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A Religião e os 500 Anos do Brasil

Os antecedentes religiosos e espirituais desde os momentos prévios à descoberta
do Brasil até nossos dias são analisados em função do papel a ser cumprido pelos
espíritas, como cidadãos diferenciados, no país do Cruzeiro do Sul.

Torna-se muito curiosa a história de Portugal nos séculos que antecederam as
grandes navegações e a descoberta do Brasil. Em obra lançada1 no ano
passado, focalizamos a evolução da Ordem dos Cavaleiros Templários, que se tornou
muito forte na França, Portugal, Espanha, Inglaterra e Alemanha. Estes cavaleiros
atuaram decisivamente nas cruzadas e nos combates contra os mouros na Espanha e
em Portugal, sendo responsáveis pela consolidação dos territórios de Portugal.

Em conseqüência das perseguições e das determinações de extinção, os remanescentes
dessa Ordem foram transformados em Ordem de Cristo em Portugal, numa ação arguta
e sábia do rei d. Diniz. Vale o registro curioso de que o rei luso era casado com
Isabel, a chamada “rainha santa”, exemplo de atuação caritativa e protagonista de
fenômenos mediúnicos, como o caso do aparecimento das rosas, num atendimento aos
pobres no castelo de Leiria.

A Ordem de Cristo atingiu seu auge no período em que o Infante D. Henrique era
o Governador da Ordem. Entre Lagos e Tomar, o príncipe garantiu à sua Ordem a supremacia
política em matéria de descobrimentos dos mares. A Ordem passou a controlar a tecnologia
das navegações e o conhecimento das rotas marítimas. Entre os muitos cavaleiros
iniciados na Ordem destacam-se grandes navegadores e descobridores como Gil Eanes,
Vasco da Gama e Duarte Pacheco Pereira. Os dois últimos rastrearam a existência
das terras a oeste da África.

O rei d. Manuel I, cumulativamente governador da Ordem de Cristo, escolheu o
também cavaleiro da Ordem Pedro Álvares Cabral para comandar a esquadra que iria
à Índias e deveria constatar a existência de novas terras à oeste. Ao desembarcar
nas terras iluminadas pelo Cruzeiro do Sul, Cabral fixou, por ocasião da primeira
missa, a “bandeira de Cristo” que recebera das mãos do rei luso. Mas, o verdadeiro
processo de colonização das terras de Santa Cruz, se inicia em 1532, com a fundação
de São Vicente pelo donatário Martim Afonso de Souza, outro cavaleiro da Ordem de
Cristo. Poucos anos depois, d. João III passou o controle religioso das novas terras
para os jesuítas.

Hoje entendemos que, sem dúvida, ocorreram enganos e exageros nas atuações religiosas,
mas os fatos históricos devem ser analisados dentro dos contextos das épocas.

Em função da miscigenação de raças o Brasil conta com um sincretismo religioso
muito rico, com marcante presença de vários cultos mediúnicos oriundos dos indígenas
e dos africanos. E é considerado o maior país católico e também espírita do mundo.

Segundo o autor espiritual Irmão X, o notável Infante seria a entidade espiritual
Helil que aparece nos diálogos sobre as terras do Cruzeiro Sul na obra Brasil,
coração do mundo, pátria do Evangelho
4. Emmanuel3, destaca
no tema da “missão da América”: “… o seu coração nas extensões da terra farta
e acolhedora onde floresce o Brasil, na América do Sul. – … detém as primícias
dos poderes espirituais, destinadas à civilização planetária do futuro”.

Ao lado das informações pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, é válida
a analogia com o pensamento do antropólogo Darcy Ribeiro, considerando que a nação
brasileira é “mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e
todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra”

e acrescenta: “Estamos abertos é para o futuro” 2.

 

Os estudos bibliográficos, viagens a Portugal e observações espíritas, tornam
clara a relação entre fatos simbólicos e espirituais na descoberta e na evolução
do Brasil. Porém qualquer papel de destaque no concerto das nações não será alcançado
com a repetição de frases e chavões de efeito ou a postura mágica-salvacionista.
Aí está o alerta para dirigentes e expositores espíritas. O pretendido grande destino
deverá ser conquistado. Os esforços de cidadania, inclusive com a participação dos
espíritas – iluminados por esclarecimentos espirituais e que não podem permanecer
afeitos a ações exclusivamente internas ao movimento -, têm um papel a cumprir como
cidadãos diferenciados, atuando decisivamente como obreiros para a construção de
uma nova ordem social.

Referências bibliográficas:


  1. Perri de Carvalho, A.C. Além da descoberta. Brasil, 500 anos. Capivari:
    Ed. Eldorado/EME, 1999.
  2. Ribeiro, D. O povo brasileiro. A formação e o sentido do Brasil.
    São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
  3. Xavier, F.C./Emmnuel. A caminho da luz. 5a. Ed. Rio de
    Janeiro: FEB, 1961.
  4. Xavier, F.C./Irmão X. Brasil, coração do mundo, Pátria do Evangelho.
    10a. Ed. Rio de Janeiro, FEB.

(Dirigente Espírita Nº 58 – Março/Abril de 2000)

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