O nosso planeta é habitado por vários tipos de criaturas, e entre elas os
seres humanos. Plantas e animais apenas vivem. Agem e reagem sobre o
meio-ambiente, guiados apenas pelos instintos. Mas o homem existe e pode
modificar a sua existência, atuar em seu meio, modificando-o. À medida que o
homem evolui ele não apenas existe, mas transcende à própria existência
A complexidade das estruturas psíquicas do homem, faz com que ele reaja
positiva ou negativamente diante dos estímulos externos, mediante o seu
livre-arbítrio.
Dessas reações, decorrem as demonstrações de força ou fraqueza, coragem ou
covardia, fé ou descrença, amor ou ódio, altruísmo ou egoísmo, humildade ou
orgulho.
Um dos hábitos enraizados, profundamente, nos homens é o de rotular coisas,
situações e pessoas. Rotula-se pessoas com dificuldades de raciocínio, de
retardadas. Rotula-se os deficientes físicos de incapacitados. Rotula-se ricos,
pobres, bonitos, feios, bêbados, homossexuais, prostitutas, negros, heróis,
bandidos e tantos rótulos que se torna impossível enumerá-los.
É ruim rotular, porque esquecemos que por traz dos rótulos existem pessoas
que amam, odeiam, choram, riem, possuem toda uma gama de sentimentos e
qualidades próprias dos seres humanos.
Transpondo essa mesma situação para o movimento espírita, vemos que não
estamos livres do impulso de rotular. Idéias divergentes são rotuladas de
“movimentos paralelos” (infelizmente linhas paralelas não se encontram nunca).
Os que se dedicam ao estudo da ciência espírita, são classificados como
científicos. Religiosos, são os que aceitam o espiritismo como religião. Os que
preferem tê-lo como filosofia não religiosa, são denominados “laicos”.
Rotulamos de obsessores os espíritos que atuam maleficamente sobre as
pessoas. Obsedados são os que sofrem esse assédio. Por traz do rótulo de
obsessor identificamos o espírito maldoso, vingativo, esquecidos de que ele pode
ter razões ponderáveis, para agir desta maneira, e ainda não é capaz de perdoar.
Ele pode odiar alguém e obsidiá-lo, mas pode ser que ame muitos outros. O
obsedado, quando não é rotulado de pobre vítima, é classificado como caráter
frágil, ou espírito endividado.
Não estamos justificando a existência de obsedados e obsessores, nem estamos
iludidos a ponto de julgar que não existam espíritos maus, porém lembrando a
todos que o rótulo serve para classificar certas coisas, mas nem sempre refletem
toda a realidade.
Felizmente o Espiritismo está acima de rótulos e tendências, teorias ou
práticas, pois ele é a própria vida. É o amor que se faz presente, se
materializa entre nós para nos iluminar.
Lembremo-nos que o rótulo é frio, estático, inclemente. Por isso temos que
lutar contra a nossa tendência de tudo rotular, colocando mais amor e
compreensão em nossos julgamentos. O mesmo amor e compreensão que desejamos para
nós mesmos.