Tamanho
do Texto

Umbral

Umbral

“O Espírito não retrograda, mas a forma perispiritual se degrada”
(André Luiz)

A palavra umbral prende-se ao étimo latino “umbra” – que significa “sombra” ou
“tudo o que faz sombra”.

Nosso Amigo André Luiz, no seu livro “Nosso Lar”, com a clareza que lhe é peculiar,
transimite-nos as suas impressões sobre estas zonas inferiores da espiritualidade.
Sim, meus amigos, André Luiz, apesar de toda sua cultura, apesar de ter sido um
Médico conceituadíssimo, infelizmente, por razões que ignoramos, não deixou de sofrer
algum tempo naquelas regiões sombrias. Assim, vislumbramos que não importa a nossa
cultura, que não importam os nossos belos discursos, pois, se tivermos caminhado
“tortuosamente” não estaremos livres das temíveis sombras do umbral. Para conseguirmos
um plano melhor, ao desencarnarmos, importam, sim, os nossos atos de bondade, a
nossa consciência tranqüila do dever cumprido, bem como, o nosso respeito para com
o nosso corpo somático.

Meus amigos, a barra umbralina que André Luiz enfrentou foi pesadíssima. Ele,
assim, o confessa:

“Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no
entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos”.

“Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos
eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me”.

“Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando
em quando, agravando-me o assombro. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia
banhada de luz alvacente”.

Nestes pequenos excertos que extraímos do capítulo I do livro “Nosso Lar”, 7.ª
ed. – FEB – podemos deduzir o seguinte: que o Perispírito se degrada mesmo, tomando
forma compatível com as esferas em que se encontra. Deduzimos, outrossim, que o
Perispírito é um “corpo psico-somático” ou semimaterial, conservando a estrutura
de sua última romagem física. Que o Perispírito dispõe de órgãos vitais. André Luiz
fala-nos, claramente, dos seus pulmões e do seu coração entranhados no seu corpo
espiritual.

Neste seu livro magnífico – “Nosso Lar” -, cuja leitura aconselhamos aos amigos
leitores, André Luiz, também, nos esclarece:

“de quando em quando, deparavam-se-me verduras que me pareciam agrestes, em torno
de humildes filetes d’água a que me atirava sequioso. Devorava as folhas desconhecidas,
colava os lábios à nascente turva, enquanto me permitiam as forças irresistíveis
a impelirem-me para a afrente. Muita vez, suguei a lama da estrada”.

“não raro, era imprescindível ocultar-me das enormes manadas de seres animalescos,
que passavam em bando, quais feras insaciáveis. Eram quadros de estarrecer”.

Pelo que acabamos de transcrever, tomamos ciência de que nossos amigos desencarnados,
não distanciados do estágio da vida anterior, ainda, sentem – “fome” e sentem “sede”.
Sim, meus amigos, os Espíritos se alimentam. Vale, neste ângulo, a velha assertiva
filosófica: “NATURA NON FACIT SALTUM”.

Meus amigos, André Luiz sofreu muito naquelas zonas inferiores da espiritualidade.
Cansado de tanto sofrer, com absoluta humildade, de joelhos, implorou a Misericórdia
Divina. Ele, assim, nos relata:

“é preciso haver sofrido muito, para entender as misteriosas belezas da oração;
é necessário haver conhecido o remorso, a humilhação, a extrema desventura, para
tomar com eficácia o sublime elixir da esperança”.

Foi nesse momento, de sublime súplica ao Criador, que André Luiz recebeu assistência
do seu Benfeitor Espiritual Clarêncio. Sim, Clarêncio e mais dois companheiros colocaram
André Luiz sobre um alvo lençol e o conduziram para a Cidade Espiritual “Nosso Lar”.
André Luiz foi internado em um hospital onde recebeu todos os tratamentos necessários.
Nesta Colônia Espiritual – “Nosso Lar” – André Luiz restabeleceu-se e lapidou-se
moralmente. Lá conseguiu evoluir e adquiriu a sua Renovação Íntima. Integrou-se
em “Nosso Lar” e passou a trabalhar no campo de sua especialidade. Tornou-se, pelos
seus esforços, um Espírito Iluminado. Pela Mediunidade Legítima do nosso Chico Xavier,
André Luiz vem nos mandando as suas belas mensagens. Sim, meus amigos, os Livros
de André Luiz, por certo, abrem-nos os mais amplos horizontes, mostrando-nos as
paisagens e as edificações que se erguem no mundo maior da quarta dimensão.

Hoje, no campo da nossa doutrina, todos os irmãos que tenham estudado a fenomenologia
mediúnica, jamais, poderão duvidar deste expressivo depoimento prestado, com tanta
honestidade de propósitos, pelo nosso querido André Luiz. Sim, meus amigos, o umbral
que Ele descreve e pelo qual passou, por certo, existe mesmo. Esse depoimento de
André Luiz toca o íntimo das nossas Almas. Assim sendo, Ele prestou esse depoimento
para nos ajudar, para nos alertar. Ao desencarnarmos, se não quisermos enfrentar
as trevas umbralinas, temos que nos preparar. Temos que cuidar desde logo, da
nossa REFORMA ÍNTIMA
. Temos que tomar como bússola os pontos cardeais do Evangelho.
Não devemos de nos esquecer da recomendação que nos faz André Luiz:

“Oh! amigos da Terra! quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com
o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar
a grande sombra. Buscai a Verdade, antes que a Verdade vos surpreenda. Suai agora,
para não chorar depois…”

(Jornal Verdade e Luz Nº 190 de Novembro de 2001)