Unidos Pelo Amor
No início deste milênio o cristianismo era representado pela igreja romana e
pela ortodoxa, ou oriental. O Protestantismo ou movimento da reforma surgiu
alguns séculos depois, e a contra reforma desencadeou uma das maiores tragédias
humanas.
O Espiritismo surgiria muito depois, já no século 19, mas ainda foi vítima da
Inquisição, sofrendo rude golpe com a incineração de 300 obras espíritas em
Barcelona. O dragão estava moribundo, mas na sua agonia convulsionava, e a sua
imensa cauda ainda fazia estragos.
De início a Doutrina Espírita levantou contra si dois poderosos inimigos, a
igreja e a ciência. A igreja não podia aceitar pacificamente que os seus dogmas
humanos fossem questionados e pulverizados. O que fazer com o inferno e o céu se
já não mais fossem necessários? Como aceitar que os seus sacerdotes não mais
detivessem as chaves que abrem e fecham as portas do céu e do inferno? Como não
mais respeitar no céu, as coisas que são unidas ou separadas na Terra pelos
sacerdotes? Como perdoar pecados se eles não mais existem.
A solução era somente uma: anátema ao Espiritismo. Todos terão que acreditar
que ele é diabólico. Entretanto o Espiritismo continuou a sua caminhada,
lamentando a marginalização.
Por sua vez a ciência acadêmica que tinha como matéria prima a matéria,
desenvolvia mecanismos de defesa contra o Espiritismo. Até então, sentiam-se
soberanos, pois as igrejas romana e a reformada, não ofereciam perigo, pois
teorizavam sobre a sobrevivência, sobre a alma. Era apenas ponto de fé, e isso
não se discute. Nunca nenhum legista ou anatomista conseguiu prender a alma na
ponta do seu escalpelo, ou visualizá-la nas lentes de um microscópio, portanto,
é fácil deduzir que ela não existe.
Na sua ânsia de provar que o Espiritismo era falso, desandaram a falar
asneiras, como a afirmativa de que, se fosse verdadeiro, todos os cientistas da
Academia seriam espíritas. Inventaram, também, um tal músculo rangedor para
explicar as batidas, os raps e até o som das cavalgadas, dos tiros de canhão, e
o acompanhamento das árias musicais, produzida pelos espíritos nas sessões.
Esqueceram-se eles, que os cientistas não estão livres do preconceito, e
classificaram os espíritas como espertalhões alguns e néscios, outros. Mas a
Doutrina Espírita continuou a sua caminhada, conduzida pelas mãos firmes de
Allan Kardec.
Comparado com os movimentos filosóficos e religiosos, somos ainda pequenos.
Mas o futuro nos espera. Vivemos ainda o 4º Período previsto por Allan Kardec, o
religioso, que será superado, porque o conceito de religião também tende a
mudar. Templos e igrejas, ermidas, mesquitas e centros espiritas, será o coração
dos homens. Haverá um único laço a nos unir, independente de cultos ou ritos,
será o amor.
Ainda temos dois períodos pela frente, para que o Espiritismo mostre toda a
sua pujança. O próximo será conseqüência do período religioso, e depois virá o
das realizações sociais.
Leon Denis afirmou que o Espiritismo será aquilo que dele os homens fizerem.
Vamos fazer do Espiritismo uma doutrina livre de igrejismos, misticismos,
salvacionismos, missionarismos e superstições. Uma doutrina lúcida, capaz de
iluminar o mundo, as consciências e os corações.