Em O livro dos Médiuns, cap. 23, Allan Kardec informa sobre um dos níveis de obsessão que é a fascinação. O indivíduo fascinado crê em absolutamente tudo que vem dos Espíritos, mesmo as ideias mais malucas. Uma das características do indivíduo fascinado é a perda do senso crítico. Não há mais análise do exposto pelos Espíritos e as teses mais estapafúrdias são aceitas sem pestanejar.
Pois bem, a fascinação pode, também, ocorrer de encarnado para encarnado.
Quando um encarnado solta suas idéias e uma grande parte das pessoas acredita, sem qualquer reflexão, eis a fascinação a produzir insensatos e indivíduos comprometidos com apenas uma cor: preto ou branco, pois para eles não existe o cinza, não existem combinações. São do tipo certo ou errado e ponto final.
Polarizam discussões e, claro, abrem mão do diálogo. Se alguém critica o candidato de seu partido, empunham suas armas e vão à luta.
Desmerecem quem não pensa igual, discriminam quem não reza em sua cartilha.
Os fascinados têm a razão dominada, são joguetes dos Espíritos ou dos homens.
Quando um amigo ou familiar de bom senso dá um toque, conclamando-os a olhar os absurdos que estão cometendo, tratam de desdenhar.
Os fascinados de nosso século são aqueles que defendem o erro, a corrupção, os absurdos cometidos contra a coletividade, os abusos de poder… Os fascinados são aqueles que abraçam bandeiras sem admitir erros e barbaridades cometidas por estas bandeiras.
Conforme assevera Kardec, os fascinados podem estar em toda classe social e serem de alta instrução e intelectualidade. Aqui na Terra inteligência não é passaporte que livra da fascinação.
Fico sempre a analisar nossas condutas e, pergunto-me:
Quem de nós não está fascinado?
Quem de nós tem bom senso para admitir seus erros e equívocos? Quem de nós está livre o suficiente para declarar: Admito, fui enganado!
São frases dolorosas e difíceis para uma humanidade que ainda se debate no orgulho. Imagine, admitir que foi enganado, passado para trás? Jamais, afinal, somos espertos e analisamos sempre tudo com muito rigor antes de apoiar este ou aquele candidato, este ou aquele partido, esta ou aquela instituição.
Será que ainda não nos demos conta de que é necessário nos tratarmos?
Será que ainda não percebemos que em nossa intransigência e maniqueísmo revela-se a fascinação?
Uma sociedade obsediada é uma sociedade enferma…
É preciso acordar, é necessário um banho de realidade e de reflexão para sairmos da situação de fascinados.
A propósito:
Quem de nós não está fascinado?
Quem de nós não perdeu o senso crítico?