No seu livro A Gênese, de Kardec, adulterado,
não existem estes textos. Então aproveite…
Capítulo XVIII – item 20
Nesse grande movimento regenerador, o Espiritismo tem um papel considerável, não o Espiritismo ridículo, inventado por uma crítica zombeteira, mas o Espiritismo filosófico, tal como o compreende qualquer um que se dê ao trabalho de procurar a amêndoa sob sua casca.
Pelas provas que fornece das verdades fundamentais, ele preenche o vazio que a incredulidade criou nas ideias e nas crenças; pela certeza que dá de um futuro conforme a justiça de Deus e que a razão, a mais severa, pode admitir, ameniza as amarguras da vida e previne os funestos efeitos do desespero.
Fazendo conhecer novas leis da natureza, ele dá a chave de fenômenos incompreendidos e de problemas insolúveis até nossos dias, e destrói a incredulidade e a superstição. Para ele, não há nem sobrenatural nem maravilhoso, tudo acontece no mundo, em virtude de leis imutáveis.
Longe de substituir um exclusivismo por outro, o Espiritismo coloca-se como campeão absoluto da liberdade de consciência; combate o fanatismo sob todas as formas, e o corta pela raiz, anunciando a salvação para todos os homens de bem, assim como a possibilidade, para os mais imperfeitos, de chegar, por seus esforços, pela expiação e reparação, à perfeição, que leva à suprema felicidade. Em lugar de desencorajar o fraco, encoraja-o mostrando-lhe a porta que ele pode abrir.
Nunca diz: Fora do Espiritismo não há salvação, mas, com o Cristo: Fora da caridade não há salvação; princípio de tolerância que unirá os homens em um sentimento comum de fraternidade, em vez de separá-los em seitas inimigas.
Por este outro princípio: Não há fé inquebrantável senão a que pode olhar a razão face a face, em todos as épocas da humanidade, ele destrói o império da fé cega que aniquila a razão, a obediência passiva que embrutece; emancipa a inteligência do homem e ergue sua moral.
Consequente com ele próprio, não se impõe; diz o que é, o que quer, o que dá, e atende àquele que vier livremente, voluntariamente; quer ser aceito pela razão e não pela força. Respeita todas as crenças sinceras e só combate a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a hipocrisia, que são as chagas da sociedade e os obstáculos mais sérios ao progresso moral; mas ele não condena ninguém, nem mesmo seus inimigos, porque está convencido de que o caminho do bem está aberto aos mais imperfeitos, que cedo ou tarde, por ele entrarão.
Capítulo XVIII – item 24
Dizendo que a humanidade está madura para a regeneração, isto não significa que todos os indivíduos estejam no mesmo grau, mas muitos tem, por intuição, o germe das novas ideias que as circunstâncias farão eclodir; então, estes se mostrarão mais avançados do que se supunha, e seguirão com solicitude o impulso da maioria.
Entretanto, existem aqueles que são refratários por natureza, mesmo entre os mais inteligentes, e que certamente, não se reunirão jamais, pelo menos, nesta existência: uns, de boa fé, por convicção, outros por interesse. São aqueles cujos interesses materiais estão ligados ao estado atual das coisas, e que não estão bastante avançados para renunciar a eles, e aqueles a quem o bem geral preocupa menos que o seu próprio bem, e que não podem ver sem apreensão, o menor movimento reformador. A verdade é, para eles, uma questão secundária, ou melhor dizendo, a verdade para certas pessoas, está inteira naquilo que não lhes causa nenhum transtorno. Todas as ideias progressivas são, a seus olhos, ideias subversivas; é por isso que lhe devotam um ódio implacável e lhes fazem uma guerra encarniçada. Inteligentes o suficiente, para ver no Espiritismo um auxiliar das ideias progressistas e dos elementos de transformação que receiam, e porque não se sentem à sua altura, eles se esforçam por destruí-lo. Se o julgassem sem valor e sem importância, não se preocupariam com ele. Nós já dissemos: “Quanto mais uma ideia é grandiosa, mais encontra adversários, e pode-se medir sua importância pela violência dos ataques dos quais seja objeto”.
Cristina Sarraf