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Trabalho e Repouso

Conta-se que um carteiro passando diante de uma casa, em uma cidade pequena,
viu o professor aguando seu jardim e disse-lhe:

— Trabalhando, professor?

— Não, estou descansando.

Mais tarde, ao retornar, viu o professor sentando no jardim, lendo um livro.

— Descansando, professor?

— Não, estou trabalhando.

Este exemplo nos mostra conceitos diferentes de trabalho e repouso, evidenciando,
todavia, a similitude de ambos.

Trabalho é toda e qualquer atividade física, material, intelectual e espiritual.
É uma necessidade individual, social, econômica e moral que leva o homem a desenvolver-se
e a desenvolver a sociedade em direção ao aperfeiçoamento.

Somos Espíritos imortais vivendo, provisoriamente, em corpos materiais.

O corpo se cansa das atividades e precisa de repouso. O Espírito está em contínua
atividade, não interrompida nem mesmo durante o sono, quando, então, goza de maior
liberdade, podendo ir aonde quiser e fazer o que quiser.

Como entender o repouso?

Segundo o dicionário, repouso é “ausência, cessação de trabalho, de movimento,
sossego, tranqüilidade, paz, descanso.”

Herculano Pires, no livro “Curso Dinâmico de Espiritismo”, cap. XVII, item 2,
escreveu: “(…) repouso é uma forma de diversificação do trabalho para recuperações
e reajustes nos organismos materiais e nas estruturas psicomentais do homem.”

Então, repouso não é ausência de trabalho, de movimento, nem sinônimo de sossego,
tranqüilidade, de paz e nem ociosidade, pois, mesmo no descanso, na falta de trabalho,
na preguiça, na vadiagem, o Espírito continua em atividade, pensando, elaborando
idéias, exercendo atividades espirituais, de acordo com seus ideais, sua maneira
de ser.

O repouso, entendido como mudança de atividade e não ociosidade, se constitui,
como o trabalho, num meio de elevação, de crescimento; além de renovar as energias
do corpo físico, oferece condições para o alimento do Espírito que sente, pensa
e age.

O repouso é ou deveria ser tão útil quanto o trabalho para que seus frutos resultem
em benefício do homem e da sociedade.

Assim, o repouso, como necessidade após o trabalho, deve constituir-se de atividades
agradáveis, prazerosas, e úteis, porque sendo uma lei natural, é também lei moral,
visto referir-se ao homem, à sua vivência, ao seu relacionamento com Deus, consigo
próprio e com seus semelhantes e com os outros seres da criação.

Somente assim entendido, ele concorre para o bem-estar do homem, para o seu desenvolvimento
intelectual e moral, direcionando-o para o bem, para o belo, para o prazer sadio,
para o útil, concorrendo também no organismo coletivo e funções sociais diversas.

Concluindo, na valorização do trabalho e do repouso como atividades úteis, o
homem encontra a verdadeira paz, a verdadeira tranqüilidade.

(Jornal Verdade e Luz Nº 165 Outubro de 1999)