teus filhos estareis comigo, e o
Senhor entregará aos filisteus o acampamento de Israel”. Saul, atemorizado com
as palavras de Samuel, caiu estendido por terra, pois estava extenuado, nada
tendo comido todo aquele dia e toda aquela noite.”

Mais claro do que isto é impossível, entretanto como diz Jesus: “ouça quem
tem ouvidos de ouvir.”
Pela narrativa, Saul vai procurar uma necromante afim
de consultar ao espírito Samuel, sobre o que aconteceria na batalha com os
filisteus. Ouve, via “incorporação”, de Samuel que Deus lhe entregaria aos
filisteus, é em resumo os fatos narrados.

Por fim citaremos Deuteronômio, 18, 9-12: “Quando tiveres entrado na terra
que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar as práticas abomináveis da
gente daquela terra. Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu
filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao
feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos
mortos
, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas
práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa
diante de ti essas nações.”

Ao proibir a evocação dos mortos, Deus, partindo do pressuposto que esta
ordem é Dele, nos dá o maior atestado de que a comunicação com os mortos é real,
pois não haveria sentido nenhum proibir algo que não pudesse acontecer. Quanto
ao termo espiritismo, trata-se de uma grosseira adulteração dos textos, pois é
um neologismo criado em 1857 por Allan Kardec, quando aos 18 dias do mês de
abril lança o “Livro dos Espíritos”. De mais a mais para os leigos espiritismo e
evocação dos mortos são a mesma coisa, também, não haveria sentido proibir a
mesma coisa duas vezes.

O que fica e, é para nós, irrefutável é que a comunicação dos mortos é
possível desde muito tempo atrás, apesar das mentes fechadas que não quererem
ver o óbvio.

Para os que têm a Bíblia como palavra de Deus, procurem sair da incoerência
em que se encontram, e vejam que com seus próprios argumentos, a palavra de
Deus, fala incontestavelmente da comunicação dos mortos com os vivos, e
novamente, recordando Jesus: ouça quem tem ouvidos de ouvir.”

Mai/94

Bibliografia:

  • Novo Testamento, LEB –Edição Loyola, 1984.
  • Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, 68ª Edição.