Perante a Criança Excepcional
Existem determinados embaraços nos quais encontramos o Espírito encarnado
envolvido na fase infantil de sua existência no corpo físico. A deficiência
física e/ou mental é uma experiência difícil para filhos e pais na convivência
doméstica.
Apesar de, comumente, denominarmos excepcional aquelas portadoras de
anormalidade de ordem mental, na verdade, pelo uso amplo e normal do termo,
denominamos excepcional a criança que apresenta características físicas ou
mentais afastadas da norma geral (exceção). Trataremos assim das crianças
portadoras de deficiência física/mental.
Quando analisamos sob ótica espiritual, desaprovamos a idéia materialista de
crianças marcadas pelo azar ou pelo capricho do destino como se fossem
inferiores às outras. Indagados por Kardec sobre essa possível natureza
inferior, os Espíritos responderam que não, às vezes tratando-se de espíritos
mais inteligentes que a maioria dos homens, mas que “sofrem da insuficiência dos
meios de que dispõem para se comunicar” (O Livro dos Espíritos).
Justiça?
Um dos maiores axiomas espíritas é aquele de que todo efeito tem uma causa.
Logo, deduzimos que há uma causa para que esses espíritos vivam tal experiência,
causa justa, levando-se em consideração a infinita bondade e justiça de Deus.
Todos os obstáculos que não resultem de ações na atual vida procedem de nossas
atitudes nas reencarnações passadas. Analisarmos essa realidade é aprender a
compreender e aceitar a justiça de Deus, já que os problemas são oportunidades
que recebemos para vencer nossas imperfeições e purificar-nos espiritualmente.
Kardec, no Cap. V de ” O Evangelho Segundo o Espiritismo” , convida-nos:
“Rendamos graças a Deus, que, em sua bondade, faculta ao homem reparar seus
erros e não o condena irrevogavelmente por uma primeira falta”.
A criança excepcional
A Providência Divina permite que determinados Espíritos reencarnem nessa
condição, para que aprendam uma grande lição através do constrangimento a que
estão sujeitos, totalmente impossibilitados de se manifestarem normalmente.
Os amigos espirituais nos alertam que a imensa maioria dos casos de crianças
portadoras de deficiência física/mental se inicia naqueles que se voltam contra
si mesmos, buscando na porta ilusória do suicídio o fim de dificuldades que só
se vencem através da fé, da perseverança e da boa vontade. O remorso, aliado aos
prejuízos causados pelo ato infeliz, faz que o Espírito não disponha de
condições nem de méritos para retornar às lides terrenas em um corpo físico
isento de quaisquer lesões.
Chico Xavier, inspirado por Emmanuel, nos lembra que “os remanescentes do
suicídio acompanham a criatura que praticou a autodestruição para a vida do Mais
Além”. E com certeza carrega esses mesmos remanescentes para a nova vestimenta
física.
De acordo com a região atingida pelo ato suicida, o Espírito carregará
deficiências. Prejuízos no centro da fala provocam mudez; no centro da visão,
levam à cegueira; no pescoço/coluna vertebral, causam paraplegia; nas regiões
mais complexas do cérebro, acarretam a idiotia, e assim por diante. Emmanuel, na
obra “Jesus em Nós”, psicografia de Chico Xavier, confirma que “a criança
excepcional é o suicida reencarnado, reencarnado depois de um suicídio recente”.
Participação dos pais na dívida
Os pais, como em qualquer ambiente doméstico, trazem vínculos profundos com
esses filhos, carregando assim uma parte dos motivos que ocasionaram a queda
desses Espíritos, e, como tal, devem lutar e sofrer com eles. Ou são Espíritos
de grande capacidade de amar, que volvem à Terra para amparar criaturas em tão
difícil experiência.
“As vicissitudes da vida derivam de uma causa e,
pois que Deus é justo, justa há de ser esta causa”.
Allan Kardec
Percepção da criança excepcional
Mas não podemos pensar que essa existência seja perdida em termos de
aprendizado, já que o Espírito sofre por não poder se manifestar, mas mantém
todas as suas faculdades e gradativamente aprenderá a não utilizá-las mal.
Crianças excepcionais trazem, em grande parte, a lição de grandes intelectuais,
gênios que caíram no orgulho e no abuso, pois, como os Espíritos elucidaram a
Kardec, “a superioridade moral nem sempre guarda proporção com a superioridade
intelectual”. Inclusive esses Espíritos, quando fora do corpo, têm, de acordo
com o grau evolutivo de cada um, percepção da situação e da prova a que estão
jungidos. Chico Xavier elucida como se sentem e como são tratados: “sentem e
ouvem, registram e sabem de que modo são tratados; eles são profundamente
lúcidos na intimidade do próprio Ser”.
Rejeição dos pais
Infelizmente, existem pessoas que se julgam despreparadas para superar
determinados testes, passando a agir de maneira irresponsável, fugindo às
próprias obrigações para com os mecanismos da lei de causa e efeito.
(do jornal “Alavanca” fev/98)
(Jornal Mundo Espírita de Abril de 1998)