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Algumas Considerações Oportunas Sobre a Relação Espiritismo-Ciência

Algumas Considerações Oportunas Sobre a Relação Espiritismo-Ciência

Em nenhum lugar dentro da bibliografia espírita, escrita por autores
abalizados e de peso, podem ser encontradas ou sequer deduzidas tais afirmações.
Muito ao contrário, das obras de Kardec tem-se claramente que o mundo espiritual
constitui um universo paralelo, totalmente independente do material, tanto que,
ainda que o mundo material perecesse, o espiritual continuaria existindo. Isso
porque matéria e espírito são dois princípios independentes no universo com uma
origem desconhecida. As questões 25, 26, 27, 84, 85 e 86 de O livro dos
Espíritos
, são suficientes para esclarecer quaisquer dúvidas. Vejamos, por
exemplo, a questão 86:

 

“O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que
isso alterasse a essência do mundo espírita?

Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre
ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.”

 

Por outro lado, o que a Física estabelece como certo com respeito à
antimatéira torna absurdas as afirmações propostas acima relacionadas ao mundo
espiritual. Conforme H. Alvén (1965), que foi ganhador do Prêmio Nobel em 1970,
em “Propriedades da Antimatéria”:

“A teoria de Dirac do elétron e a descoberta do pósitron criou a crença
de que toda partícula possui sua correspondente antipartícula. Essa crença foi
confirmada pela descoberta do antipróton. Todas as outras partículas parecem
Ter também antipartículas. Disso se conclui que os “antiátomos” devem existir,
e são semelhantes aos átomos ordinários, com núcleos formados de antiprótons e
nêutrons envoltos por pósitrons. Tais antiátomos devem Ter as mesmas
propriedades dos átomos ordinários. Eles devem formar compostos químicos
similares aos compostos químicos ordinários, que emitem linhas espectrais a
exatamente os mesmos comprimentos de onde dos átomos ordinários.” (Grifo
nosso.)

Assim sendo, as propriedades da antimatéria são as mesmas da matéria
ordinária, ou, em outros termos, antimatéria é o nome dado a um tipo especial da
matéria! Por outro lado, a existência da antimatéria foi confirmada
experimentalmente 10, assim como a impossibilidade de coexistência
simultânea de matéria e antimatéria. Essa é, também, a causa da inexistência
natural de antimatéria em nosso mundo. Está claro, entretanto, que de nenhum
lugar, nem do atual conhecimento da Física, nem da Doutrina Espírita,
semelhantes afirmações podem ser inferidas.

3 – A Não Necessidade e os Perigos:

Do que foi exposto, é bastante óbvio que as tentativas de inserção do
Espiritismo no contexto das modernas teorias científicas, bem como sua
justificação diante da academia estabelecida, o que visa um tanto à sua
valorização, são totalmente desnecessárias. De fato, elas são desnecessárias
porque, tendo como objetivo de estudo algo que não se identifica como sendo a
matéria ordinária, o Espiritismo consegue suficiente independência com relação
às demais doutrinas científicas que estudam a matéria, para caracterizar-se como
um ramo independente de conhecimento. Não só por isso, pelo caráter harmônico
com que os princípios espíritas interagem entre si, fruto de sua boa
fundamentação, pela maneira com que estão estabelecidos tais princípios e por
suas bases experimentais, pode-se considerar a Doutrina Espírita como uma teoria
genuinamente científica no sentido epistemológico moderno. Essa doutrina tem
como objetivo o estudo do elemento espiritual, e não se confunde de nenhuma
maneira com as demais ciências, embora guarde alguma relação com elas.
Lembramos, também, que Allan Kardec jamais se atreveu a tentar interpretar os
novos conceitos que descobriu de acordo com os conhecimentos científicos de sua
época. Se o tivesse feito, não sabemos quais teriam sido as conseqüências,
desastrosas com certeza, ao posterior desenvolvimento e expansão da Doutrina
Espírita.

Os prejuízos de uma campanha indiscriminada que visa a ressaltar ou inferir
precipitadamente semelhante relação podem ser facilmente previstos. Tais
prejuízos podem não ser grandes para aqueles que já possuem um conhecimento
considerável do corpo doutrinário espírita, mas o que dizer dos iniciante?
Quantas confusões totalmente desnecessárias podem ser evitadas nas mente dos
principiantes em Espiritismo se certas afirmações simplesmente não forem feitas?
Acreditamos não serem poucas.

O verdadeiro trabalho espírita está no aprimoramento do espírito humano em
sua bagagem moral, na sublimação dos instintos humanos, vertendo-os em valores
divinos, em suma, no progresso moral do mundo. Para isso, sim, o estudo acurado
e cauteloso é imprescindível. Também por isso, experimentações científicas
detalhadas no campo espírita só podem ser feitas com a expressa colaboração do
Plano Espiritual superior que, para isso, exige uma definitiva demonstração
desses valores divinos em nós. (Ver No Mundo Maior, de André Luiz, p.
31.)

Referências:

  1. Chibeni, S. S. “A excelência metodológica do Espiritismo”, Reformador,
    novembro de 1988, pp. 328-333, e dezembro de 1988, pp. 373-378.
  2. Chibeni, S. S. “O paradigma espírita”, Reformador, junho de 1994,
    pp. 176-80.
  3. Phillips, S. M. Extra-Sensory perception of Quarks, Wheaton,
    Illinois, Theosophical Publishing House, 1980.
  4. Kardec, A. O que é o Espiritismo, 36a ed., FEB.
  5. ——. O livro dos Espíritos, 75a ed. FEB.
  6. Chagas, A. P. “A Ciência confirma o Espiritismo?” Reformador, jul.
    1995.
  7. Chalmers, A. F. What is this thing called science? St. Lucia,
    University of Queensland Press, 1976.
  8. “Matéria e antimatéria”, Reformador, abr. 1994.
  9. Alvén, H. “Antimatter and the Development of the Metagalaxy”, Rev.
    Modern Phys.
    , vol. 37, p. 652, 1965.
  10. André Luiz, No Mundo Maior (psic. F. C. Xavier), 19a
    ed., FEB.

(Artigo publicado em Reformador de agosto de 1995, pp. 244-46.
Digitado por Cristina em 5/98)
Ademir L. Xavier Jr.

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