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Tomada de Contas

Tomada de Contas

Tendo como texto para reflexão a assertiva de Fénelon, constante de “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capítulo XVI, 13: “Sendo o homem o
depositário, o administrador dos bens que Deus lhe pôs nas mãos, contas severas
lhe serão pedidas do emprego que lhes haja ele dado, em virtude do seu
livre-arbítrio”, facilmente conclui-se da grande aplicabilidade da moderna
teoria administrativa dos três “E´s”: Economicidade, Eficiência e Efetividade,
para toda e qualquer promoção pretendida, também no meio espírita, ou seja, ela
tem que passar pelo crivo analítico do custo estimado, do rendimento qualitativo
esperado e do resultado efetivo a ser alcançado. Em outras palavras, é a relação
Custo x Benefício que tanto se ouve falar no dia-a-dia das organizações.

Em nome da excelência que o trabalho espírita nos convida, como depositários
dos bens que Deus nos pôs nas mãos, já não se deve mais promover reuniões no
meio espírita (mesmo as administrativas) sem que sua pauta esteja muito bem
elaborada, que o programa esteja muito bem organizado, que o conteúdo seja
substancioso e se auto-justifique, que os participantes tenham sido bem
escolhidos e apresentem-se bem preparados.

Em nome da economia (que não é composto somente por dinheiro, há outros bens
também importantes, como o tempo, por exemplo), da eficiência e da efetividade,
os recursos a serem dispendidos no movimento espírita devem ser muito bem
planejados, por um lado, porque assim manda a regra do bom administrador, por
outra, são escassos e devem atender ordem de prioridades, depois, tais recursos
não deixam de ser recursos públicos, advindos, basicamente, de doações de
terceiros, o que aumenta a responsabilidade para com a sua boa aplicação. Todo
desperdício é crime de lesa-sociedade.

Dentro dessa tônica, a título de exemplo, veja-se a importância de se saber
escolher a ocasião propícia para determinadas promoções (doutrinárias e
administrativas), tanto quanto a escolha do temário, do local, do expositor, e,
ainda, o dimensionamento do público pretendido, além da divulgação necessária e
bem dirigida a esse público-alvo. Tudo isso aliado ao equacionamento dos
recursos humanos e financeiros suficientes para sustentar o pretendido. A
propósito, bom lembrar que os fins não justificam os meios, e, por conseguinte,
a origem dos recursos financeiros deve ter a mesma licitude moral da proposta de
que se está tratando: a divulgação do Espiritismo.

A assertiva supracitada do Espírito Benfeitor, dirigida a cada um de todos
nós os espíritas, não deixa dúvidas quanto à responsabilidade pessoal e coletiva
que temos: contas severas lhe serão pedidas do emprego que lhes haja ele dado
dos bens que Deus lhe pôs nas mãos.

(Jornal Mundo Espírita de Janeiro de 2000)