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Parábola dos Primeiros Lugares

Parábola dos Primeiros Lugares

Tendo Jesus entrado em casa de um dos principais fariseus a fim de ali tomar
sua refeição, ao notar como os convidados escolhiam os primeiros assentos à mesa,
propôs-lhes uma parábola, dizendo: “Quando fores por alguém convidado para um casamento,
não te sentes no primeiro lugar, para não suceder que seja por ele convidada uma
pessoa mais considerada do que tu e, vindo o que convidara a ti e a ele, te diga:
dá o lugar a este; e então, vás envergonhado ocupar o último lugar. Em vez disso,
quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te
convidou, te diga: amigo, senta-te mais para cima; então isto será para ti uma honra
diante de todos os demais convivas. Pois todo o que se exalta, será humilhado; e
todo o que se humilha, será exaltado” (Lucas, 14:7-11).

Com tal parábola, Jesus aconselha que cultivemos a humildade e o desprendimento,
virtudes que, reiteradas vezes, apresentou como características essenciais do verdadeiro
cristão.

Adquiri-las, entretanto, não é nada fácil, pois requer o sacrifício de nosso
personalismo e os terrícolas, salvo raras exceções, estamos vivendo ainda uma fase
da Evolução em que predomina o “egoísmo”, ou seja, o amor exagerado a nós próprios,
cada qual procurando garantir sua felicidade, sem preocupar-se com os outros, havendo
alguns, mais atrasados, que pensam obtê-la conduzindo-se abertamente contra os outros.

A felicidade real e duradoura, todavia, só será conhecida pelos homens à medida
que se libertem de seus pensamentos e desejos egoístas; quando vivam, não apenas
para si mesmos, mas para o bem de todos, transformando-se em instrumentos conscientes
das forças superiores que trabalham pela redenção da Humanidade.

“Sabeis – dissera o Mestre de outra feita – que os príncipes das gentes dominam
os seus vassalos e que os maiores, exercitam o seu poder sobre eles. Não será assim
entre e vós outros ; pelo contrário, o que quiser ser o maior entre vos, esse seja
o que vos sirva, e o que quiser ser o primeiro, esse seja o vosso servo, assim como
o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate de muitos” (Mateus, 20:25-28).

Espiritualmente falando, não há, pois, para os discípulos do Cristo, outro privilégio
senão o de servir, e servir por amor, com dedicação e altruísmo, pois o que se faça
por interesse pessoal ou por vanglória não produz nenhum resultado superior.

Servir, no sentido cristão é esquecer de si mesmo e devotar-se amorosamente ao
auxílio do próximo, sem objetivar qualquer recompensa, nem mesmo o simples reconhecimento
daqueles a quem se haja beneficiado.

O Espiritismo nos mostra, através das vidas sucessivas, outra aplicação dessa
parábola. Os que, em uma encarnação, ocupem as mais altas posições na sociedade,
mas se deixam dominar pela ambição, pelo orgulho e pela vaidade, colocando-se arrogantemente
acima dos outros, poderão descer, na encarnação seguinte, às mais ínfimas condições.
Por outro lado, os que suportem com paciência e resignação o infortúnio de uma existência
de pobreza e de humilhações, receberão, a seu tempo, a devida recompensa .

Não disputemos, pois, os lugares de destaque, nem aspiremos a ser dos primeiros
entre os que rendem culto às fatuidades mundanas, nem nos afadiguemos na conquista
da fortuna, para forçar o acatamento e as honras do conglomerado social a que pertencemos.
Seja a nossa luta no sentido de eliminar as diferenças abismais que separam, uns
dos outros, os filhos de Deus; seja o nosso ideal formar ao lado daqueles que dão
o melhor de suas energias e capacidades para melhorar os homens e aperfeiçoar-lhe
as intuições; e seja o nosso maior empenho aproveitarmos as muitas oportunidades
que se nos apresentam, diariamente, de sermos úteis e prestativos aos nossos semelhantes.

Sobretudo, guardemo-nos de fazer alarde de nossos méritos pessoais, consideremo-nos
sempre servos inúteis, atribuindo a Deus as boas coisas que possamos realizar, porquanto,
“todo o que se exalta, será humilhado; e todo o que se humilha, será exaltado”.