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Por que devemos perdoar?

Eis a questão: por que devemos perdoar? E se acharmos que o ofensor não mereça o nosso perdão, devemos mesmo assim perdoá-lo? Ou não?

Vejamos, de início, algumas considerações úteis para as nossas reflexões:

1) o verbo “perdoar” tem a sua origem no latim (per: completo; donare: doar), sendo o seu significado prático “doar-se por completo”, isto é, doar a compreensão e os bons sentimentos, mostrando a face da benevolência e da pacificação, colocando-se no lugar do ofensor, tentando compreendê-lo e entregando a túnica e doando a capa do desprendimento;

2) o perdão é o mais alto grau da caridade, sendo o resultado do treinamento da benevolência para com todos e da indulgência para as imperfeições dos outros;

3) o perdão é medida preventiva de enfermidades, e não mais simplesmente uma questão religiosa;

4) o perdão é também uma ação pessoal, unilateral, não depende de terceiros, é uma liberdade de escolha, é assumir o controle sobre si mesmo.

Então, caro leitor, na atualidade o entendimento é de que devemos perdoar não mais por uma questão religiosa, mas por uma questão de saúde física, social, moral e espiritual, para que possamos despertar de dentro de nós a felicidade e promovermos uma melhor qualidade de vida.

Mas, se o ofensor não merecer o nosso perdão?

Não tem problema. Devemos perdoá-lo mesmo assim. Não talvez por que ele mereça, mas pelo motivo de que nós merecemos ser felizes.

Logo, os benefícios do perdão é, em primeiro lugar, para quem perdoa. O ofensor, talvez, nem se lembre mais da ofensa e do ofendido. Ele pode estar em outras vibrações.

Então, o que estamos esperando? Vamos perdoar, vamos ser felizes, ter saúde e melhor qualidade de vida, orar pelos que nos perseguem e nos caluniam, mostrando a outra face que é a face da pacificação.

 

É fácil perdoar? Claro que não.

 

Escrever e falar, com certeza é uma facilidade coroada de elegância poética.

 

Mas, na prática, é preciso treinar a cada instante, mesmo que seja aos pouquinhos, ao modo conta-gotas, até um dia esse treinamento se tornar o nosso modo de viver.

 

* * *

 

P.S.: Não nos esqueçamos da necessidade do autoperdão, do entender e compreender a si mesmo, do colocar-se no lugar de si mesmo, do reconhecimento das próprias fraquezas e da compreensão de que podemos nos levantar e seguir em frente, fazendo o melhor ao nosso alcance.

 

Yé Gonçalves

 

Referências:


KARDEC,  Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 83. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, Cap. XI, questão 886, pág. 407 e 408.

CAJAZEIRAS, Francisco. O valor terapêutico do perdão. 10. ed. Editora EME: Capivari-SP.