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Transfiguração, Multiplicação dos Pães e “Ressurreições” Operadas por Jesus

Transfiguração, Multiplicação dos Pães e “Ressurreições” Operadas por Jesus

São, os três, estados patológicos ou anômalos. Geralmente a pessoa pode se
recuperar deles, em minutos ou dias, havendo as condições e ajuda adequadas.

Explicação espírita de tais estados

Havendo desligamento parcial do perispírito, o espírito deixa de tomar
contato, temporariamente, com determinada região do corpo ou no seu todo, porque
lhe falta o elemento de ligação com ele.

O desligamento perispiritual pode se dar por causas orgânicas ou espirituais
(inclusive por influência de outrem). Mas enquanto os laços fluídicos não se
desataram totalmente e o corpo ainda tem vitalidade, sem lesão irreversível nos
órgãos, será possível fazer a pessoa retomar ao normal:

  • restaurando as condições do funcionamento orgânico;
  • auxiliando fluidicamente (magnetismo humano ou espiritual) ;
  • estimulando o espírito à ação sobre o corpo;
  • afastando o espírito perturbador (se houver).

Mas, ao tempo de Jesus, se uma pessoa caísse em estado letárgico não haveria
no local um médico que a examinasse e soubesse reconhecer que ela estava viva.
(Quase não havia “doutores” na Palestina, naquela época, e muitos dos que assim
se consideravam eram rabinos e, às vezes, curandeiros ; conheciam-se poucos
remédios genuínos, se bem que se usassem várias ervas medicinais).

Por isso, as pessoas em estado letárgico acabavam sendo consideradas mortas.
E como o sepultamento de cadáveres era feito no próprio dia da morte (às vezes
de modo imediato: Atos 5, 1/11), podia não dar tempo de a pessoa se recuperar da
letargia.

Após estes esclarecimentos, leiamos e analisemos os 3 casos em que Jesus
“ressuscitou” pessoas, que foram:

  • o filho da viúva de Naim (Lc. 7 vs. l1/17);
  • a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum (Lc. 8 40/42 e 49/56) ;
  • Lázaro (Jo. l 1, 1/45).

Observações:

  1. No caso da filha de Jairo e de Lázaro, Jesus afirma textualmente que a
    pessoa não está morta mas dorme. Também ocorreria o mesmo quanto ao filho da
    viúva de Naim.
  2. Jesus orou antes de “ressuscitar” Lázaro; certamente o fez também nas
    outras vezes mas, ou não foi em voz alta, ou não ficou relatado.
  3. Os discípulos estavam sempre por perto; mas provavelmente se utilizava
    Jesus dos fluidos de Pedro, Tiago e João (médiuns de efeitos físicos), pois
    estes apóstolos foram os únicos que admitiu entrassem com ele para fazer a
    “ressurreição” da filha de Jairo.
  4. Jesus se encaminhou para o túmulo de Lázaro, que “era uma gruta, a cuja
    entrada tinham posto uma pedra”. Esclarece bem o evangelista João, pois o
    sepultamento, entre os judeus, não era feito sob a terra (como o fazemos
    atualmente) mas nas rochas, em cavernas naturais ou artificiais, fechando-se a
    entrada por meio de pedras, para proteger de eventual ataque de animais.
    Preferiam sepultar em lugares distanciados das habitações, fora dos muros da c
    idade.
    Portanto, apesar de sepultado logo após a sua “morte”, Lázaro não estava sob a
    terra mas numa gruta, com oxigenação suficiente para sobreviver ao estado
    letárgico em que caíra.
  5. “Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias”, disse Marta, irmã de
    Lázaro, quando Jesus mandou removessem a pedra da entrada do sepulcro. Era o
    que Marta pensava mas não a realidade, pois Lázaro não morrera, e seu corpo,
    em estado letárgico, não estava em decomposição.
  6. Nos três casos, Jesus falou diretamente à pessoa para que se levantasse.
    Em espírito, podiam ouvi-lo e agir sobre o corpo, após haverem recebido a
    ajuda fluídica de Jesus. No caso da menina, Lucas diz expressamente:
    “voltou-lhe o espírito” (quer dizer que estava afastado) e então “ela
    imediatamente se levantou”.

(Vide “O Livro dos Espíritos”, 2a parte, cap. VIII, pergs. 422/424 e “A
Gênese”, cap. XV, itens 37 a 40.) Por mais admirável que a “ressurreição” física
nos pareça, ela é de efeito temporário, pois um dia o “ressuscitado” terá de
desencarnar mesmo.

Que haverá “ressurreição” espiritual para todos nós, além da morte do corpo,
é verdade, pois continuaremos a viver em espírito. Porém, em que estado
despertaremos nesse além? Felizes ou infelizes, conforme nossos pensamentos,
sentimentos e ações.

Que mais nos importa, então? É a “ressurreição” moral, o despertamento nosso
em espírito, para sairmos da “morte espiritual” (erro, inércia, vício, usura,
etc.) na direção da vivência correta e plena de nossas potencialidades
espirituais.

Estudos espíritas do Evangelho – EME Editora