José Reis Chaves
Prezado Sr. Pe- José Cândido,
Parabéns pelo seu Programa de hoje (15-12-2001)(*). A presença do Pastor Márcio nele foi, sem dúvida, um grande gesto de boa vontade da parte do Sr. em prol do ecumenismo. Isso foi bom para acalmar muitos evangélicos fundamentalistas ouvintes do Sr. Só está faltando agora o Sr. levar ao seu Programa um líder espírita, embora os espíritas não precisem de ser acalmados, pois usam a razão, já estando,por isso, sempre calmos.
O Sr. disse que os que forem salvos, qualquer que seja a sua religião, se-lo-ão, não pelos seus próprios méritos, mas porque Jesus os resgatou. Porém o Sr. acrescentou que os salvos são aqueles que forem sinceros naquilo que são.
Devemos respeitar muito o Sangue de Jesus derramado. Mas parece que há exageros sobre isso, pelo que lhe coloco a seguinte questão: Se é o fato de serem sinceros é que vai valer para muitos serem salvos – os não sinceros não o seriam -, não anula essa condição a importância do resgate de Jesus, que ficaria nulo para os não sinceros?
Além disso, o Maior Mestre disse; “A cada um será dado segundo suas obras”. E mais coisas semelhantes afirmou Ele; “Quem pela espada mata, pela espada morrera”:”Na mesma medida que medirdes, sereis medidos”; e “Ninguém deixará de pagar até o último centavo”, o que quer dizer que é o pecador é que tem que resgatar-se a si mesmo em toda a acepção da palavra, e do que se infere, com muita lógica, que, quando o pecador paga o último centavo, ele estará quite,não lhe restando nada mais a espiar, e, portanto, livre de qualquer outra pena das Leis Divinas, caso contrário, elas seriam imperfeitas e injustas.E a tudo isso corrobora São Paulo com a sua magistral afirmação: “Nós colheremos o que tivermos plantado”.
Pelo exposto, não é,pois, bem o resgate de Jesus que vai resolver a nossa situação, pelo menos do ponto de vista dos próprios ensinamentos Dele e da exposição que o Sr.fez, nesta data,embora o Sr. diga o contrário.
E é por causa dessas controvérsias, Pe- José Cândido, que o Cristianismo está em crise, todo dividido, desde que a Igreja começou a instituir os seus dogmas, há séculos, os quais estão ficando cada vez mais insustentáveis para os que se aprofundam no estudo racional da Mensagem de Amor que O Mestre dos Mestres trouxe para a Humanidade, Mensagem essa que é simples, sem nenhuma complicação de Teologia Dogmática que os teólogos criaram, e cujo conteúdo, muitas vezes, nem eles mesmos entendem.
Ou se fica com a Bíblia e os ensinamentos de Jesus, ou se fica com os Dogmas que complicam tudo,embora devamos ter respeito por eles e pelas pessoas que os aceitem. Mas as coisas se complicam mais porque, além de eles, freqüentemente, não terem fundamento bíblico, entram, por vezes, em choque com ela.E como,então, não haver hereges, e que hoje são muitos, embora poucos sejam os que têm coragem de dizer que estão em dificuldades para neles terem fé, não obstante, às vezes, façam um grande esforço para neles acreditarem?
Seguissem os cristãos o Sermão da Montanha, a essência dos Evangelhos, não só de Jesus, mas até de outros grandes enviados de Deus ao nosso Planeta, em orientação da prática do Amor,da Caridade, da Justiça e da Fraternidade, e o Cristianismo não seria essa nau sem rumo, como, infelizmente, vem sendo, há dois mil anos, e os cristãos já teriam chegado à sua esperada fase escatológica, de novos Céus e de nova Terra! Até quando vamos deixar de ser dogmatizados, para sermos cristianizados?
Rezemos para que todos nós cheguemos à verdade que liberta, pois enquanto estivermos em erros, somos escravos.
Com o meu respeito e o meu abraço fraterno.
(*)(O Programa Questões de Fé é apresentado todos os sábados, de 10:30 às 11:50, pelo Pe- José Cândido, Professor de Teologia da PUC-Minas, na Rádio América de BH, de propriedade da Arquidiocese de Belo Horizonte)
José Reis Chaves. (Belo Horizonte,MG), autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência”, “A Face Oculta das Religiões” e “Quando Chega a Verdade” ,Editora Martin Claret, São Paulo,SP.