As pessoas más e a Justiça Divina
A Terra é um planeta de expiações e provas
e os espíritos que nela reencarnam são, em sua maioria, imperfeitos e, por isso,
sujeitos a cometer erros. Num tipo de planeta como esse, o mal predomina sobre o
bem.
Ao lado de pessoas de índole boa, há indivíduos de natureza perversa. Os bons,
freqüentemente, são mais doentes, sofrem mais e vivem menos. Os maus, com raras
exceções, gozam boa saúde, vivem mais tempo e parecem sofrer menos.
Esse contraste pode nos induzir a pensar que Deus exige mais dos bons e deixa
os maus agirem livremente, se examinarmos o problema como se o espírito só encarnasse
uma vez. Muitas pessoas ficam intrigadas com a não intervenção do Criador. E questionam:
por que Ele não detém os delinqüentes, sobretudo os que reincidem nos mesmos crimes?
Por que não retira deste mundo tais pessoas? Por que não impede tais atos?
A Doutrina Espírita nos fornece preciosos esclarecimentos sobre o assunto, fundamentados
na reencarnação, livre-arbítrio e lei de causa e efeito.
Cada existência é planejada, com antecedência, no Mundo Espiritual, antes da
reencarnação. A duração da existência, saúde, doenças mais sérias, riqueza, pobreza
fazem parte do planejamento. E todos os espíritos reencarnam com o objetivo de progredir,
de só fazer o bem e de resgatar as dívidas contraídas em outras existências. Ninguém
vem à Terra para fazer o mal.
Depois de reencarnados, os espíritos conservam o livre-arbítrio. Podem desviar-se
dos rumos traçados no Mundo Espiritual, abandonar os planos de trabalhar pelo próprio
aperfeiçoamento e desviar-se para o caminho do mal. Os espíritos mais imperfeitos
correm maior risco de cometer tais desvios, enquanto os que já conquistaram certas
qualidades costumam cumprir os planos traçados antes da reencarnação.
Deus não intervém. Deixa que suas leis se cumpram no momento oportuno. Ensina-nos
Allan Kardec: “A prosperidade do mau não é senão momentânea, e se ele não expia
hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre, está expiando o passado” (O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 6).
Fica claro, pois, que o próprio espírito, utilizando o livre arbítrio que Deus
concede a todos, traça a sua trajetória de deslizes e crimes hoje e grande sofrimentos
no futuro, ou de aprendizado, lutas e sofrimentos hoje e felicidade no futuro.
Revista Espírita Allan Kardec, nº 39.