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Passagem de Léon Denis por Bayonville e Morcenx

Passagem de Léon Denis por Bayonville e Morcenx

A infância de Léon Denis foi marcada por constantes mudanças de moradia
devido à inconstância profissional de seu pai, Joseph Denis, conforme nos relata
Gaston Luce, biógrafo do famoso escritor. O sr. Denis era pedreiro assim como o
pai Françoise, nascido em 1776, e o irmão Louis Denis.

Joseph Denis, de bela aparência, contraiu matrimônio com Anne Lucie Liouville,
de origem camponesa, em Foug, a 3 de abril de 1845.

Em Foug, pequena localidade de Toul, atravessada pela ferrovia
Paris-Strasburgo, Léon Denis foi introduzido no amor-natureza aos 7 anos por seu
avô Françoise, que o levava a longas caminhadas nos bosques, não raras vezes
caçando com armadilhas.

Com nove anos de idade, Léon deixa a cidade natal para estabelecer-se com os
pais em Bayonville, onde uma empreitada na Catedral local proporciona a Joseph
Denis mais um período empregado.

O próximo destino da família é a cidade de Estrasburgo, na qual o pai de Léon
Denis emprega-se na Casa da Moeda. Esta cidade foi particularmente importante
para o futuro Apóstolo do Espiritismo, como foi cognominado por Gaston Luce,
porque ali entrou para a escola particular do sr. Haas para realizar seus
primeiros estudos, após a mãe ter lhe ensinado os rudimentos escolares. Sua
carreira estudantil começou marcada nessa escola pela disputa preconceituosa
entre alemães e franceses que se ofendiam mutuamente utilizando as expressões
pejorativas Welche (alemães para os estrangeiros) e swaab (franceses para os
alemães).

Este período feliz para o jovem Denis foi, no entanto, curto. O salário do
pai era insuficiente e ele teve que deixar a escola para ajudar na renda
familiar polindo moedas na Casa da Moeda de Bordeaux. Era um trabalho que
judiava das mãos do menino, que por vezes ficavam tintas de sangue, no esforço
que empregava para descolar as lâminas de cobre.

MUDANÇA PARA MORCENX

Encontrarás mais nos bosques que nos livros; as árvores e
as pedras ensinar-te-ão coisas que nenhum homem poderá dizer-te

Bernardo de Claraval

Em março de 1857, terminado o trabalho de fundição das moedas em Bordeaux,
Joseph Denis conseguiu um emprego melhor na Companhia das Estradas de Ferro do
Sul. Após curto estágio como carteiro na Estação daquela cidade, foi nomeado
Chefe da Estação de Morcenx, em Landes, o que abria a perspectiva de uma vida
mais estável para a família.

O movimento da estrada de Bayonne se restringia a alguns trens apenas por
dia, e apesar de não dispensar uma ajuda ao pai em seu ofício, Léon Denis
retomou os seus estudos que já estavam bastante atrasados.

A chama do gênio, então, começa-se a acender. Um culto professor, discípulo
de Jean Jacques Russeau, abre-lhe novos horizontes e seu talento e cultura
espiritual principia a desabrochar, tornando-se os livros meros lapidadores de
um Espírito, que já carregava dentro de si os dotes de missionário que sua longa
existência terrena só viria a confirmar.

Tendo por observadora e observada a Floresta de Landes, as longas caminhadas
com o professor em meio à natureza aprimorava-lhe o amor a ela e servia de
deleite a seu espírito de druida reencarnado, como mais tarde seria revelado por
seus mentores espirituais. Aquele cenário inebriante fazia vibrar os liames mais
sensíveis de sua memória extra-cerebral e produzia em Léon Denis marcas de
tempos felizes em meio aos pinheiros aromáticos que seu coração jamais
esqueceria.

Infelizmente não durou muito a estabilidade da família e a peregrinação
reiniciou-se com a transferência do sr. Joseph Denis para a estação de Moux, na
direção de Narbonne, Léon Denis guardou as lembranças mais queridas da sua
infância…

(Publicado no Boletim GEAE Número 462 de 2 de setembro de 2003 )