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Sem Viseiras – Estudo da Bíblia

José Reis Chaves

A função precípua do Estado é zelar pelo bem-estar dos seus cidadãos, procurando dar-lhes o máximo de garantias para que tenham uma vida confortável, feliz e saudável, dispensando-se, obviamente, os excessos paternalistas.

A religião sempre foi e é um fator preponderante na vida dos indivíduos de todo o mundo. E, no Brasil, então, um país que empunha o estandarte de ser a maior nação católica do mundo, além do seu grande número de protestantes, evangélicos e espíritas, o estudo do seu livro sagrado, a Bíblia, faz parte do rol das coisas prioritárias de sua gente.

Assim, o estudo do Livro dos Livros nas escolas públicas seria uma medida que, inegavelmente, contaria com elevados índices de popularidade, já que ela lisonjearia em muito o sentimento de religiosidade de todas as classes sociais, além de contribuir para com a sua melhor compreensão.

Porém, há que se considerar que um estudo aleatório e fortuito da Bíblia pode ser prejudicial para as pessoas. Talvez até tenha uma certa razão a Igreja, quando proibiu as massas de lerem-na, colocando-a no Index Librorum Prohibitorum. Haja vista a grande quantidade existente, hoje, de Igrejas Evangélicas, cujo número cresce, a cada dia, o que significa que estão também cada vez mais divididas.

Com efeito, nosso Maior Mestre sonhava muito com um mundo de paz, principalmente a paz plena, aquela que Ele disse que somente Ele no-la poderia dar. E, no entanto, justamente a Bíblia muito tem servido, às vezes, para nos dividir. E tudo isso, porque nós erramos muito na interpretação dela, com uns apegando-se demais às suas conclusões literais, e outros, às metafóricas, cometendo o maior mal de todas as religiões, ou seja, o exagero. São Paulo disse: A letra mata, e podemos dizer que o abuso da interpretação metafórica também mata.

Destarte, cuidados são necessários. A Igreja Católica foi a campeã de muitos desses erros, a qual, no entanto, não devemos condenar por essas coisas, pois a causa principal disso se deve à mentalidade atrasada dos tempos passados. E ela que sabe das coisas, numa atitude louvável, está até pedindo perdão por isso. Todavia, convém que se lembre aqui que muitos desses erros dela se devem a alguns de seus Dogmas, os quais foram instituídos por teólogos, também do passado, o que, no futuro, poderá levá-la a ter que pedir perdão, novamente, pois ela ainda tem erros em pendência, e a verdade, um dia, acaba chegando.

Contanto que não se estude a Bíblia, cegamente, e com viseiras, mas sim, de modo racional e inteligente, é sempre plausível qualquer oportunidade que se nos apresente para estudarmo-la. .

E não seria o estudo dela também nas escolas públicas – as particulares são mais dadas ao sectarismo -, mais um ensejo para uma análise sua isenta de proselitismo e fanatismo?

E-mail: escritorchaves@ig. com. br, autor do livro, entre outros, “A Face Oculta das Religiões”, Ed. Martin Claret.