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Pai Nosso – A Prece (2)

Pai Nosso

O PÃO NOSSO DE CADA DIA DAI-NOS HOJE

Reconhecemos nesta frase que de Deus vem tudo que existe e tudo que precisamos, pois ele é a origem de tudo.

Reconhecemos nela, nossas necessidades materiais que são percebidas primeiro, enquanto o homem caminha em sua fase primitiva, tendo de vencer apenas os obstáculos a sua sobrevivência e manutenção. Mais evoluído, passa a perceber também as necessidades espirituais, sociais e emocionais, que o leva à percepção dos valores morais e sua importância.

Daí as necessidades espirituais vão se tornando tão prementes quanto as materiais e o homem passa a dedicar sua inteligência para satisfazer a ambas. Quanto mais evolui, mais percebe que elas se relacionam e as maneiras de satisfazê-las também.

Pedimos, pois que nossas necessidades materiais e espirituais possam ser satisfeitas para que nosso desenvolvimento se faça com equilíbrio, segurança e prazer. Todavia, como somos o artífice do nosso desenvolvimento e da nossa felicidade, implícito está nela, que a Deus pedimos, principalmente, o alimento espiritual que nos auxilie no fortalecimento da nossa inteligência e sensibilidade.

Que “o pão nosso de cada dia” sintetize o pedido desse alimento espiritual divino, para que saibamos e possamos prover todas as nossas necessidades, através do esforço pessoal no trabalho, no convívio fraterno com todos, sentindo, pensando e fazendo, sempre somente o Bem.

PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS ASSIM COMO PERDOAMOS OS NOSSOS DEVEDORES

Talvez seja esta frase a mais difícil de ser dita, pela dificuldade que temos em desculpar, em perdoar.

Há espíritas que substituem o tempo do verbo: “Perdoai as nossas dívidas quando perdoarmos os nossos devedores, num reconhecimento honesto da dificuldade em perdoar.

Pensamos, todavia que Jesus, sabendo da nossa inferioridade espiritual, colocou o verbo no presente, justamente, para que ao repeti-la, nos conscientizemos da importância e da necessidade do perdão.

Assim, as pessoas que já reconhecem os valores espirituais como os mais necessários, nesta fase em que vive a humanidade, a serem desenvolvidos em nós e por nós, não podem protelar mais esse esforço em consegui-los.

Com o verbo no presente, esta frase deve nos intimar ao perdão, visto que, ao dizê-la, estamos reafirmando o compromisso de reconhecer e aceitar a lei do perdão como indispensável a nossa evolução. Sentir-nos-emos, então estimulados a continuar esse esforço de perdoar setenta vezes sete vezes, como disse Jesus, almejando que, um dia, não sentiremos mais essa necessidade por não mais sentirmo-nos ofendidos.

Enquanto não alcançarmos esse ideal, continuemos a repetir a frase de Jesus, conscientes de que estamos reafirmando o compromisso do esforço.

NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO. LIVRAI-NOS DO MAL

Reafirmamos a compreensão da nossa fraqueza no cumprimento das leis divinas e reconhecemos nossa inferioridade espiritual que nos leva a errarmos, a ceder às tentações.

Entendemos que somos tentados naquilo que temos ou somos, intimamente, razão pela qual acatamos os estímulos externos que nos impelem à valorização dos prazeres materiais acima dos espirituais, a colocarmos os nossos interesses acima dos interesses dos outros, levando-nos a infringir a lei do Amor.

Nesta frase, reconhecemos nossa fragilidade, nosso orgulho, nosso egoísmo. E pedimos, então o fortalecimento da nossa vontade em resistir ao que nos atrai, que possa trazer a nós e a outrem, dificuldade, dor, sofrimento.

Estamos pedindo energias amorosas para que possamos resistir ao mal que existe dentro de nós, criado e desenvolvido por nós, no decorrer do nosso processo evolutivo e do qual queremos nos libertar.

Pedimos ajuda espiritual porque sabemos que essa libertação só virá através do nosso esforço em resistirmos as nossas tentações, desenvolvendo o Bem que existe em nossa essência íntima do ser espiritual.

Assim, quando dizemos: “Não nos deixeis cair em tentações. Livrai-nos do mal”, mais uma vez não estamos pedindo milagre, que não existe, mas auxílio em nossa luta interior, solitária, de eliminarmos o mal com o desenvolvimento do bem em nós e ao redor de nós.

ASSIM SEJA

Que tudo isso que almejamos, ideal a ser conquistado nos ensinos e exemplos de Jesus, possa estar sendo trabalhado dentro de nós, com o concurso do que temos hoje, inteligência e moralidade que conseguimos desenvolver e com o auxílio de Deus, através dos seus filhos, já evoluídos e que são seus mensageiros e colaboradores.

Que as bênçãos de Deus possam ser sentidas e percebidas por cada um de nós, a fim de que sejamos, continuamente, estimulados para o Bem.

Bibliografia:

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. XXVIII – Preces Gerais

(Jornal Verdade e Luz Nº 184 de Maio de 2001)